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Big Brother no Zoo: Revitalização do Zoológico prevê instalação de 68 câmeras

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postado em 28/02/2009 08:05
Os reality shows são sucesso faz tempo. Gente que gosta de observar gente, de acompanhar a vida do outro pela televisão e pelo computador. Imagine agora a mesma fórmula com os animais. Uma das próximas atrações do Zoológico de Brasília será pela internet. Serão instaladas 68 câmeras de vídeo e 37 sensores infravermelhos para reforçar a segurança do público, dos animais e também para facilitar as pesquisas de biólogos com espécies de hábitos noturnos. Mas, especialmente, as imagens da Galeria África, onde estão elefantes, girafas e hipopótamos, poderão ser acessadas pelo público por meio do computador. Estarão disponíveis em tempo real pelo site do zoológico () Os detalhes do projeto ainda estão sendo finalizados. A ideia é que as imagens possam ser vistas das 8h às 17 horas. E pesquisadores poderão ter acesso às cenas noturnas. Até o final do primeiro semestre, o sistema estará instalado. Foi aberta licitação para escolher a empresa que será responsável pela instalação, uso e manutenção dos equipamentos. O serviço está estimado em R$ 100 mil por mês. A novidade faz parte do plano de revitalização do zoo para 2009. O controle de entrada e saída do público e de servidores será feito por cartão eletrônico e a fachada do parque também será reformada. O governo do Distrito Federal liberou R$ 400 mil para obras. Serão construídos novos recintos e reformados outros. Na próxima sexta-feira, será inaugurado um novo espaço para aves. Somente no ano passado, o zoo recebeu 746 mil visitantes, entre eles 143 mil alunos que participaram dos projetos de educação ambiental. Para reforçar a Galeria África, o zoológico pretende receber, ainda este ano, cangurus de cativeiro vindos da Europa. Uma pesquisa realizada com o público no ano passado revelou quais são os bichos mais queridos e visitados. A surpresa veio entre os animais exóticos, com as cobras muito citadas nas respostas ; mas os elefantes são os campeões no ranking das atrações do parque. ;Nosso zoológico é um do melhores do país, uma referência. É orgulho do brasiliense e ainda vai ficar melhor para atender o público. Minha vida é trabalhar para esses bichos;, diz Raul Gonzalez, diretor do zoológico há 17 anos. No entanto, ele enfrenta problemas com o Ministério Público, que questiona a doação de animais para um criadouro em Goiânia, em 2002 (leia matéria ao lado) Filhotes A ;maternidade; do Zoo anda movimentada. Em fevereiro, nasceram filhotes de lhama, tamanduá-bandeira e de cervos. Diversas aves estão chocando ovos. O projeto de revitalização do Parque tem apoio das secretaria s de Obras e de Turismo do DF. Ele é parte dos investimentos que o governo local prepara na cidade já pensando na possibilidade de sediar parte dos jogos da Copa de Mundo 2014, recebendo muitos turistas.
