Cidades

Artistas especiais expõem quadros em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down

Em homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down, duas exposições de artistas especiais serão abertas na segunda-feira, no Complexo Cultural da República

postado em 14/03/2009 08:25
Um grupo de pintores e fotógrafos brasilienses está bem ansioso pelo início de duas exposições no Conjunto Cultural da República. Alguns já são artistas experientes ; mesmo com pouca idade ; mas ainda sentem o frio na barriga por terem de submeter o trabalho a um público amplo. No início da noite da próxima segunda-feira, no entanto, eles estarão com o sorriso aberto, prontos para receber o merecido reconhecimento. Prontos para mostrar que a síndrome de Down não é empecilho para um desenvolvimento saudável e natural. A exposição Olhares, que será dividida entre a Biblioteca Nacional (pinturas) e o Museu Nacional (fotos), faz parte da programação da semana do Dia Internacional da Síndrome de Down, com vários eventos promovidos pela Associação Mães em Movimento (Amem) (leia quadro). Cada item da programação tem o objetivo de mostrar que a síndrome não deve ser vista como uma doença e que quem nasce com ela pode viver em sociedade e se sentir útil. Henrique de Miranda Grochocki, 24 anos, e Lucio Piantino, 13, por exemplo, ajudam a movimentar a economia. Para eles, a pintura, que começou como hobby, está se transformando em profissão. ;Sou artista;, dispara Lucio, que já pintou mais de 40 quadros e foi protagonista de duas exposições até agora. ;Apareci no jornal e na televisão;, completa com um sorriso que já mostrou na capa do Correio em novembro do ano passado. O dinheiro dos vários quadros já vendidos, ele não quis gastar. ;Minha mãe comprou o material para eu começar a pintar, então deixei com ela;, revela . ;E o que ela fez foi gastar tudo em tinta e tela;, conclui o garoto, que adora as aulas da 5ª série no Ginásio da Asa Norte (GAN). A alegria de Lucio contagia todos à sua volta, inclusive Henrique, que é mais tímido. Característica que, no entanto, não o impede de reconhecer o valor das próprias obras. ;Sou bom desde que comecei a pintar;, garante. Ele começou em 2005 e seus quadros mostram sempre muita cor e cenas da natureza. ;Agora, quero me concentrar nas fotos também;, conta ele, que vai expor imagens que nasceram de uma oficina realizada com pessoas de 12 a 24 anos, todas com síndrome de Down. Linguagem A fotógrafa e professora Lara Grandi, 38, que ministrou a oficina, conta que o objetivo é abrir para eles uma nova possibilidade de linguagem. ;O trabalho de cada um diz muito sobre a personalidade deles. O Henrique, por exemplo, tirou várias fotos da família e dos quadros que ele pinta;, conta ela, que já deu aulas de fotografias a cegos. Lara também é mãe de Théo, que nasceu com síndrome de Down. ;Vou estimulá-lo de todas as formas possíveis;, garante. Os estímulos, aliás, são importantíssimos para quem tem Down, pois a existência de um cromossomo (o de número 21) a mais nas células traz consequências, como um aprendizado mais lento. ;Muitas vezes, os professores não conseguem entender bem isso;, lamenta Lurdinha Piantino, 49, mãe de Lucio e fundadora da Amem. ;No começo, a escola aceita bem, mas eles crescem e a dificuldade aumenta. Até a 4ª série, que é só uma professora, é mais fácil. Depois há vários professores e alguns têm dificuldades;, avalia ela, que acha que as escolas regulares não estão plenamente preparadas para receber alunos com necessidades especiais. A servidora Maria de Lourdes Lima, 48, mãe da pequena Liz Luíza, 3, é mais otimista. ;Não tive problemas para me preocupar ainda, ela está no jardim de infância público da 404 Norte e é bem aceita. Ela adora ir à escola. Quero acreditar que vai continuar assim;, afirma. A rede pública de ensino do DF tem o programa Educação Precoce para atender bebês e crianças com síndrome de Down e outras deficiências e prepará-los para entrar no ensino regular aos 3 anos. Programação Segunda, 16/3 # 19h ; Abertura da exposição Olhares, que fica em cartaz até o próximo dia 22. Fotografias no Museu Nacional e pinturas na Biblioteca Nacional. Quarta, 18/3 # 8h ; Fórum de debates no auditório Dois Candangos, na Universidade de Brasília. Pela manhã, palestras com o geneticista Izaias Soares de Paiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Elizabeth Tunes, da UnB, e Lurdinha Danezy Piantino, da Associação Mães em Movimento. À tarde, mesas-redondas sobre afetividade, escola, família e preconceito. Quinta, 19/3 # 19h ; Sessão solene no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal em homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down. Sexta, 20/3 # 11h ; Palestra Os avanços das pessoas com síndrome de Down, com a médica Elvira Garcia no Hospital das Forças Armadas (HFA). Sábado, 21/3 # 9h ; Caminhada em homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down com distribuição de camisetas. Concentração em frente à administração do Parque da Cidade.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação