postado em 28/03/2009 17:28
Quem não contribui com os flanelinhas nos estacionamentos públicos do Distrito Federal corre o risco de, no mínimo, ser hostilizado. Os guardadores de carro têm dominado a relação com os motoristas por meio de ameaças e intimidação. Em alguns pontos, eles são acusados de depredar veículos de quem não costuma despejar moedas e cédulas pela janela. Diversos relatos enviados pelos leitores do Correio() mostram que os brasilienses sentem-se cada vez mais acuados e amedrontados com essa situação. Eles criticam a postura da associação e cobram das autoridades mais eficiência no combate a esse tipo de comportamento, que oferece risco à segurança dos motoristas.
Confira os depoimentos:
"No dia 18/03, por volta das 09h30, eu procurava uma vaga para estacionar meu carro próximo ao complexo comercial Brasil 21. O estacionamento escolhido foi o que possui uma obra de nº 138 do GDF (um ponto de táxi ou algo parecido). Ao entrar no referido lugar, percebi que, apesar de lotado, havia ainda algumas vagas, cada uma delas com um balde no centro. Posicionei meu carro em frente a uma delas e fiz sinal para que um dos flanelinhas retirasse o objeto para que eu estacionasse. O dito-cujo ficou olhando para mim com cara de desentendido, até que chegou alguém numa caminhonete importada preta. Imediatamente o flanelinha foi até à vaga, retirou o balde, e o condutor da caminhonete preta estacionou, como se nada estivesse acontecendo.
Eu estava posicionada em frente à vaga, indicando por meio da seta que tinha a intenção de estacionar ali. Ficou claro para mim o que todo mundo já sabe: há uma máfia de flanelinhas, alimentada por pessoas que se julgam melhores do que as outras e que dificultam, muito, o estacionamento na cidade. Além de ser obrigada a pagar flanelinhas para não ter o meu carro avariado numa vaga pública, ainda tenho de pagar mais para ter o direito de estacionar? Se já é assim, governador, cadê um projeto decente de implementação de estacionamento rotativo? Se temos de desembolsar mais dinheiro do que o que já pagamos em impostos, ao menos que seja a algo regulamentado, que preserve nossa segurança e nosso direito de ir e vir.
Isso é um absurdo! A próxima vez em que presenciar uma coisa do tipo, vou fotografar e enviar para o jornal."
Paula Freire
;Sou morador de Taguatinga e muitas vezes preciso estacionar no centro da cidade. Como todo mundo que frequenta tal lugar sabe, a escassez de vagas para estacionar já atingiu níveis críticos. Conheço muita gente que teve seus carros roubados por aqui. Alguns locais que considero mais críticos são: na avenida das Palmeiras, nas proximidades do colégio Stella Maris, onde minha cunhada teve o seu carro arrombado, ainda que houvesse diversos "guardadores de carro" vigiando; nas quadras C8 e C12, nos arredores da agência do Banco do Brasil, onde meu vizinho teve o seu carro roubado; no pistão sul, próximo à agência da Caixa Econômica Federal, onde fui insultado por um flanelinha ao deixar o carro e, no momento de sair, recebi reclamações da gorjeta que lhe ofereci; ainda no pistão sul, próximo à boate Capital, onde meu cunhado teve o seu carro arrombado (vidros quebrados, fechadura arrombada e fios elétricos cortados) e o som roubado.
Já no plano piloto, fui testemunha de um arrombamento de um automóvel, no estacionamento da via S2, próximo ao Museu da República e do Setor de Autarquias Sul. Um sujeito tinha quebrado um dos vidros e estava retirando o som do painel, em plena luz do dia, por volta das 10h. Os flanelinhas que ficam naquele local nada fizeram; talvez sejam até cúmplices dos crimes, já que muitas vezes sentimos cheiro de maconha quando passamos pelo local.
A extorsão não se resume aos flanelinhas: um colega que trabalhava no Setor de Autarquias Sul já foi abordado por um vigia da Biblioteca Nacional oferecendo uma vaga em frente ao prédio, por um valor que não sei precisar ao certo.
Tenho adotado algumas estratégias para evitar esse tipo de situação: quando preciso ir ao SCS, por exemplo, deixo dentro de shoppings e vou andando até o local, mesmo sabendo que pago mais por isso. A mesma estratégia adoto quando vou ao centro de Taguatinga: deixo o carro ou em casa ou longe do centro e vou andando.
