postado em 13/03/2009 12:44
Homens do Corpo de Bombeiros cortaram, na manhã desta sexta-feira (13/3), os restos do monomotor PT-VFI, que caiu sobre o estacionamento de um shopping de Goiânia, no fim da tarde de ontem. Duas pessoas morreram no incidente: o autor da tragédia, Kléber Barbosa da Silva, 24 anos, e a filha dele, Penélope Barbosa Correia, de 5 anos. Os oficiais estão à procura da arma que teria sido usada na rendição do piloto do avião e roubo do veÃculo, no Aeroclube de BrasÃlia, em Luziânia. A arma ainda não foi localizada em meio aos destroços.
Com a conclusão da perÃcia, a polÃcia pediu para que todos os donos de carros atingidos retirassem os veÃculos do estacionamento. Dos 23 carros, sete sofreram maiores danos e os donos esperam que as seguradoras decretem a perda total. O shopping está liberado para o público. Apenas a área do acidente está interditada e continua cercada por curiosos.
» Confira os detalhes do acidente
O presidente o Aeroclube de BrasÃlia, Arthur Roffmann, passou a noite e parte da manhã no local acompanhando as buscas. Ele foi à capital de Goiás para buscar os destroços da aeronave, de propriedade do aeroclube. "Tenho que levar tudo porque como é uma entidade pública não posso tomar nenhuma decisão sozinho", disse Roffmann.
A nave possui um seguro obrigatório, que cobre danos à tripulação e ao patrimônio. Mas Roffmann acredita que, como se trata de um roubo, o aeroclube não terá nenhuma responsabilidade por danos causados pelo acidente.
Desaparecimento
No fim da tarde de ontem, antes de o monomotor cair e matar pai e filha, a famÃlia de Érika foi à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) em Goiânia para registrar o desaparecimento da criança. A reportagem do Correio também conseguiu conversar com um tio de Érika, o segundo sargento da PolÃcia Militar de Goiás, Adão da Mota Correia. Ele disse que falou com Kléber por telefone duas vezes antes da queda do avião no shopping goiano. Na primeira, o rapaz estava a caminho de Luziânia. Na segunda, contou o sargento, já sobrevoava Goiânia. ;Ele estava maluco, decidido a fazer uma besteira;, comentou. A famÃlia decidiu esperar até hoje para contar à jovem que a filha havia morrido.
Frieza no aeroclube
O desempregado Kléber Barbosa da Silva, 24 anos, chegou ao Aeroclube de BrasÃlia, que fica em Luziânia (GO), por volta das 16h de ontem. Segundo testemunhas, ele estava calmo e disse aos instrutores que queria fazer um voo panorâmico com sua filha (esse tipo de serviço custa R$ 380 no aeroclube). Kléber combinou de pagar o valor na volta, com base nas horas sobrevoadas.
Segundo depoimento do instrutor José Luiz Gonçalves de Souza Filho, quando o avião taxiava e fazia o que os pilotos chamam de "checagem de cabeceira" ; ajeitando o avião para decolar ; Kléber teria sacado uma arma e colocado na cabeça do instrutor, anunciando o assalto. "Não vi a arma, mas ouvi o barulho dele engatilhando", contou José Luiz (idade não informada). Segundo ele, além de anunciar o roubo, Kléber disse: "Já matei um hoje e vou matar dois". Ele abandonou um carro no aeroporto e fugiu com a aeronave.
VÃdeo que mostra a aeronave usada no crime
[VIDEO1]Nesse momento, o instrutor desceu do monomotor e, logo em seguida, por volta das 16h30, Kléber decolou o aparelho. José Luiz disse que a decolagem não ganhou altura compatÃvel com os procedimentos normais. O avião tinha cinco horas de autonomia de voo. O percurso de Luziânia a Goiânia leva de 40 a 45 minutos. O tanque da aeronave estava cheio. Na capital goiana, Kléber tentou um pouso no aeroporto, mas acabou caindo sobre o estacionamento do shopping.