Cidades

Polícia abre inquérito para identificar pichadores do Teatro Nacional

Peritos fotografaram ontem a grafia para compará-la com os traços de pichadores catalogados no Instituto de Criminalística

postado em 18/03/2009 08:21
A Polícia Civil abriu investigação para saber quem pichou a fachada do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Símbolo cultural e um dos cartões-postais de Brasília, o patrimônio público tombado amanheceu rabiscado de uma ponta a outra na última segunda-feira. Tudo indica que os vândalos praticaram o crime entre a noite de domingo e a madrugada do dia seguinte, pois não havia eventos no teatro. Outro fator que favoreceu a ação criminosa é o número pequeno de vigilantes. À noite, ficam apenas dois: um na parte interna e outro do lado de fora do teatro. ;Havia uma festa aqui perto, então a gente só se preocupou com os vidros;, admitiu um funcionário da segurança, que pediu para não se identificar. Ainda ontem podia se ver as marcas do vandalismo. A pintura do prédio foi adiada para hoje, porque a perícia só ocorreu no fim da tarde de ontem. A equipe do Instituto de Criminalística (IC) chegou por volta das 18h. Os peritos fotografaram as grafias para compará-las com os traços de pichadores catalogados no IC. A equipe contou com um papiloscopista, para ajudar na identificação dos autores. Além disso, ela fotografou a pichação. Antes, uma equipe da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central de Brasília) passou pelo teatro. Um dos agentes conseguiu decifrar algumas palavras, que possivelmente significam apelidos dos autores. Entre elas, Metal, Flash e Bart. No canto direito do Teatro Nacional ; no sentido Esplanada/Rodoviária do Plano Piloto ; havia uma inscrição debochada: ;a maior;. ;Quanto mais difícil o obstáculo, mais respeito ele (pichador) tem entre os adeptos do crime;, revelou um policial. Os vigilantes encontraram uma importante prova para ajudar os policiais a chegarem aos criminosos. Um dia depois do ato de vandalismo, eles acharam duas latas de spray perto do local onde foram feitos os rabiscos. Os frascos estavam dentro de um saco plástico, o que ajuda a conservar as impressões digitais de quem os usou. O delegado responsável pela investigação, Marco Antônio de Almeida, da 5ª DP, acredita que o crime tenha sido praticado por adolescentes. A delegacia também possui um catálogo de pichações cujos autores foram identificados. ;Por enquanto, a gente não tem suspeito. Mas vamos continuar as investigações até pegá-lo;, assegurou o delegado. Pena branda Por ser considerado um crime de menor potencial ofensivo, a lei é branda para quem pratica o ato de vandalismo. Segundo Almeida, o autor está sujeito a uma pena de seis meses a um ano de prisão. Caso o dano seja cometido contra patrimônio tombado, a pena máxima aumenta para dois anos de cadeia, o que dificilmente acontece. ;A legislação prevê, nesses casos, penas restritivas de direito, como prestação de serviços à comunidade;, explicou o Marco Antônio de Almeida. A escalada dos pichadores não foi tão difícil. Os pinos de ferro, que davam sustentação aos cubos de concreto, acabaram servindo de apoio para os criminosos. Os blocos foram retirados em 2007. A colocação deles esbarra na falta de interesse de empresas em participar da licitação para executar o serviço. Por ser patrimônio tombado, têm de ser feitos no mesmo padrão desenhado pelo artista plástico Athos Bulcão, que morreu ano passado. A Secretaria de Obras informou que abrirá, em 20 dias, nova licitação para recolocar os blocos. Já a Secretaria de Cultura garantiu que vai usar tintas do estoque do teatro para pintar a fachada.

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