postado em 17/02/2009 08:00
O primeiro carnaval da lei seca promete ser de tolerância zero à combinação álcool e volante. Haverá mais fiscais e bafômetros nas ruas, blitzes relâmpagos em pontos de concentração de foliões e nas principais de vias de acesso à s festas, além do policiamento velado. As ações serão articuladas entre o Departamento de Trânsito (Detran), o Batalhão de Trânsito da PolÃcia Militar (BPTran) e a Companhia de PolÃcia Rodoviária (CPRV) da PM. Serão 90 homens a mais e 25 bafômetros distribuÃdos entre os três órgãos. Nas rodovias federais que cortam o DF, os agentes rodoviários vão se posicionar estrategicamente nos locais em que mais ocorreram acidentes em 2008.
O Detran vai atuar em duas frentes. A partir de hoje, começam a veicular em jornais e emissoras de rádio e televisão campanhas educativas alertando sobre os riscos de dirigir após a ingestão de bebida alcoólica e sobre a conduta responsável que o motorista deve adotar. ;São imagens fortes, para alertar a população sobre as consequências da imprudência ao volante;, antecipou o diretor-geral do Detran, Cezar Caldas. A repressão completa o trabalho, com ações das 23h desta quinta-feira até a madrugada da Quarta-feira de Cinzas. Cerca de 110 agentes estarão nas ruas, um reforço de 30 em relação aos dias normais. Pessoas que ficaram em uma cadeira de rodas depois de serem vÃtimas da violência do trânsito distribuirão panfletos no Ceilambódromo.
A meta é reduzir as tragédias nas vias. No ano passado, oito pessoas perderam a vida no trânsito durante o carnaval (veja quadro). Ocorreram sete acidentes fatais. Já nas rodovias federais que cortam o DF, houve 64 acidentes, com 56 feridos e três mortos, segundo o balanço da Superintendência da PolÃcia Rodoviária Federal (PRF).
A operação Ãlcool Zero do BPTran começa à s 19h desta sexta-feira e só termina no domingo (1º de março). O polêmico policiamento velado ; PMs com roupas de civis ; também estará nas ruas. ;Será com menor intensidade, pois já sabemos onde os foliões vão se reunir. Não vamos entrar em bares ou no meio dos blocos carnavalescos. A missão é levantar outros pontos com possÃvel concentração de motoristas alcoolizados;, explicou o comandante do BPTran, coronel José Ricardo Cintra.
Vida social
Os professores de inglês Julia Didonet, 22 anos, e Pedro Torres, 24, estão desanimados com a possibilidade de enfrentar blitzes nas saÃdas das festas. ;Acredito que a lei seca ajuda a diminuir acidentes, mas ela empaca a nossa vida social;, queixou-se Julia. ;O motorista tem que ter noção se está apto ou não para dirigir. No meu caso, se não estiver bem, arranjo uma carona e pego meu carro no outro dia;, acrescentou. Pedro segue a mesma linha da colega na hora de pegar a direção. O jovem pretende driblar a fiscalização de maneira simples, embora pouco saudável: ;Vou beber menos e fumar mais;.
Os agentes circularão por todas as cidades do DF. O helicóptero do Detran vai sobrevoar a região auxiliando os fiscais. A fiscalização da CPRV vai começar às 20h de sexta-feira e terminar na madrugada de quarta-feira (25). ;Serão quatro bafômetros e pelo menos 100 homens nas rodovias e nos locais de folia;, informou o comandante da CPRV, major Glaumer Araújo. (Colaborou Pablo Rebello)
Especialistas e parlamentares comentam a eficácia da lei seca Uma estimativa da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (abramet) revela que metade das 35 mil mortes no trânsito registradas no Brasil, as vÃtimas tinham algum percentual de álcool no organismo. Esse é um dos argumentos da entidade para defender a legislação. "Acidente de trânsito em que o álcool está presente é uma doença como outra qualquer e que pode ser prevenida. É como Aids, por exemplo", comparou o diretor da entidade, Alberto Sabbag. Para Sabbag, a lei de tolerância zero ao álcool e direção é um remédio que tem se mostrado eficaz. E isso só está ocorrendo por conta da fiscalização e equipamento os órgãos com bafômetro. "Houve queda significativa de mortes e de acidentes com mortes. Nenhuma lei teve impacto tão grande na saúde, quanto esta. Até quem bebe é favorável", comentou. Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, o deputado Beto Albuquerque (PSB/RS) defende que o rigor na fiscalização não deve ocorrer apenas nos perÃodos de festas, mas todos os dias do ano. Para ele, os governos precisam estabelecer metas de fiscalização. "No começo tivemos fiscalização intensa, mas depois, nem tanto", lamentou. Para o parlamentar, houve avanços em todos os sentidos depois que a lei de tolerância zero ao álcool entrou em vigor. "Agora, os órgão de fiscalização têm como responsabilizar e punir o infrator. O problema é que o bafômetro era um equipamento em desuso. Por isso muitos estados e municÃpios não estavam equipados, problema que deve ser amenizado com a aquisição feita pelo Ministério da Justiça", acredita. Beto Albuquerque aprova o rigor na fiscalização durante o carnaval. "A folia para muitos é sinônimo de bebedeira e irresponsabilidade. A alegria acaba cedendo lugar à tragédia", afirmou. Mas, por outro lado, lembra que "um paÃs comprometido com suas leis, deveria ter a mesma fiscalização independente de ser feriado prolongado ou um dia como outro qualquer".