postado em 12/03/2009 08:10
A tenda de ferro montada na Praça do Cruzeiro, atrás do Memorial JK, será desmontada logo depois de 3 de maio. Após cinco meses de polêmica, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fechou um acordo com a presidência da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) para retirar a estrutura do Eixo Monumental. A alegação do Iphan é que ela foi construída sem o aval do órgão, é desproporcional em relação aos outros monumentos erguidos no local e fere o tombamento de Brasília. A praça vai ficar limpa, mas o local para onde a tenda será levada é mantido sob sigilo pelo governo.
A estrutura é chamada pelo GDF de Memorial da Missa Campal e foi construída em homenagem à primeira missa celebrada na capital, em 3 de maio de 1957. No ano passado, o Arquivo Público do DF reconstituiu a celebração, na mesma data e horário da realizada há quase 52 anos. Para isso, recriou o cenário da missa original ; projetado por Oscar Niemeyer. Uma tenda foi colocada sobre o altar para servir de proteção contra o sol e a chuva. Amparavam a lona verde toras de madeira amarradas e presas ao chão com a ajuda de cordas. O palco foi mantido até 12 de setembro, quando outra missa ocorreu no local, em comemoração ao aniversário de Juscelino Kubitschek.
Depois da missa em homenagem a JK, porém, o GDF decidiu criar uma estrutura mais resistente, que seria usada anualmente nas duas celebrações. A Novacap fez um estudo para aumentar o tamanho da tenda para que ela pudesse abrigar mais pessoas. Assim, ela passou a ter 50m de extensão ; 30m a mais que o original ; e o material considerado seguro para sustentar a estrutura foi o ferro. A tenda, agora sustentada por cabos de aço, custou R$ 200 mil aos cofres públicos. O Iphan alega que não permitiu a obra em ferro. ;A legislação determina que nada pode ser feito no canteiro central do Eixo Monumental sem autorização do Iphan. Permitimos que eles cimentassem o piso, só isso. A tenda deveria ser de madeira e colocada duas vezes ao ano;, afirmou o superintendente regional do Iphan, Alfredo Gastal.
Respeito à lei
Em novembro do ano passado, o órgão embargou a obra, mas ela nunca foi paralisada. Gastal ameaçou entrar na Justiça e conseguiu um acordo com a diretoria da Novacap: a tenda de ferro fica por mais dois meses, até a missa campal, em 3 de maio. Depois, será desmontada e retirada do Eixo Monumental. Se o GDF quiser celebrar a missa do aniversário do JK, terá de providenciar uma estrutura de madeira, nos mesmos moldes que a projetada por Niemeyer em 1957. ;Estou fazendo isso não porque gosto ou não gosto da estrutura. É porque preciso respeitar a lei e nada pode ser construído ali arbitrariamente;, explicou o superintendente do Iphan. Gastal afirma ainda que o Memorial da Missa Campal, do tamanho que foi feito, tira a visão do Memorial JK. ;É até uma ofensa ao fundador de Brasília. Não admito que um bom monumento seja tampado por um mostrengo daqueles.;
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