postado em 26/02/2009 14:59
Uma licitação da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) arrecadou, na manhã desta quinta-feira (26/02), R$ 83,593 milhões para os cofres do governo. Dos 192 lotes oferecidos, 73 receberam propostas. Mas o valor, considerado histórico para o mês de fevereiro, se deve à venda de um único terreno no Lago Sul. O imóvel de 65 mil metros quadrados, às margens do Lago Paranoá, foi arrematado por R$ 66,835 milhões. Moradores protestaram contra a futura construção, já que a área é destinada à shopping de pequeno porte ou empreendimentos comerciais dentro dos padrões arquitetônicos do Pontão.
O terreno da polêmica, situado na QL 24, no lado direito da Ponte JK (Sentido Plano Piloto/Lago Sul), foi adquido pela Principal Construções Ltdas. A empresa deu uma caução com 5% do valor sugerido e, após a homologação do contrato, terá que pagar o restante à vista. A empreiteira, do grupo Paulootávio, fez a melhor proposta ao oferecer R$ 4 milhões a mais em relação ao ágio do imóvel.
Durante a licitação, um grupo de 10 moradores do Lago Sul foi até o auditório da Terracap para protestar contra a destinação do terreno. A maior preocupação da servidora pública Elvira Vilela, 48 anos, uma das participantes, é o escoamento de tráfego na região. "Aquela ponte já fica lotada em horário de pico. Agora, com um shopping lá, imagina como ela vai ficar na época do Natal, Dias das Mães e Dia das Crianças", questiona.
Na avaliação do presidente da Terracap, Antônio Gomes, a negociação não prejudicará a qualidade de vida no Lago Sul, e trará benefícios para o Distrito Federal como um todo. "Com essa arrecadação inesperada, de uma área que hoje está ociosa, o GDF poderá fazer obras de infra-estrutura em várias áreas carentes", diz Gomes. Para ele, o tipo de obra a ser feita no local valoriza ainda mais os terrenos próximos e vai gerar empregos em vários seguimentos, da construção civil ao comércio, além de movimentar o turismo no Lago Paranoá.
O presidente da Terracap explica que antes o terreno era destinado à construção de shopping ou hotel, mas, atendendo a uma reivindicação da população, o governador José Roberto Arruda retirou a segunda destinação. Outra mudança considerada por ele como positiva foi a redução do limite de área a ser construída, que antes era de 60% e, agora é 50%. O projeto deverá ser integrado com a natureza e, para sair do papel, precisará ser aprovado pela Administração Regional do Lago Sul.
"Os empresários que compraram o terreno estão cientes dessas exigências", disse Antônio Gomes. A destinação comercial da área foi projetada há mais de 10 anos, ainda no governo de Cristóvão Buarque. A licitação foi anunciada no ano passado, mas teve que ser suspensa porque o terreno estava hipotecado para um grupo de servidores da Terracap, em cobrança de dívidas trabalhistas. A companhia fez um acordo com os funcionários e colocou o imóvel à venda novamente.O lote é destinado a empreendimentos comerciais, dentro dos padrões arquitetônicos do Pontão.
Na licitação desta quinta-feria, a Terracapa também ofereceu 70 são no Jardim Botânico III, 52 em Samambaia, 31 na Ceilândia e 40 em outras cidades do DF. Mas nem todos foram vendidos. A maior procura foi por terrenos no Jardim Botânico 3, onde 28 lotes foram vendidos.