Acho que uma das soluções seria a implantação de câmeras em estacionamentos mais movimentados. Embora paliativo, já seria um começo.;
Mauro*
;Sou servidora pública e já fui ameaçada e até proibida de estacionar o meu carro no estacionamento do shopping Conjunto Nacional. O flanelinha me marcou, por não ter dado a gorjeta, e numa outra vez que fui ao shopping, ele ficou em pé na frente da vaga para eu não colocar o meu carro. Disse que a vaga estava reservada para um outro veículo. Geralmente, eu dou o trocado, só que no dia em não tinha dinheiro nenhum na bolsa.
Em uma outra ocasião, no mesmo estacionamento, dei R$ 0,50 para o flanelinha e isso foi motivo de grande ofensa para ele, que me dispensou palavras de baixo calão.
Deixei de ir ao Conjunto Nacional e quando resolvo ir aos shoppings no horário do almoço, deixo meu carro no estacionamento do MEC (local onde trabalho) e vou de ônibus. Que jeito! Daqui a pouco, ninguém mais sai de casa.; Marlene
;Recentemente, ao estacionar em uma vaga para veículos próximo à feira dos importados, o flanelinha perguntou-me se podia vigiar o carro. Como eu estava sem dinheiro e acho que não seria justo deixar para informar essa situação depois que voltasse, disse a ele: pode, porém estou sem dinheiro. Ele retrucou que então eu deveria ir estacionar em outro local. Deixei o carro na vaga, mas durante todo o tempo em que fiquei afastado, fiquei preocupado, pois sei que ele poderia fazer danificar meu carro etc. Portanto, sou contra a existência de flanelinhas. Acho que a atividade deveria ser proibida.;
José Antonio
;Adorei que o Correio tenha abordado o problema dos flanelinhas em Brasília. Estaciono meu carro diariamente no setor comercial norte e sinto muito medo das pessoas que vigiam os carros. Nós pagamos para que eles não estraguem nossos veículos e não para que eles vigiem. Escutei alguns dias atrás que os flanelinhas seriam cadastrados e achei um absurdo! O que precisamos é que o governo reassuma a responsabilidade pelas áreas públicas.;
Cristina Bonato
;Já sofri hostilizadades quando não tinha dinheiro ou quando dava pouca gorjeta. Quando não tenho dinheiro, tento sair do carro sem ser vista para não correr o risco de falar que não tenho dinheiro e eles arranharem o carro por raiva.
Realmente, é um absurdo passar por esse tipo de constrangimento, sendo nosso o direito de usufruir livremente. Acho que as autoridades deveriam tomar alguma atitude para coibir esse tipo de ação e não ficar esperando um registro de ocorrência na delegacia. Até porque esse tipo de reclamação é geral em todo DF.;
Amanda Queiroz
;Estive lendo a reportagem sobre as pessoas se tornarem refém dos flanelinhas e venho contar-lhes minha experiência. Mudei de trabalho há pouco tempo, então tenho que parar o carro no estacionamento perto do Parque da Cidade e dos edifícios do Pátio Brasil e Brasil21, perto de um Posto do SAMU. Acontece que lá, além dos flanelinhas "exigirem" o dinheiro, eles não deixam você parar o carro onde quer... Dizem que o local onde você quer parar é para eles lavarem os carros ou que saio só depois das 18h, quando eles não estão mais lá... Te intimidam, falando que vão riscar o carro se você colocar na vaga onde eles lavam os carros... Já liguei para polícia e nada resolvido. Não é só um ou outro flanelinha, são todos eles... Me sinto ameaçada, mas tenho que parar lá, pois é o lugar onde tem mais vagas públicas perto do meu serviço.
Camila Reis
;Em Taguatinga é praticamente impossível estacionar o carro sem ser perturbado pelos flanelinhas. Próximo ao Alameda Shopping, no estacionamento ao lado da Clínica Marra - lugares frequentemente movimentados ; o valor cobrado para sair com o carro é de R$ 50,00 (cinquenta reais). Isso é EXTORSÃO! Onde está a polícia que não tira esses marginais das ruas? Pergunte a qualquer morador ou usuário do local. É preciso montar uma campana e pegar esses marginais! Sobre o comentário desse sujeito que se diz "presidente da associação dos flanelinhas", Valdivino Diogo da Silva, que associação é essa? É um hipócrita! Não existem regras, jamais existirão.
Tente estacionar próximo à Receita Federal - centro de Taguatinga. Naquele "fundinho" ali, parece não ter lei. Não se vê qualquer policial, ou carro do Detran, passear pelo lugar. Parece ser não ter lei. Esses pontos além de muito perigosos, são verdadeiras desordens, o dia inteiro, durante todo o "expediente". É preciso acabar com esse câncer, antes que se torne irreversível.;
André Carvalho
;Parabéns pela reportagem! Sempre falei sobre a agressão dos flanelinhas. Parar o carro em estacionamentos públicos aqui em Brasilia é como ir para o campo de batalha. Os flanelinhas não vigiam nossos carros e só aparecem quando vamos sair.
Certo dia dei R$ 0,50 e o flanelinha jogou a moeda no chão e me ofendeu por pagar pouco... Eu respondi que a rua é pública e o estacionamento também e que o dinheiro já era lucro para ele, pois ninguém deve nada a eles. Isto ocorreu na 102 sul, rua das farmácias. Outro acontecido foi na 405 sul, meu carro estava parado e vi o flanelinha mandando uma caminhonete dar marcha ré e não estava olhando se podia ou não,apenas ele dizia ;vem, vem, vem;. A camionete acabou abalroando no meu carro, estragando o para-choque. O motorista da camionete desceu e pediu desculpas. Ele disse que nem olhou por ter confiado no flanelinha.
Já até falei ao vivo na CBN, quando um delegado foi entrevistado sobre sequestro relâmpago. Eu disse que não sabemos quem chega perto de nosso carro, pois devido aos flanelinhas, estamos acostumados a alguém chegar perto para dizer: ;posso vigiar, doutor?;
Perguntei ao delegado porque não tiram os flanelinhas da rua, ele me respondeu que isto é um problema social... Mas sendo ou não um problema social, os flanelinhas devem ser retirados, pois isto tem tirado o DIREITO DE IR E VIR dos cidadãos, pois deixamos de ir a muito lugares para evitar problemas com os flanelinhas. Além do que, deixar os flanelinhas em atividade os incentiva a não trabalhar, pois é mais fácil EXIGIR dinheiro por dizer que vigiou um carro do que fazer algo que realmente dê trabalho. Isto deveria ser uma tarefa diária da POLÍCIA CIVIL ou eles vão continuar a transformar os estacionamentos PUBLICOS em estacionamentos privados, ou seja, de propriedade dos flanelinhas.;
Jefferson Avelar
;Olá. Li a matéria sobre a ação dos flanelinhas no site hoje e gostaria de relatar um fato ocorrido comigo, ou melhor, com minha irmã. Nós fomos ao SRTVS e estacionamos na saída do Parque da Cidade, próximo ao edifício da FUNAI, já que não encontraríamos vagas em um local mais próximo. Eu estava em um veículo e minha irmã em outro, tendo ela estacionado um pouco afastada do meu. Ao retornarmos, entrei no meu veículo e ela seguiu para o seu. Quando fiz a manobra e me desloquei para onde ela havia estacionado, vi que um flanelinha tentava impedi-la de entrar em seu veículo. Desci imediatamente e fui até lá para saber o que estava acontecendo. Ao gritar, o dito flanelinha afastou-se do veículo e minha irmã entrou. Comecei a discutir com o sujeito, mas logo chegaram outros. Na confusão, aquele que tentava impedir minha irmã saiu rapidamente do local. Tomei aquilo como uma estratégia para, caso chegassem policiais, não ser identificado como autor. Considero isso um absurdo, pois, além de não encontrar vagas em estacionamentos próximos, ainda temos que aturar essas "quadrilhas" que estão se apossando de áreas públicas. Criaram até uma associação... Será que tal entidade poderá ser acionada judicialmente em caso de avarias provocadas pelos flanelinhas ? Creio que não, como conseguiremos provar alguma coisa. No fim, eles é que se dão bem...
