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Depois de Itapoã, título de Miss Estrutural muda de dona





postado em 21/02/2009 08:42
Êta concurso de Miss DF 2009 que vai dar o que falar. Aliás, está dando. O bafafá agora só mudou de endereço. Voou de Itapoã ; quando a miss eleita alegou ;motivos pessoais; para deixar o reinado (à boca miúda o povo diz que a verdadeira razão foram os ciúmes do namorado militar) ; para o outro lado da cidade, na Estrutural. Ali, em vez de deixar um bilhetinho num caderno infantil decorado com a personagem Moranguinho, como fez a beldade morena de Itapoã, a loira da Estrutural foi convidada a deixar o posto. O tempo fechou. O mundo caiu. A cidade pipocou. Desta vez, o tititi ainda é mais brabo. A miss, Evani Pereira da Silva, uma loira de 21 anos, 1,67m e 50kg, teve que devolver o título de mulher mais bonita da região, depois de apenas 20 dias condecorada. Motivo? Aí é que o bafafá aumenta, minha gente! Denúncia anônima chegou à coordenação do concurso informando que a moça, além de não morar na Estrutural (os pais moram lá), ainda vivia, mesmo sem ser casada no papel, em situação de união estável com o namorado. O regulamento é claro: misses não podem ser ou parecer casadas. Nada impede que tenham namorados. Mas não podem viver em ;situação de matrimônio;. Pensa que é fácil ser bela? O caldo entornou. A fofoca se espalhou e a moça foi convidada a entregar o título, devolver a faixa e deixar de ser miss. E como a regra também é muito clara, quem assume imediatamente é a segunda colocada. E a vez foi da bonita morena da cor de canela Michelle Rodrigues Neto, de 19 anos, 1,72m e 51kg, dentes perfeitos e sorriso enfeitiçador. ;Eu ainda tô me beliscando pra ver se é verdade. Era o meu sonho;, admite a bela. Diante do mais novo bafafá envolvendo as beldades, o Correio ouviu todos os lados dessa história. Para o coordenador do Miss DF 2009, o incansável Cloves Nunes, que tem enfrentando dilemas inesperados, a justificativa da deposição da moça se deveu, ainda, pelo não comparecimento dela aos ensaios. ;Ela faltou aos dois, consecutivos. Uma total falta de disciplina e nenhuma vontade de representar a cidade;, ele diz. A ex-miss devolve: ;Faltei aos dois ensaios e justifiquei todos. No primeiro, estava em Porto de Galinhas, com meu namorado. Era uma viagem que já tinha marcado há muito tempo. No segundo (na última quinta-feira), tive que levar meu pai ao médico;. A mãe da ex-miss, a catadora Iracema de Castro, 42, justifica: ;A administração prometeu dar apoio, mas na hora não fez nada. Diz que teria carro pra levar pros ensaios do Miss DF e nunca apareceu um só carro aqui na minha porta;. O repórter insiste: ;Mas ela mora aqui ou com o noivo, no Setor O, como alegam?;. Iracema não titubeia: ;Ela mora aqui, mas fica lá também;. Por telefone celular, na casa da mãe da ex-miss, o Correio tentou vários contatos com Evani (que, segundo Iracema, estaria na casa do noivo, no fim da tarde de ontem). Evani atendia a ligação, mas misteriosamente a conversa era interrompida. Numa delas, perguntei: ;Existem várias versões, até uma denúncia anônima para seu desligamento do concurso. Gostaria de ouvir a sua versão;. A ligação caiu mais uma vez. Na quinta tentativa de conversa, foi a vez de o noivo atender. E, nada educado, o moço de 21 anos não contou palavras nem economizou palavrão. Melhor usar pontinhos: ;P... c... escreve o que você quiser nesse jornal. Tô nem aí pra você, não;. E mais uma vez a ligação caiu. Como o celular da miss é instável, minha gente! O noivo da beldade? Vai ver o rapaz não é lá muito paciente. Ou pelo menos não gosta de muita conversa ao celular. À espera da faixa A administração da Estrutural pediu que a ex-miss devolvesse a faixa até as 17h de ontem. Passava das 18h30 e a faixa ainda não tinha chegado à atual representante. A administradora regional, Elisabete Guilherme Raimundo, lamenta todo esse episódio. ;Ela perdeu uma grande oportunidade;, avalia. De fato. O prêmio pelo título, conquistado em 31 de janeiro numa festa que parou a cidade ; afinal era a primeira vez que a região teria sua representante num evento desse porte ;, era de uma bolsa integral para a faculdade. Quando ganhou, a hoje miss destituída disse que seu sonho era ter um curso superior, arrumar um bom emprego e ajudar os pais humildes. De tão emocionada, naquela tarde, os olhos dela marejaram. E ela acenou com jeitinho delicado de miss. Parecia um conto de fadas. Mas, como a fila e a vida andam, a segunda colocada virou a primeira. A administradora acredita que Michelle, hoje a Miss Estrutural, de fato e de direito, vai representar bem a cidade. ;São duas belezas diferentes: uma é loira; a outra, morena. A atual tem tudo pra fazer bonito. Ela tem mais a cara da Estrutural;, opina, empolgada. Bom ver sua cidade falando e comentando coisas que não sejam crimes e violência. ;É uma chance de a Estrutural mostrar que tem coisas bacanas e muitas mulheres bonitas;, comemora. Na casa humilde de Michelle, desde a tarde de ontem, quando se confirmou que o título era dela, a alegria gritou. A vizinhança toda sabe que a menina que corria pela rua até hoje sem asfalto é miss de verdade. A mãe, auxiliar de serviços gerais Ana Rodrigues Neto, de 43 anos, três filhas, sem marido, sobrevivendo com salário mínimo, parecia viver um sonho. ;É uma felicidade pra mim. Nossa luta é muito grande. Tudo sempre foi muito difícil. Criei minhas meninas sozinha, lutando dia e noite;, desabafa. Ana, ainda comovida, não se contém de emoção: ;Moro aqui há 10 anos. Aqui só tinha coisa ruim. Agora, esse concurso vai servir como um cartão de visita para a nossa cidade. Vai mostrar que aqui tem coisa bonita também;. Michelle escuta a mãe falar. Ri, timidamente. E admite que antes, assim que chegou ali, tinha vergonha de dizer que morava na Estrutural. ;A gente veio de Águas Lindas pra cá. Achei muito diferente. Hoje, eu gosto daqui e tenho orgulho de representar esse lugar.; Como prêmio da bolsa integral na faculdade, a miss já sabe o que fazer: vai cursar administração de empresas. ;Vou estudar, me formar e ser alguém na vida;, planeja a morena da cor de canela, que se disse solteiríssima e louquinha da silva por música sertaneja. E a agenda da Miss Estrutural está toda tomada. No carnaval, nada de diversão. Em vez disso, ensaios intensos com as outras candidatas à festa máxima. Afinal, 8 de março está chegando. No Centro de Convenções, todas as beldades do DF irão disputar o título maior. A que ganhar levará o nome do DF ao país. E pelo visto a coisa vai ser acirrada. As moças estão levando a competição à risca. Nunca, pelo menos nos últimos anos, um concurso de miss em Brasília teve tanta surpresa. Será que ainda vai vir mais uma pela frente? Quem sabe? Nem Cloves, o organizador...Nem Deus... Êta bafafá, meu pai!

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