postado em 23/03/2009 08:31
O tempo fechou na madrugada de ontem na 32ª DP (Samambaia Sul). Policiais civis e militares se desentenderam por causa da tipificação de um crime e quase entraram em confronto. Os PMs queriam prender um acusado de desobediência, mas decidiram levar o rapaz até o plantão do Ministério Público diante da negativa do delegado plantonista Jonai Lemes Vieira em registrar a ocorrência. Os ânimos se exaltaram quando Vieira tentou evitar que eles levassem o preso.
Ao comentar o ocorrido, o major Roberto Ninaut, que ontem respondia pelo comando do 11º Batalhão da PM (Samambaia), disse que o que motivou a briga tem acontecido com frequência. ;Temos tido dois problemas nas delegacias. Primeiro, toda vez que levamos uma ocorrência, eles estão ouvindo o preso antes dos policiais e isso dificulta a compreensão do fato;, alega Ninaut. ;Ocorre também que estamos chegando com todos os elementos de um flagrante e eles desqualificam, colocam que está ;em apuração; em vez de registrarem a ocorrência;, completa o major.
O pivô da confusão foi um homem, que não teve o nome divulgado. Ele foi abordado por volta das 2h na altura da Quadra 302 de Samambaia. ;Ele estava com uma mulher em uma moto, mas fugiu sozinho quando a PM se aproximou;, conta Ninaut. O suspeito saiu acelerando na contramão e teria jogado o capacete em cima do carro da PM. ;Mas ele caiu em seguida e foi preso depois de fugir a pé. Estava sem a documentação da moto e sem habilitação;, completa o major.
Ao chegar na 32ª DP, os sargentos da PM, que foram identificados apenas como Viana e Barreto, apresentaram o suspeito ao agente de polícia. ;Mas ele tentou desqualificar a ocorrência, dizendo que não se tratava de desobediência. Nisso, o sargento pediu a presença do delegado;, afirma Ninaut. ;Ele então confirmou que não registraria a desobediência e o sargento disse que levaria o preso para o Ministério Público;, explica o major. Nesse momento, o delegado Jonai Vieira teria fechado a porta da DP e dito que o preso não sairia da delegacia. ;Eles então bateram boca e o delegado colocou a mão na arma. Os PMs acabaram saindo com o preso e na confusão o sargento Viana arranhou o braço;, informa Ninaut.
Os PMs foram então até o Ministério Público e contaram o caso ao promotor de plantão, que determinou que o sargento ferido fosse ao Instituto de Medicina Legal para fazer um exame. ;Vamos enviar o laudo para o MP;, afirma o major Ninaut. No fim, eles voltaram à DP e registraram a ocorrência, mas ainda não foram ouvidos ; o que deve ocorrer hoje ou amanhã. O suspeito prestou depoimento e foi liberado.
Atritos
Na versão contada por integrantes da Polícia Civil, os PMs teriam chegado à 32ª DP com o acusado bastante ferido e os agentes teriam informado que não poderiam prender uma pessoa com lesões pelo corpo. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Welington Souza, alguns dos policiais militares reagiram de forma violenta. ;Os PMs contrariaram a ordem pública, arrebataram o preso e ameaçaram os agentes e os delegados;, comenta. Segundo ele, os policiais militares usaram de violência para tirar o preso de dentro da delegacia, onde ele estava sob a custódia da Polícia Civil.
;Era uma ocorrência simples, que acabou em confronto. É só mais uma demonstração dos atritos diários que têm acontecido entre policiais militares e civis;, garante Welington. ;Se não houver providências, isso vai acabar em tragédia. Ainda bem que neste episódio da 32ª DP, nossos policiais civis tiveram equilíbrio para não reagir à ação violenta dos PMs;, acrescenta.