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Investigação vai apurar segurança no Aeroclube de Brasília, em Luziânia

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postado em 14/03/2009 08:16
A polícia de Luziânia (GO) abriu nessa sexta-feira (13/03) inquérito para apurar se houve responsabilidade do Aeroclube de Brasília, localizado nos arredores do município distante 58km do Plano Piloto, no roubo de um monomotor na tarde de quinta-feira (12/03). Kléber Barbosa da Silva, 31 anos, usou a aeronave prefixo PT-VFI para sequestrar a filha de 5 anos, provocar pânico em Goiânia (GO) e derrubar o avião no estacionamento do Flamboyant Shopping Center, o maior centro comercial da capital goiana. O pai e a criança morreram na queda. Ninguém mais ficou ferido.

O delegado Fabiano Medeiros, titular do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Luziânia, quer saber se o aeroporto da cidade apresentou falhas na segurança. ;O inquérito investigará o sequestro da menina e o roubo do avião. Mas, como o principal envolvido morreu, deve ser arquivado por falta de objeto. Mesmo assim, é preciso investigar se os problemas de segurança no aeroclube contribuíram para a tragédia. Se contribuíram, o Ministério Público pode representar pelo fechamento do lugar;, explicou.

A primeira testemunha do caso prestou depoimento na sexta-feira (13/03) pela manhã. O instrutor de voo José Luiz de Souza Filho, 25, descreveu momentos de tensão ao ser rendido pelo sequestrador durante o roubo do monomotor ; Kléber acertou um voo panorâmico por R$ 380 na administração do local e pagaria na volta. O piloto não viu a arma usada no crime, mas ouviu o estalo do gatilho e sentiu o cano pressionado contra o pescoço. Kleber, que se identificou como Welber, gritou que se tratava de um sequestro e apertou com força o braço esquerdo da vítima. Estavam dentro da aeronave.

Expulso da aeronave
José Luiz também confirmou um dos últimos diálogos com Kléber. O sequestrador disse que ;havia matado uma pessoa naquele mesmo dia; e perguntou se ele ;também queria morrer;. Logo em seguida, mandou que descesse da aeronave. O instrutor retirou o cinto de segurança, saiu do monomotor e correu pela pista de pouso e decolagem do Aeroclube de Brasília. Ainda olhou para trás com medo de ser atingido pelas costas. Toda a movimentação ocorreu às 16h20. Cerca de 40 minutos depois, o avião sobrevoava Goiânia.

Dois detalhes ainda chamaram a atenção do piloto. Um deles foi o comportamento do pai e da filha, que ;não demonstravam nenhum tipo de nervosismo;. José Luiz ficou ainda surpreso com o conhecimento de voo do sequestrador. Escolheu, por exemplo, um modelo para quatro pessoas só pelo tipo da aeronave. Ao entrarem nela, no entanto, perguntou sobre a capacidade dos tanques de combustíveis e a autonomia de voo. Logo se sentou à esquerda na cabine, assento normalmente usado pelo comandante, e anunciou o sequestro.

O instrutor tem seis anos de experiência aérea e trabalha há sete meses no Aeroclube de Brasília. Além dele, o delegado Fabiano Medeiros ouvirá os depoimentos de pelo menos dois funcionários da administração do aeroporto de Luziânia. O responsável pelas investigações descobriu que hoje não há sequer preocupação em registrar os interessados em voos panorâmicos. ;Não existe cadastro de nenhum tipo nem detector de metais. Isso é um problema e muito arriscado. E se alguém resolve seguir em direção a Brasília e ao Congresso Nacional?;, questionou o delegado.

O vice-presidente do Aeroclube de Brasília, Omar Victor do Espírito Santo, admitiu ontem ao Correio as falhas de segurança no lugar. Segundo ele, parte da responsabilidade é da própria população de Luziânia. ;Muitos, inclusive autoridades da cidade, entendem isso aqui como área de lazer e não como área de segurança. Se restringirmos o acesso, por exemplo, vai dar briga;, afirmou. O local, que fica na periferia do município goiano, não conta com cercas de metal e os visitantes têm acesso fácil à pista de taxiamento aéreo.

Vigias, só à noite
A guarita da entrada fica vazia ao longo do dia. Só há vigilantes à noite, responsáveis por cuidar das 22 aeronaves, entre monomotores, planadores e ultraleves. Os estacionamentos públicos ainda servem para testes para carteira de motorista. São dezenas de carros com logotipos de autoescola e centenas de candidatos a motorista que tomam conta da área. Outro perigo é o restaurante do aeroporto. Os clientes almoçam a 10m da pista de pouso e decolagens. Uma cerca de menos de 1m os separa dos aviões. Omar marcará uma reunião com o prefeito de Luziânia para melhorar a segurança.

Além do sequestro de quinta-feira (12/03), dois crimes ocorridos nos últimos 10 anos marcaram a história do Aeroclube de Brasília. Em outubro de 2007, uma discussão resultou na morte do piloto Wagner de Jesus Souza, 32. Um empresário e engenheiro de 47 anos, associado e morador de Luziânia, apareceu como principal suspeito. A briga ocorreu porque a vítima sujou o hangar do acusado ao pousar um helicóptero. Wagner levou três tiros. No início dos anos 2000, um homem com problemas mentais provocou estragos ao tentar levantar voo com uma aeronave.

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