postado em 23/03/2009 08:38
O casario antigo e as igrejas centenárias não deixam dúvidas de que Planaltina guarda uma história secular. A cidade viu a passagem dos bandeirantes em busca de ouro, no século 18, e a chegada da Comissão Cruls, que em 1892 veio demarcar a área da futura capital brasileira. Já foi conhecida como Mestre d;Armas e Altamir, antes de receber o nome que conserva até hoje. Este ano, Planaltina comemora 150 anos de fundação com o desafio de preservar o passado e a memória da cidade.
A data surpreende brasilienses mais alheios à história da região. Como Brasília tem apenas 48 anos, muitos imaginam que tudo ao redor da capital federal é igualmente novo. Mas a movimentação em torno de Planaltina começou há quase 300 anos. Naquela época, a exploração de minas de ouro e esmeralda era o grande motor da economia e o interior de Goiás passou a ser ponto de passagem para o escoamento de produtos.
Por volta de 1790, um pequeno povoado se formou onde hoje existe a cidade de Planaltina. Segundo contam os historiadores, ali vivia um ferreiro conhecido por consertar o armamento dos viajantes. Em homenagem a ele, o vilarejo ficou conhecido como Mestre d;Armas. O morador mais ilustre da região nessa época era o fazendeiro José Gomes Rabelo, proprietário de uma grande extensão de terras.
Ele ajudou a escrever a história de Planaltina quando, em 1811, decidiu doar parte de sua propriedade à Igreja como uma promessa. ;Ele queria salvar a população contra uma forte epidemia que estava devastando a região;, conta o professor Mário de Castro, pesquisador da história de Planaltina. O povoado passou, então, a se chamar Arraial de São Sebastião de Mestre d;Armas. E no local foi construída a Igreja de São Sebastião, que até hoje é um dos símbolos da cidade.
O território pertenceu à Vila de Santa Luzia, hoje Luziânia, e ao Julgado de Couros, hoje Formosa. Em 19 de agosto de 1859, uma lei criou o distrito de Mestre d;Armas. Pouco depois, a região teve um papel importante para a transferência da nova capital para o Planalto Central. Em 1892, chega a Mestre d;Armas a Comissão Cruls, que fez os estudos para a demarcação da área.
A missão teve a ajuda de um adolescente de apenas 13 anos, que conhecia a região como ninguém. Era Viriato de Castro, filho de um coronel do distrito. Ele percorreu a cavalo toda a área que se transformaria no território de Brasília. Viriato era avô do professor Mário de Castro, que hoje se dedica a estudar a história da região. Ele divide seu tempo entre as aulas para alunos do ensino fundamental de Planaltina e os livros de história.
Mário de Castro lembra que, no mesmo ano da chegada da Comissão Cruls, o distrito de Mestre d;Armas virou vila. ;Foi quando a região passou a ter intendente, um conselho municipal e uma cadeia pública;, explica. Em 1910, veio mais uma mudança de nome. A vila recém-criada passou a se chamar Altamir. ;O nome tem relação com a vista que se tinha do alto do Morro da Capelinha;, destaca Mário. Em 14 de julho de 1917, a cidade recebeu o nome de Planaltina, diminutivo feminino da palavra Planalto.
O novo nome coincidiu com um momento importante para a cidade. Em 1922, por determinação do então presidente Epitácio Pessoa, foi instalada a nove quilômetros do centro de Planaltina a pedra fundamental para a construção da futura capital. Em 1955, com a delimitação definitiva da área da futura capital, Planaltina foi dividida. Parte do território ficou com Goiás e outra parte passou a integrar o Distrito Federal.
Conservação
A história de Planaltina ainda pode ser vista em pontos turísticos da cidade, como a Igreja de São Sebastião, conhecida como Igrejinha, e no Museu Histórico e Artístico. Mas um bom pedaço do passado da região se perdeu. Muitas das construções antigas já ruíram ou estão completamente abandonadas.
Leia íntegra da matéria na edição impressa do Correio Braziliense