Processo por doação irregular de animais Na lista de animais exóticos à venda no site de um criadouro particular em Goiás já estiveram algumas espécies doadas pelo Zoológico de Brasília. Aos olhos do Ministério Público, porém, o presente foi disfarce para um crime. A Polícia Federal investiga esses criadouros sob a suspeita de funcionarem como um supermercado de bichos abastecidos por zoológicos públicos. Na capital, promotores cobram na Justiça as explicações do diretor do Zoo de Brasília, Raul Gonzalez, por ter doado animais em benefício do criadouro comercial Fazenda Serra Azul, de Noel Gonçalves Lemos. Em 2002, sete mamíferos foram encaminhados à Serra Azul, que fica em Quirinópolis (GO). Essa foi uma das transações investigadas pela polícia, que também apurou a entrega de mais de 100 animais pelo Zoológico de Goiânia ao mesmo criadouro. Há pouco mais de um mês, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou criminalmente Gonzalez sob acusação de peculato ; quando um funcionário público apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem imóvel, público ou particular, de que tem posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Nesse caso, os bens público são os animais que podem ser comercializados por criadouros cadastrados pelo Ibama. Entre os bichos, um casal de cervos. O Tribunal de Justiça recebeu a denúncia e deu início ao processo. Coincidência ;Sem qualquer amparo legal firmou um termo de doação dos animais. E foram avaliados pelo irrisório preço de um centavo. No intuito de ocultar os desvios, emitiu três certidões de óbito de alguns deles vivos, inserindo em documento público declaração falsa, com o fim de alterar a verdade;, aponta o Ministério Público na ação que ajuizou contra Gonzalez, a veterinária do zoo Deborah Soboll (que assinou as certidões) e Noel Gonçalves Lemos. As datas dos óbitos dos bichos coincidem com as das doações dos animais vivos, no Livro de Registro, para o criadouro denunciado. ;Foi uma entrega artificiosamente denominada de doação. As tratativas que antecederam o desvio não foram registradas em nenhum processo administrativo que assegurasse a legalidade, a moralidade, a impessoalidade e a publicidade, atributos próprios de todas as transações lícitas que envolvam animais pertencentes ao Zoológico de Brasília;, destaca a ação do MP. Gonzalez afirma que não houve irregularidade alguma. Explica que os bichos alvos da denúncia eram animais excedentes do Zoológico de Brasília e que foi realizada uma permuta. ;Precisávamos de um rifle, na época, para aplicar anestésicos. É um equipamento caro e não tínhamos um. O criadouro nos deu esse rifle;, justifica Gonzalez. ;Isso tudo ficará esclarecido na Justiça. E lembro que esse criadouro é aprovado pelo Ibama, tem autorização para receber esses animais e realizar suas atividades;. Para o diretor do zoo, é uma ironia ser agora acusado de desviar animais, já que trabalhou no Ibama coordenando o Programa Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, entre 1997 e 1998. Em Goiânia, até agora não houve denuncia à Justiça das doações do zoológico de lá.
Entenda o caso » Junho de 2004 MP recebe denúncia anônima de que funcionários do Zôo de Brasília estariam envolvidos em tráfico de animais e pede ao Ibama que vistorie o local. » Novembro de 2004 Relatório do Ibama aponta três problemas: atestados de óbitos irriegulares de três animais doados ao Criadouro Noel; falta de licitação pública na escolha do criadouro e uso de ;doação; para uma instituição privada; e riscos para visitantes, tratadores e animais em algumas jaulas. Segundo o documento, sete mamíferos foram doados para o Criadouro Noel Gonçalves Lemes, de Quirinópolis (GO), especializado no comércio de ;espécies silvestres e exóticas da fauna brasileira;. » Março de 2005 O MP pede a interdição do Zôo de Brasília, por insegurança nas instalações e risco para visitantes e funcionários. Além disso, solicita à Polícia Federal abertura de inquérito para investigar suposto envolvimento de funcionários do Zôo com o tráfico de animais. » Abril de 2005 A PF e o MP descobrem que os zoológicos de Brasília e de Goiânia entregaram 153 animais de seu plantel ao empresário Noel Gonçalves Lemes entre junho de 2002 e abril de 2004. O MP e a Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente investigam o envolvimento de funcionários dos zoológicos e do empresário com o tráfico internacional de animais. O Zoológico de Brasília doou sete mamíferos de grande porte para o criadouro. Noel recebeu um casal de gnus, três waterbucks, um cervo-nobre e um cervo-dama, doados vivos em 26 de setembro de 2002.No entanto, três certidões de óbito têm data posterior à transação. A responsável técnica do zoológico, a veterinária Deborah Scheidegger Soboll, atesta que um cervo-nobre e um waterbuck morreram em 10 de outubro de 2002. A veterinária também atesta o óbito de outro waterbuck em 20 de outubro. » Agosto de 2008 Delegacia de Meio Ambiente (Dema) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acusaram O diretor do Zoológico de Brasília, Raul Gonzalez Acosta e a veterinária Deborah Scheidegger Sobool de vender espécimes a criadouro particular no interior de Goiás. O dono do criadouro, Noel Gonçalves Lemes, também foi denunciado ao Tribunal de Justiça.

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