postado em 04/03/2009 14:17
A Justiça do Distrito Federal expediu mandado de prisão preventiva contra o delegado afastado João Kleiber Ésper, nesta terça-feira (03/04). Ésper foi encaminhado a 1ª DP (Asa Sul), por volta das 22h, quando saia de uma faculdade particular, na Asa Sul, onde ministra aulas de Direito Penal. Ele é acusado de ameaçar de morte a corregedora-geral da Polícia Civil, Nélia Vieira, por ter aberto inquérito policial contra ele por má conduta cometida quando ele era lotado na 30ª DP (São Sebastião), em 2006.
Na quinta-feira da semana passada (26/02), João Kleiber tentou invadir uma reunião na sede da Polícia Civil e ameaçou a corregedora de morte caso ela seguisse com as investigações. Com isso, outro inquérito da PC foi aberto contra o delegado. Ele está afastado por tempo indeterminado do cargo desde abril de 2008.
Ésper responde por três crimes: prevaricação (retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício), supressão de documentos e violação do sigilo funcional. O juiz Francisco Antônio Alves de Oliveira, da Vara Criminal do Paranoá, aceitou denúncia oferecida contra o delegado pelo Ministério Público do DF, em abril do ano passado. Ele foi condenado, em 10 de fevereiro deste ano, a 4 anos e dois meses de prisão pelos crimes. Porém, devido aos recursos apresentados por Ésper o processo ainda corre.
A denúncia do MP é baseada em um inquérito policial aberto pela Corregedoria da PCDF que apurou uma má conduta do delegado. Na época, Ésper colheu o depoimento do advogado Bruno Miranda Ribeiro contra o ex-presidente do Senado Federal, Renan Calheiros. Bruno ; que foi casado com Flávia Garcia, assessora parlamentar de Renan ; acusou o ex-sogro, o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, de montar um esquema de arrecadação de dinheiro para Renan nos ministérios chefiados pelo PMDB, partido do senador. Bruno alegou que se sentia ameaçado e prestou depoimento ao delegado por ser amigo da família dele. Mas as três páginas do interrogatório não foram encaminhadas para a Polícia Federal, que tem competência para apurar o fato. De acordo com as investigações, além de engavetar o documento, Kleiber teria usado o depoimento para chantagear o empresário acusado por Bruno.
A Corregedoria também investigou o envolvimento do delegado em outros crimes pelo qual Ésper foi indiciado. Ele é acusado de corrupção por ter recebido, em 13 de novembro de 2003, R$ 70 mil de Orlando Rodrigues da Cunha Filho, um estelionatário investigado pela polícia, que queria se ver livre do processo. Nesse inquérito, a Corregedoria indiciou Ésper, Cunha e uma terceira pessoa, um laranja que teria recebido o dinheiro do suborno. A investigação da Corregedoria foi auxiliada pela Polícia Federal, que também investigou os golpes praticados por Cunha em 2003. O estelionatário lesou cerca de 300 pequenos empresários em quatro capitais do país, com a promessa de atraentes empréstimos.
Ésper está há 25 anos na polícia. Ele continua recebendo o salário de delegado (que é de cerca de R$ 20 mil), mas teve de entregar arma, algema, distintivo e a carteira de identidade policial.
Ameaças antigas
Em fevereiro de 2008, a corregedora da PC, Nélia Vieira, em quatro horas de reunião, relatou as ameaças de morte que vinha recebendo para 70 dirigentes da PC, entre peritos criminas, diretores e legistas. Na ocasião, ela pediu apoio para expulsar da corporação os maus policiais. Os bandidos ligaram para o celular e fizeram ameaças. ;Estamos vendo seu apartamento. A senhora já foi longe demais. Vamos lhe matar;.