postado em 08/03/2009 08:11
Sexta-feira à noite, pouco depois das 22h. A agente de educação Rose Soares, 46 anos, tinha acabado de chegar a um bar na Quadra 1 do Lucio Costa, no Guará, ao lado do marido. Ao entrar no estabelecimento, viu uma moça loira sorridente caminhar com uma garrafa de cerveja na mão para uma mesa num canto escuro do lado de fora. Também viu um homem de pé, em um beco ao lado da mesa, conversar no celular. Rose e o marido entraram, se sentaram com amigos e se preparavam para fazer um brinde quando um estrondo e um clarão do lado de fora chamou a atenção de todos. Lá, encontraram o corpo da moça loira ainda sentado na cadeira de plástico. Letícia Peres Mourão, 31 anos, acabara de levar um tiro no rosto. Testemunhas contam que viram o homem que estava com ela fugir a pé com uma arma na mão.
Segundo familiares da vítima, que preferiram não se identificar, Letícia marcou um encontro com o rapaz que a matou pelo MSN (programa de mensagens virtuais instantâneas na internet). Em uma conversa com a irmã, que mora no Rio de Janeiro, Letícia teria revelado que não conhecia o rapaz e que havia se enfeitado no salão para sair com ele. O filho da vítima, de 12 anos, estava na casa da mãe e chegou a pedir que ela não fosse ao encontro, marcado para um bar próximo ao local onde ela morava. O menino estava incomodado pelo fato de a mãe não conhecer o rapaz.
Letícia morou em Barcelona, na Espanha, durante oito anos. A família contou que ela trabalhava em uma clínica especializada em cuidar de idosos. Ela retornou ao Brasil em dezembro do ano passado e tinha planos de ficar por aqui, apesar de a família morar quase toda em Goiânia, onde seu corpo deve ser sepultado hoje. ;A mãe dela vive nos Estados Unidos e disse que não viria para o enterro. Não quer voltar ao Brasil só para colocar a filha debaixo da terra. Espero que a polícia consiga identificar quem fez isso e tomar as devidas providências para tirá-lo de circulação;, afirmou um parente.
O caso é investigado pela 4ª DP (Guará). Ontem, a polícia recolheu o computador de Letícia para ser periciado. O autor do crime não havia sido preso ou identificado até o fechamento desta edição. De acordo com clientes que estavam no bar na hora do homicídio, tratava-se de um homem que usava um casaco fechado até o pescoço e que evitou entrar no estabelecimento. Permaneceu o tempo todo na mesa do lado de fora. Um funcionário chegou a perguntar se o rapaz gostaria que a luz do lugar em que estava fosse ligada. Ele teria respondido que não.
Enquanto o assassino permaneceu nas sombras e longe dos olhares de todos, Letícia chamou a atenção da clientela. ;Até porque trata-se de um bar familiar, frequentado por moradores da região. Todo mundo que vem aqui se conhece a ponto de sabermos qual a marca de cerveja preferida de cada um. E ninguém nunca tinha visto a moça antes;, detalhou Rose. A agente de educação ressaltou que Letícia parecia tranquila e alegre. Outra cliente da casa noturna disse que ela chegou a brincar com alguns clientes quando entrava para comprar cerveja, paga com dinheiro na boca do caixa.
O crime chocou os presentes e deixou a vizinhança assustada. ;Achamos que tivesse acontecido algo na rua. Ninguém esperava que o tiro envolvesse uma pessoa que estava no bar;, relatou Rose. ;Se você vê um casal discutindo e escuta um estrondo, é uma coisa. Mas nada denunciava que ocorreria um assassinato. Acho que nem a moça que morreu esperava pelo tiro. O corpo dela estava sentado na cadeira, com as pernas e os braços cruzados, de forma relaxada;. A bolsa de Letícia também estava no colo dela. Aparentemente, nada foi levado.