Cidades

DF é o quarto no ranking de recém-nascidos com traço falciforme

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postado em 30/03/2009 17:01
O Distrito Federal possui 3,2% da população nascidas de janeiro de 2004 e dezembro de 2006 com traço falciforme no sangue, sendo o quarto no ranking nacional, atrás apenas da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Quem possui esse traço pode ter descendentes com anemia falciforme. Os dados são de uma pesquisa inédita em Brasília feita pelos doutorandos da Universidade de Brasília, Cristiano Guedes e Lívia Barbosa. Eles analisaram 116.271 fichas de crianças nascidas no DF entre 2004 e 2006 para descobrir a prevalência do traço e da doença. Ao contrário da anemia mais conhecida, no qual o paciente apresenta falta de ferro no sangue, a anemia falciforme é exatamente o contrário, o portador apresenta excesso. "O grande problema é a forma das hemácias, que são parecidas com foices, daí o nome falciforme, o que dificulta a passagem delas pelas veias e prejudica o transporte de oxigênio pelo corpo", afirma a pesquisadora Lívia Barbosa. Os sintomas mais comuns são inchaços nas mãos e nos pés, infecções e dores ósseas. Quando está em crise, a pessoa pode até mesmo precisar de uma transfusão de sangue. A anemia falciforme não tem cura e chega a matar 25% das crianças até cinco anos, se não tratadas. Teste do pezinho Um casal em que as duas pessoas tenham o traço falciforme no sangue tem 25% de chances de ter um bebê com anemia falciforme. Os médicos descobrem se o bebê possui o traço ou a anemia pelo teste do pezinho, realizado em toda a rede pública do DF até 20 dias após o nascimento. Se o resultado der positivo, os pais são avisados para o filho refazer o exame. Em caso de confirmação, a criança inicia o tratamento no Hospital de Apoio de Brasília (HAB). Hoje, 720 pacientes são acompanhadas pelo HAB. Tratamento Por atingir o sistema imunológico, a doença deixa o organismo sem defesas. Por isso, logo após o diagnóstico da doença o portador já começa a ser medicado mesmo que esteja aparentemente saudável. "É feito um conjunto de ações para que possamos antecipar e mudar o curso da doença. O paciente toma medicamentos, vacinas e tem uma dieta especial feita por nutricionistas", revela Lívia. Entre os remédios estão a penicilina que evita infecções e o ácido fólico que atua como uma vitamina para o organismo. Informação Os pesquisadores vão começar uma nova etapa da pesquisa que tem por objetivo informar e esclarecer os pais quanto a doença. "Ainda há muitas dúvidas, principalmente, porque os pais não aceitam que o filho tenha anemia, mas não precise de ferro", diz a pesquisadora. Também não há tratamentos para que os pais que possuem o traço falciforme não passem para os filhos. "Infelizmente é uma loteria. Depende da sorte", conclui.

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