postado em 15/02/2009 08:53
O analista de sistemas Fred Oliveira, de 30 anos, sabe muito bem o que é planejar uma viagem e passar por maus bocados. Há cinco anos, ele resolveu passar as férias em Arraial D;Ajuda, na Bahia. Mas o que era para ser só alegria, terminou em frustração: ele foi vítima de um golpe. ;Comprei o pacote da empresa e tudo correu bem a princípio. Mas, na hora de voltar, o hotel me reteve, assim como a todos os outros que tinham viajado comigo, porque a agência havia pago somente um terço das diárias. Aí os donos da empresa sumiram e nós tivemos que arcar com o prejuízo;, contou Fred, que vai passar o carnaval deste ano em Salvador.
A experiência ruim, no entanto, serviu de lição para o analista. Desde então, ele ficou muito mais cauteloso na hora de escolher como ir. ;Passei a ligar para os hotéis para confirmar as reservas;, disse. Fred já está com o pacote fechado, assim como a turma de quatro amigos com quem pretende curtir o feriado prolongado. Do grupo todo, somente o analista de comunicação Milton Santos, 19 anos, é marinheiro de primeira viagem e nunca curtiu um carnaval na capital baiana. Mas ele está confiante de não cair em nenhuma roubada por ter amigos experientes. Para o servidor público Régis Ferreira, 33 anos, a analista de marketing Danielle Alves de Freitas, 28, a advogada Janaína Sílvia Lisa, 29, e Fred, a comemoração anual é quase um ritual obrigatório.
;Viajo tem vários anos com a mesma empresa. Tenho confiança nela. Mas não deixo de ficar preocupado. Tínhamos amigos no meio do pessoal que sofreu o golpe da Impacto Turismo no fim de 2008 (leia ao lado). Chegamos inclusive a arranjar lugar para alguns deles nas pousadas onde estávamos;, lembrou Régis. Apesar de ter quase tudo certo, ainda falta um item essencial para Régis curtir o carnaval: o abadá. Ele deixou para adquirir o convite para o bloco quando estiver em Salvador. ;É mais barato assim. Só tem que prestar atenção para não comprar convites falsos ou ser assaltado após a compra;, garantiu.
Fiscalização
Para tentar evitar que o carnaval se transforme em dor de cabeça para centenas de brasilienses, como ocorreu com centenas de pessoas que levaram um calote das empresas Mix Turismo e Impacto Turismo no final do ano passado, o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) começou na semana passada uma fiscalização em agências de viagem no Distrito Federal. Os fiscais checaram a situação de cada uma das empresas visitadas para ver se elas contam com alvará de funcionamento, estão registradas nos ministérios da Fazenda e do Turismo e se especificam detalhadamente os serviços a serem prestados dentro dos contratos.
No total, 20 agências foram visitadas e os fiscais não constataram qualquer irregularidade. No entanto, recolheram exemplares de contratos de viagem para serem analisados pelo departamento jurídico do Procon. ;Não podemos assegurar que não haverá problemas. O que procuramos fazer é uma ação de prevenção, que oriente as empresas e alerte os clientes;, afirmou o presidente do Procon-DF, Ricardo Pires.
FIQUE ATENTO
- A relação entre o cliente e o agente de viagem se baseia na confiança. Por isso, procure referências de pessoas que já conheçam os serviços da empresa, como familiares e amigos que viajaram anteriormente.
- Consulte o Ministério do Turismo (www.cadastur.turismo.gov.br) e a Associação Brasileira de Agências de Viagem (www.abav.com.br) para ter informações sobre o histórico da agência.
- Verifique se os serviços oferecidos em materiais de divulgação e no contrato condizem com a realidade da viagem. Caso sejam de qualidade inferior, fotografe ou recolha outras provas para reivindicar o prejuízo nos órgãos responsáveis, como o Procon (telefone 151).
- Em caso de suspeitas sobre o pacote, ligue para verificar se os serviços oferecidos estão assegurados. Telefone para o hotel averiguar se as reservas foram confirmadas e faça o check-in no aeroporto o quanto antes, por exemplo.
- No caso de abadás, opte por comprá-los pelos sites oficiais ou nas lojas credenciadas, em Salvador. Agências parceiras oferecem as camisetas da folia em sites próprios, mas as empresas não se responsabilizam pela venda.
Fontes: Abav-DF, Polícia Civil e centrais de venda de abadás do carnaval de Salvador