Cidades

Testemunhas reforçam as suspeitas contra o homem acusado de matar o irmão e o avô

;

postado em 19/02/2009 08:00
Testemunhas reforçam as suspeitas contra o homem acusado de matar o irmão e o avô, dados como desaparecidos há nove anos. Contam que o acusado se referia ao avô como se ele estivesse morto. O suspeito chegou a afirmar isso em um exame de sanidade mental. Uma juíza quer levá-lo a julgamento mesmo sem a polícia ter encontrado os corpos e a arma usada nos supostos crimes. O caso, revelado ontem pelo Correio, é raro no país. A Polícia Civil do DF concluiu no fim do ano passado que Yuri Faria de Araújo matou o único irmão, Ernesto Faria de Araújo, e o avô materno, Mário Gomes de Faria, para ficar com os bens deles. O trio morava em uma chácara no Núcleo Rural de Sobradinho I, até abril de 2000. Desde então, Ernesto e Mário sumiram. Ernesto era servidor do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Mário, reservista do Exército. Os investigadores localizaram Yuri apenas em 2005. Ele sempre negou os crimes. Sustentou que o irmão largou o STJ para tentar arrumar emprego em uma empresa privada de São Paulo. O avô foi junto, segundo o acusado. Mas ele não informou o paradeiro dos dois nem os contatos deles. Yuri, Ernesto e Mário moravam em chácara que está abandonadaYuri, que sustentava o desaparecimento dos únicos dois parentes em Brasília, afirmou no exame de sanidade mental que o avô estava morto, além de não sentir nada pelo irmão. ;Quando meu avô era vivo, ele (Ernesto) usava o cartão (de pensionista) para sacar dinheiro (da conta do avô);, disse o acusado, segundo o inquérito ao qual o Correio teve acesso. Yuri teria dito que o avô estava morto a duas testemunhas. Elas relataram isso em depoimentos à polícia. Namorada Uma das testemunhas é a mulher que namorou Yuri e morou com ele nos cinco anos seguintes ao desaparecimento do irmão e do avô do acusado. Ele chegou a levá-la à chácara abandonada no Núcleo Rural Sobradinho I e falado do plano de vendê-la. Mas a ideia não foi para frente porque precisa da assinatura do outro herdeiro, Ernesto. A namorada posterior de Yuri contou à polícia que, quando conheceu o acusado, ele disse não ter irmão e ser funcionário do Banco do Brasil. Depois, ela descobriu que o namorado era desempregado e o irmão e avô dele haviam desaparecido. Uma terceira mulher afirmou em depoimento que também teve um relacionamento amoroso com Yuri e ele confessou a ela ter matado Ernesto por vingança, pois o irmão teria assassinado o avô para ficar com a pensão do Exército. Ernesto conseguiu emprego no STJ após ser aprovado em concurso público. Tomou posse no cargo em 17 de janeiro de 2000. Faltou ao trabalho em 26 de abril do mesmo ano, sem avisar ninguém, e nunca mais apareceu ou fez contato. Ganhava R$ 2 mil líquidos. Desde então, ele e o avô não mexem nas contas bancárias, não votam ou compram algo. Porque estão mortos, segundo a polícia. A juíza Clarissa Braga Mendes, do Tribunal do Júri de Sobradinho, entendeu haver provas suficientes para marcar o julgamento. Mas o Ministério Público em Sobradinho mandou arquivar o caso. Agora cabe ao procurador-geral de Justiça, Leonardo Bandarra, decidir o impasse.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação