postado em 29/03/2009 08:25
Esqueça os tempos de apagão aéreo. Os aeroportos brasileiros vão muito além dos tumultuados balcões das companhias. Além das atendentes dos guichês, pilotos e comissários de bordo, um exército de profissionais com funções menos badaladas trabalha sem parar nos terminais. Só no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, eles são 8 mil. Todos com a missão de garantir o conforto e a segurança de quem passa pelo terceiro mais movimentado dos 67 aeroportos do país.
Pelo Juscelino Kubitschek circulam, em média, 40 mil pessoas diariamente. Mais do que a população do Núcleo Bandeirante, por exemplo. A maioria dos passageiros, no entanto, desconhece ou ignora os funcionários e as atividades do pessoal que trabalha fora das salas de embarque e de desembarque. Para mostrar quem são esses trabalhadores e o que eles fazem, uma equipe do Correio passou um dia no aeroporto. Pisou em todas as salas, galpões e pistas. Descobriu uma cidade.
Inaugurado em 1957, o aeroporto de Brasília ocupa área equivalente a quase 3 mil campos de futebol oficiais. Nela há duas pistas principais, uma auxiliar, dois terminais de passageiros, um de carga e 19 hangares. Eles têm capacidade de receber 50 pousos e decolagens por hora, além dos milhares de funcionários, passageiros e dezenas de serviços. Atualmente, no aeroporto candango pousam 190 aviões todos os dias. Oito são de carga, 182 levam passageiros, sendo que três partem ou chegam de outro país.
Segurança
Esse fluxo deixa o Juscelino Kubitschek atrás apenas de Guarulhos e Congonhas (ambos em São Paulo) em número de voos no Brasil. O terminal da capital da República também é um dos mais seguros e modernos. Único do país com duas pistas paralelas distantes entre si suficientemente para pousos e decolagens simultâneos. O último acidente grave ocorreu em 2001. Não falharam o controle de tráfego aéreo nem a emergência. Um bimotor caiu por falta de combustível. Morreram piloto e co-piloto.
O bombeiro militar Cláudio Campos fazia parte da equipe que saiu em disparada pela pista para tentar salvar as vítimas do acidente. "Ainda conseguimos retirar o co-piloto da aeronave com vida, mas ele morreu 10 dias depois", recorda. Hoje, aos 38 anos e sargento, ele é um dos comandantes da Seção Contra Incêndio do aeroporto. A unidade foi criada em 1993, numa parceria entre o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e a Infraero, estatal que administra os terminais de aeronaves no país.
A seção da qual o sargento Campos faz parte desde o início conta com 90 homens. Eles integram a elite do Corpo de Bombeiros brasiliense. Todos passaram por um rígido treinamento específico para o combate a fogo em aeroportos. Curso que costuma aprovar um em cada 10 inscritos. Em Brasília, eles ficam de prontidão em um quartel erguido estrategicamente às margens da estrada para aviões que liga as duas pistas de pouso e decolagem.
Tecnologia
Além de alguns dos melhores bombeiros da capital, a companhia tem os mais modernos equipamentos do mundo para combate a incêndio. São oito caminhões importados, capazes de levar até o dobro de água e pó contra fogo em uma velocidade superior à das viaturas convencionais em uso nas áreas habitadas. De fabricação norte-americana, um dos veículos dos bombeiros do aeroporto vale R$ 1 milhão e chega a atingir, carregado, 130km/h.
Com os equipamentos e treinamentos, os bombeiros são aptos a chegar a qualquer ponto do aeroporto em no máximo três minutos. Isso inclui um raio de 8km da pista. Ou seja, a parte da área externa, onde um avião pode cair, como ocorreu com o Airbus da TAM, em Congonhas, em julho de 2007. Foi o maior acidente aéreo do país. A aeronave saiu do aeroporto, bateu em um terminal de cargas da companhia e pegou fogo, causando a morte das 187 pessoas a bordo e de outras que estavam no solo.
Apesar dos raros casos graves, os bombeiros do aeroporto de Brasília trabalham muito. "Somos acionados quase todo dia. Consideramos emergência toda vez que um piloto comunica algo de estranho, como falha nos aparelhos. Temos que estar sempre de prontidão", ressalta o sargento Campos. Um dos maiores apertos enfrentados por ele foi a ameaça de bomba em um jumbo da Lufthansa, que ia de Zurique (Alemanha) para São Paulo, há cinco anos. "O avião não viria para cá, mas o comandante decidiu fazer o pouso de emergência, com mais de 300 pessoas a bordo. Graças a Deus a ameaça não se confirmou", conta.
Leia matéria completa na edição deste domingo (29/3) do Correio Braziliense