Cidades

Autor de tragédia em shopping é acusado de estuprar garota de 13 anos

;

postado em 13/03/2009 08:16
O homem que lançou um monomotor contra o Flamboyant Shopping Center, em Goiânia, no início da noite desta quinta-feira (13/3), vivia com Érika Barbosa dos Santos, de 22 anos, desde 2004. Penélope Barbosa Correia, de 5 anos, que morreu na tragédia, era a única filha dos dois. Enquanto Kléber Barbosa da Silva, 24, estava desempregado, ela tentava se profissionalizar para abandonar a vida de dona de casa. ;Ele vivia à custa da mãe;, afirmou a escrivã de polícia Lídia Leal, de 27 anos, amiga de Érika. ;Sei que eles tinham brigado uma vez no ano passado;, contou. Na ocasião, Érika teria sofrido uma agressão leve, mas não quis registrar ocorrência na Delegacia da Mulher. ;Kléber era uma pessoa fechada, não era muito de ficar cumprimentando, e era muito ciumento;, completou. Lídia foi ontem ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) visitar a amiga Érika. Ela estava consciente, apesar do ferimento na cabeça provocado pelo extintor de incêndio que lhe fraturou o crânio e expôs a massa encefálica. Kléber a agrediu e a abandonou no km 118 da BR-060, antes de seguir com a filha para o Aeroclube de Brasília, localizado em Luziânia (GO). ;Ela estava sob efeito de remédios e sempre pedia que a gente procurasse pela filha dela, com medo que algo acontecesse;, lamentou a amiga. Até o início da noite de ontem, a mãe não tinha ideia da tragédia e seu estado de saúde era regular, sem risco de morte. Desaparecimento No fim da tarde de ontem, antes de o monomotor cair e matar pai e filha, a família de Érika foi à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) em Goiânia para registrar o desaparecimento da criança. A reportagem do Correio também conseguiu conversar com um tio de Érika, o segundo sargento da Polícia Militar de Goiás, Adão da Mota Correia. Ele disse que falou com Kléber por telefone duas vezes antes da queda do avião no shopping goiano. Na primeira, o rapaz estava a caminho de Luziânia. Na segunda, contou o sargento, já sobrevoava Goiânia. ;Ele estava maluco, decidido a fazer uma besteira;, comentou. A família decidiu esperar até hoje para contar à jovem que a filha havia morrido. O sargento disse ainda que Kléber era uma ;pessoa fechada;, mas que não demonstrava muita agressividade. Segundo Mota, a família do rapaz morava na Espanha e mandava dinheiro para que ele vivesse em Aparecida de Goiânia. ;Não era um casamento oficializado, mas eles viviam juntos havia cinco anos. Até onde a gente sabia, não havia nada de errado. Ela nunca relatou nenhuma agressão que tivesse sido feita pelo companheiro;, afirmou o tio. Em entrevista ao jornal Diário da Manhã, o delegado-titular da Delegacia de Homicídios da Goiânia, Jorge Moreira, confirmou que Kléber é acusado de estuprar uma menina de 13 anos em Aparecida de Goiânia. A informação havia sido repassada à imprensa pela delegada Ana Elisa, responsável pela Delegacia de Apuração de Atos Infracionais. O estupro teria ocorrido na última segunda-feira, em um matagal do município goiano. A garota ia para o colégio quando teria sido obrigada a entrar em um Vectra branco, carro que Kléber usava. Outro delegado, Rosivaldo Linhares, de Luziânia, afirmou que Kléber não tinha antecedentes criminais. Frieza no aeroclube O desempregado Kléber Barbosa da Silva, 24 anos, chegou ao Aeroclube de Brasília, que fica em Luziânia (GO), por volta das 16h de ontem. Segundo testemunhas, ele estava calmo e disse aos instrutores que queria fazer um voo panorâmico com sua filha (esse tipo de serviço custa R$ 380 no aeroclube). Kléber combinou de pagar o valor na volta, com base nas horas sobrevoadas. Ainda de acordo com os instrutores que estavam no aeroclube no momento, o desempregado demonstrou conhecimento de aviação. Subiu na aeronave, ficou na frente, ao lado do instrutor, José Luiz Gonçalves de Souza Filho, e a filha, Penélope, 5 anos, ficou atrás. Estava calada e não demonstrava nenhuma agitação. ;O que intriga é isso. A garota estava bem tranquila;, ressaltou o delegado do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Luziânia, Rosivaldo Linhares, que ouviu o instrutor ontem mesmo. Segundo depoimento de José Luiz na unidade policial, quando o avião taxiava e fazia o que os pilotos chamam de ;checagem de cabeceira; ; ajeitando o avião para decolar ; Kléber teria sacado uma arma e colocado na cabeça do instrutor, anunciando o assalto. ;Não vi a arma, mas ouvi o barulho dele engatilhando;, contou José Luiz (idade não informada). Segundo ele, além de anunciar o roubo, Kléber disse: ;Já matei um hoje e vou matar dois;. Nesse momento, o instrutor desceu do monomotor e, logo em seguida, por volta das 16h30, Kléber decolou o aparelho. José Luiz disse que a decolagem não ganhou altura compatível com os procedimentos normais. O avião tinha cinco horas de autonomia de voo. O percurso de Luziânia a Goiânia leva de 40 a 45 minutos. O tanque da aeronave estava cheio. Na capital goiana, Kléber tentou um pouso no aeroporto, mas acabou caindo sobre o estacionamento do shopping.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação