postado em 13/03/2009 19:29
Uma boa notícia para àqueles que esperam por um transplante de rim no Distrito Federal. Agora, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) abriu um novo ambulatório que possibilitou a realização de transplantes renais com doadores mortos, procedimento antes feito apenas no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).
Com mais este espaço será possível aumentar também a capacidade de realização destas operações com doadores vivos. Desde a abertura do novo local, em fevereiro, dois pacientes já receberam o órgão de doador cadáver.
Uma das já beneficiadas com o transplante renal no HUB foi a dona de casa Cleonice Enísia Cangirana, 38 anos. Desde os 28 anos ela aguarda por um rim e nesta sexta (13/3) ela recebeu alta do Hospital e já vai passar este fim de semana ao lado de toda a família. Após o transplante, realizado no dia 13 de fevereiro, há um mês exato, ela volta para casa chorando de alegria. "Voltei pra casa muito feliz, sai chorando de tanta emoção. Parece um sonho hoje", conta em êxtase Cleonice.
"Foram 10 anos de hemodiálise, três vezes por semana. Eu não podia fazer nada, sempre sentindo enjôo, tomando muitos remédios. Mas no dia seguinte ao transplante eu já me sentia outra pessoa. Era um sábado, dia em que normalmente fazia a hemodiálise, e eu não senti enjôo. Me senti tão bem. Já comecei a viver normalmente nesse dia", diz.
A previsão é que sejam realizados de seis a dez procedimentos ainda neste ano. Antes, os cerca de 350 pacientes, que esperam na fila de transplante do Distrito Federal, contavam apenas com esse tipo de operação no HBDF. Em algumas exceções, quando o Hospital de Base não atendia a demanda, o Hospital Universitário fazia cirurgias nestes moldes.
O tempo de espera é longo e doloroso para quem aguarda na fila. Em julho do ano passado, a notícia de que Cleonice poderia ter um novo rim foi recebida com muita esperança, mas logo foi frustrada, quando o resultado dos exames constatou uma pedra no órgão que ela receberia. "A gente fica na expectativa, é uma emoção, mas o rim não estava bom", lembra a dona de casa.
De acordo com o nefrologista-chefe do Centro de Transplantes do HUB, Giuseppe Cesare Gatto, o espaço ampliado beneficiará estes pacientes. "As pessoas esperam cerca de cinco a seis meses para entrar na fila de espera, para, então, serem credenciadas. A partir disso, a espera é de cerca de oito anos, em média, em Brasília. Com o ambulatório do HUB, o acesso à fila aumentará".
Alguns meses depois do resultado negativo para o transplante do rim, a esperança voltou a bater na porta de Cleonice, e, no meio da madrugada do dia 13 de fevereiro, ela foi chamada pelo Hospital para fazer os exames e, se tudo desse certo, o transplante. "Eu comecei a chorar de emoção, é uma esperança que a gente tem". Os exames aprovaram o órgão e ela, finalmente, conseguiu o rim.
Giuseppe Gatto explica que a dificuldade maior na realização de um transplante de rim, tanto no processo com doador vivo como com morto, ainda é encontrar um doador compatível. "No transplante com doador vivo, as pessoas dependem de alguém que faça a doação do órgão e, nos casos de doador cadáver, as pessoas tem que aguardar na fila um órgão compatível", explica.
Os transplantes entre pessoas vivas devem aumentar de forma relevante. Em 2007, 14 operações foram feitas. A estimativa para este ano é de que 24 transplantes renais sejam feitas no hospital.
Além do novo ambulatório, houve um aumento na equipe médica, agora são mais três profissionais da área, cedidos pela Secretaria de Saúde do DF: um nefrologista - médico que diagnostica e trata das doenças do sistema urinário, em especial do rim - e dois urologistas - médico responsável pelo tratamento das doenças do trato urinário masculino e feminino e do aparelho reprodutor masculino (genitais).
"Todo mundo deveria doar, fazer este ato de amor. É uma esperança para quem faz hemodiálise. Eu não sei quem foi meu doador, mas agradeço à família que permitiu a doação", finaliza Cleonice.
Os interessados em mais informações acerca da doação de órgãos podem acessar a página da Associação Brasileira de Transplante de órgãos (ABTO): www.abto.org.br ou ligar para o Centro de transplante do HUB: 3448-5592.