Jornal Correio Braziliense

Cidades

GDF planeja criar nas escolas públicas disciplina que trate sobre o meio ambiente

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Uma cerimônia simbólica realizada na noite de sábado, no Museu Nacional de Brasília, um dos monumentos da Esplanada dos Ministérios, marcou a entrada do Distrito Federal na campanha Hora do Planeta (Earth Hour), iniciativa global que visa a conscientização do mundo em favor da preservação da Terra. A campanha é idealizada pela organização não-governamental WWF e, desde 2007, vem conquistando adeptos em todo o mundo. Até agora, 84 países abraçaram a causa. O assunto é tão sério que o GDF planeja criar, no segundo semestre, nas escolas públicas, uma disciplina que trate especificamente sobre o meio ambiente. ;O grande desafio agora que temos é justamente a preservação do planeta. Esse grito de alerta que estamos dando sobre o aquecimento global é para chamar a atenção para isso. Os problemas com o meio ambiente, o aquecimento global, tudo isso pode inviabilizar a vida aqui na Terra;, destacou o vice-governador, Paulo Octávio, responsável por acionar, às 20h30 em ponto, o interruptor que desligou as luzes de vários monumentos da capital, como a Catedral de Brasília, o Congresso Nacional, os Palácios do Itamaraty e do Planalto, entre outros da Esplanada dos Ministérios. A fachada externa do Conjunto Nacional, o shopping mais antigo da cidade, também foi toda apagada. Outras 13 capitais do país participaram da simbólica manifestação, juntamente com mais 107 cidades, além de 1.106 empresas e 501 organizações. No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor ficou às escuras, assim como a Ponte Estaiada, em São Paulo. ;Nós, governo e sociedade organizada, estamos antenados e preocupados. Esse apagar das luzes dos monumentos mais importantes das capitais brasileiras é um simbolismo, no sentido de conscientizar a população da necessidade de termos mais preocupação com a questão ambiental;, reforçou o vice-governador. Participaram ainda da solenidade no Museu Nacional de Brasília o secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Cássio Taniguchi, e o vice-presidente do Conselho Diretor do WWF-Brasil, Eduardo Martins. ;Esse apagar de luz representa um acender da consciência em torno de uma questão de alcance mundial;, comentou Martins. O secretário Cássio Taniguchi informou que o GDF pretende ampliar o conceito de conscientização da campanha Hora do Planeta no Distrito Federal, a partir do próximo semestre, com a criação de uma disciplina sobre questões ambientais no currículo escolar. ;Isso vai fazer com que os nossos jovens e nossas crianças possam aprender a respeitar o bem mais precioso que temos que é o nosso meio ambiente;, reforçou o vice-governador. Ciclistas Após o gesto simbólico do apagar das luzes no Museu Nacional de Brasília, os convidados subiram a rampa do monumento para contemplar o breu que tomou conta da Esplanada dos Ministérios. Antes, eles assistiram à apresentação do grupo de percussão brasiliense Batalá. Alguns ciclistas presentes deram uma volta simbólica em torno dos ministérios, apenas com as luzes das bicicletas acesas. Mas a campanha de conscientização contra o aquecimento global não se restringiu apenas à esfera do poder. Alguns estabelecimentos comerciais da cidade abraçaram a iniciativa e, de uma maneira particular, manifestaram o apoio à campanha mundial. No tradicional Café da Rua 8, na 408 Norte, o tema do dia foi abordado com muito humor e samba. ;O escuro é a mente de quem não pensa. Nosso compromisso é com o desmatamento das árvores. Aqui em Brasília estão cortando todas as árvores que têm a minha idade;, protestou Eva Pimenta, 50 anos, proprietária da casa. Pesquisadora da Embrapa e há 13 anos à frente do Café da Rua 8, ela explica que as autoridades e a opinião pública têm que estar mais antenadas com relação aos problemas do meio ambiente. Pega de surpresa com a ;campanha do escuro;, a advogada Luciana Botelho, 24 anos, aderiu sem problemas à manifestação. ;Com certeza, muitas pessoas não sabem sobre esse protesto mundial e atitudes como essas do Café da Rua 8 cumprem um importante papel social. Não é apenas o ato de apagar, já que é um gesto simbólico, mas pela conscientização;, observou. A Polícia Militar informou que nenhum ato de vandalismo ou ocorrência foram registrados durante os 60 minutos em que as luzes ficaram apagadas no coração de Brasília.