Gostaria que esse respeitado jornal verificasse, publicasse e, quem sabe, sensibilizasse as autoridades públicas, sobre, salvo engano em Belo Horizonte, a Polícia Militar retirar os flanelinhas das ruas da Pampulha (os visitantes da lagoa estavam sendo "achacados") e os levaram para a delegacia, onde estavam sendo autuados por ficar na rua sem ocupação legal (esqueci o nome, parece ser uma contravenção penal). Aproveito também para protestar contra aquelas pessoas que deixam água escorrer pelo asfalto o dia inteiro. Assim não há operação tapa-buracos que dê conta...;
Silvinho
;Gostaria de parabenizar o Correio Braziliense por denunciar estes flanelinhas que não passam de bandidos travestidos de trabalhadores. Frequentemente sou hostilizado por essa cambada porque eu não aceito a extorsão deles, mas ao contrário da maioria dos motoristas, não me intimido com eles. Por favor peço que continuem a denunciar esses bandidos, pois acredito que somente assim o governo tomará alguma providência. Mais uma vez, meus parabéns ao Correio .;
Leandro
;Gente, está ficando impossível sair às ruas em Brasilia e estacionar um carro em área pública. Todas as vezes em que tenho que ir a algum lugar aqui, já fico com receio de acontecer algum desentendimento entre mim e um flanelinha. Não suporto mais essa pressão de ser obrigada a ter dinheiro pra dar para esses que fizeram da nossa vida um inferno.
Ano passado, fui a um evento no Centro de Convenções e logo quando cheguei vi um flanelinha indicando-me um local pra estacionar. Bem, eu ia estacionar de qualquer jeito, com ele ou sem ele, eu sei onde posso estacionar, sou motorista desde os 18 anos e hoje estou com 40 anos, portanto a ajuda dele pra mim não tem sentido. Ao descer do carro, o flanelinha pediu para vigiar o meu carro e eu disse que sim, pois com medo somos obrigados a ajudar a essa máfia dos estacionamentos a crescerem. Fui andando com pressa porque estava atrasada para entrar no evento. Eu estava com duas amigas e, para minha surpresa, o flanelinha veio correndo atrás de mim e me PEDIU UM PAGAMENTO ADIANTADO de R$ 10. Não acreditei naquilo, fiquei perplexa. Como assim, pagar adiantado para um flanelinha e ainda 10 reais? Eu disse a ele que não ia pagar adiantado, pois quem me garantiria que ele ia vigiar o meu carro. Aí, ele ficou tentando me convencer a pagá-lo e me falou que todo mundo estava fazendo assim e me mostrou um bolo de dinheiro que ele tinha no bolso. Fiquei mais perplexa ainda, pois ele tinha notas de 10, 20 e até 50 reais no bolso. Depois de muita pressão, eu disse pra ele que não tinha os 10 reais e só tinha 2 reais. Aí, ele ficou bravo, falou que eu tinha mais e que estava escondendo e que 2 reais não dava pra nada.Uma das minhas minhas amigas ficou brava com ele e ameaçou chamar um policial que estava cuidando do trânsito. Quando ela ameaçou chamar o policial, ele recuou e aceitou os 2 reais. Eu acabei pagando os 2 reais pra ele, sabendo que ele não iria vigiar o meu carro. Simplesmente eu paguei por MEDO.
Fiquei com muito medo de voltar para o carro. Já imaginava o pior. Quando retornei ao carro, cadê o flanelinha que disse que ia cuidar do meu carro? Claro, ele tinha evaporado. Fiz uma vistoria no carro por fora e não vi nada de errado. Quando entro no carro, vem um outro flanelinha me ajudar a sair do estacionamento vazio. E enquanto manobrava, ele chegou na minha janela e me pediu dinheiro. Quando eu disse que já havia pago adiantado para o outro flanelinha, esse homem virou um bicho, me xingou de tudo quanto é nome e eu fui embora arrasada, perplexa com o que está acontecendo com os cidadãos de bem. Cadê a polícia, cadê a Admistração Pública, cadê o GDF? Meu namorado italiano foi embora indignado com a ação dos flanelinhas. Ele não consegue entender porque que todas as vezes que estaciono o carro em via pública aqui em Brasilia, eu tenho que pagar a alguém que não usa nem mesmo uma identificação. Espero que o Governo tome uma atitude urgente com relação a nossa segurança em estacionamentos públicos.;
Carminha Martins
* O leitor preferiu não ser identificado