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Aeroporto de Brasília está na mira do tráfico mundial

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postado em 14/02/2009 08:05
O número de apreensões de cocaína no Aeroporto Internacional de Brasília cresceu 248%, comparando-se o primeiro com o segundo semestre de 2008. Dos 139kg da droga recolhidos ano passado, 77% ; cerca de 108kg ; pararam nas mão da Polícia Federal de julho a dezembro. A corporação, que admite a preocupação com o crescimento do tráfico no aeroporto, credita a performance ao reforço na fiscalização. Só nos últimos sete dias, a polícia realizou seis flagrantes no DF, dois no terminal aéreo. Segundo a PF, cada vez mais Brasília se consolida como alternativa para traficantes fugirem dos aeroportos mais visados, como os de São Paulo e Belém (PA). Cães farejadores e uma delegacia especializada devem reforçar o trabalho no terminal ainda este semestre. A cocaína é a droga mais traficada no aeroporto. Em 2007, a polícia apreendeu 43kg de maconha e 210kg do pó branco derivado da folha de coca. Ano passado foram 120kg da erva contra 139kg do entorpecente inalante. Em 2009, policiais federais já apreenderam 15kg de cocaína, metade do total apreendido nos primeiros seis meses de 2008. ;De julho para cá ampliamos o número de servidores de 40 para 75, o que também justifica o aumento no número de apreensões;, explicou o superintendente regional da PF no Distrito Federal, Disney Rosseti. Até julho, a corporação quer inaugurar uma delegacia fixa no terminal e contar com cães farejadores. Segundo Rosseti, boa parte da droga não fica na cidade. ;Brasília é rota para o tráfico doméstico e internacional. Desde que o aeroporto começou a operar voos para outros países (em 2007), aumentou nossa preocupação. Traficantes passaram a adotar o terminal para fugir de outros mais visados;, explicou. Informações da Infraero indicam que hoje há três opções diárias de viagens internacionais no JK: uma para Portugal e duas para a Argentina. Há previsão de um voo para Miami, nos EUA. As viagens para o território luso representam a principal rota do tráfico internacional que envolve Brasília, responsável por 50% das apreensões. ;Na Europa se concentra o maior número de usuários, ao lado dos Estados Unidos;, comentou Rosseti. O esquema internacional começa com as ;mulas;, pessoas pagas pelos traficantes para levar a droga. Das 11 prisões feitas de julho passado até ontem, sete foram de brasileiros e quatro de estrangeiros ; dois holandeses e dois africanos. ;Eles saem do país de origem e vão buscar a droga em países produtores (Colômbia e Bolívia) ou em estados do Norte, que concentram o armazenamento do entorpecente no Brasil. Depois, usam os aeroportos para chegar à Europa;, detalhou o delegado Luiz Muller, responsável pela ação da PF no aeroporto. O tráfico doméstico é semelhante. As mulas brasileiras pegam a cocaína em estados como Roraima, Acre e Rondônia e usam o aeroporto de Brasília para conexões para o Sul e Sudeste. São 20 voos diários do Norte para a capital. ;São Paulo e Belo Horizonte são os principais destinos;, disse Muller. Por terra Se a cocaína e a maconha que passam pelo aeroporto raramente ficam na capital, o mesmo não ocorre com a droga que chega por terra. De acordo com o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, João Quirino, o entorpecente que vem de estados vizinhos à Bolívia, como Mato grosso e Mato Grosso do Sul, abastece o consumo local. ;Geralmente são quadrilhas do DF e do Entorno que fazem o transporte. A droga fica em cidades como Ceilândia e Samambaia e em municípios goianos próximos ao DF. Dali são distribuídas para o Plano;, detalhou o policial. Na terça, a PF apreendeu 470kg de maconha na divisa de Goiás com o DF. Ainda este ano, foram apreendidos 9kg de cocaína em duas ações da corporação. A droga vinha de Mato Grosso do Sul. Sintéticas preocupam Assim como no caso da cocaína, Brasília aparece na rota do tráfico internacional de drogas sintéticas. Os flagrantes de traficantes de ecstasy e ácido lisérgico (LSD) com conexões europeias aumentam a cada ano, segundo balanço da Polícia Civil do Distrito Federal. As últimas operações realizadas pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), por exemplo, revelaram dois novos caminhos para a chegada das substâncias ao Brasil e à capital do país. Um deles tem origem na Holanda e passa pelo Suriname. O outro sai da França e alcança DF, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. As alternativas do tráfico também fizeram com que a delegacia especializada batesse recordes de apreensões de ecstasy e LSD nos últimos dois anos, com mais do que o quádruplo da quantidade de microsselos e comprimidos recolhidos entre 2004 e 2006. A Cord, por exemplo, retirou das mãos de traficantes de LSD 10.321 comprimidos entre 2007 e agosto de 2008. Os anos anteriores se limitaram a 220. O contraste se repete com o ecstasy. Houve apreensão de 3.105 comprimidos da droga entre 2007 e agosto de 2008. E 546 entre 2004 e 2006. O recorde de drogas encontradas em uma única apreensão na capital do país ocorreu em agosto de 2007. Quatro moradores do Lago Norte e um de Sobradinho acabaram presos com 9.020 microsselos de LSD, 550 comprimidos de ecstasy, 98 bolinhas de haxixe, um tijolo de maconha e 300 cristais de MDMA (princípio ativo do ecstasy). A investigação da Cord durou oito meses, período em que os agentes gravaram as negociações do grupo durante festas de música eletrônica. Os entorpecentes vinham de países europeus. » Áudio: entrevista com o superintendente da PF, Disney Rosset

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