Cidades

Policial suspeito de ser cúmplice de Sérgio Casadio tem perfil violento no Orkut

Identificado apenas como Orlando, o soldado da Rotam que está preso por ajudar Sérgio Casadio em um dos três homicídios atribuídos ao vendedor de carros exibe um perfil agressivo na internet

postado em 03/04/2009 08:31
O soldado da Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam) ; suspeito de auxiliar o vendedor de carros Sérgio Alexander Dias Casadio em pelo menos um dos três assassinatos confessados pelo comerciante ; tem 35 anos e mora em Taguatinga. Identificado apenas como Orlando, o policial militar mantém perfil no site de relacionamentos Orkut. Em seu domínio virtual, ele exibe músculos, tatuagens e a paixão por lutas e filmes épicos recheados de violência. Frequenta ainda comunidades sob os títulos Deus cria, a Rotam mata e Reza vagabundo, a Rotam chegou. A página dele no Orkut também coleciona grupos de discussão criados por policiais militares do Distrito Federal e de outros estados, da Rotam e da Swat ; a polícia especial dos Estados Unidos ; e das lutas marciais jiu-jitsu e muay thai. Uma dessas comunidades dá a entender em qual turma o soldado entrou na Polícia Militar do DF. Teria sido na de agosto de 1993. A Comunicação Social da corporação, no entanto, não confirma o nome do acusado nem o tempo de farda. Alegou não ter acesso aos dados porque a prisão ficou por conta da Polícia Civil do DF, autorizada pela Justiça. Oficial se identifica como Iceman (homem gelo)As únicas informações pessoais disponíveis ao internauta que passar pela página de Orlando no Orkut estão no perfil dele. Os dados apontam para um pai religioso e apaixonado pela família, hip-hop, forró e basquete. Não fuma e bebe ;de vez em quando;. A mensagem de boas-vindas é ameaçadora: ;Visitante: seja bem-vindo, mas não faça movimentos bruscos!”. Fotos, vídeos e recados só podem ser acessados por pessoas autorizadas por ele. O mesmo vale para os fóruns de discussões. Orlando tem 263 amigos vinculados ao perfil. Alguns estão fardados e ostentam armas de grosso calibre. Desconfianças Informações levantadas pelo Correio também dão pistas sobre o soldado em serviço. Seria respeitado pelo comando da corporação e visto como um policial competente e operacional. Ou seja, prendia bandidos com frequência. Mas, entre alguns colegas de farda, despertava desconfianças. Orlando fazia seguidas viagens a lazer, principalmente para acompanhar os jogos do Flamengo, o time do coração ; ele participa da comunidade do clube no Orkut. Além de gerar críticas, o hábito deixava transparecer que ele não ganhava o suficiente para tal padrão de vida. Aviso ao visitante: 'Seja bem-vindo, mas não faça movimentos buscos'O soldado da Rotam está detido na 3ª Companhia de PM, no Complexo Penitenciário da Papuda, desde 16 de março. Os investigadores da Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) descobriram que o policial recebeu R$ 200 de Sérgio para ajudar no sequestro de Carlito Campinho Santos Sobrinho, 21, em 3 de dezembro. Mas não têm certeza se ele sabia das intenções macabras do vendedor de carros ; a vítima morreu assassinada no dia 4. No dia do rapto, eles simularam um acidente, batendo na traseira do veículo do jovem entre Sobradinho e Paranoá. Orlando desceu do carro com arma na cintura. O próprio Sérgio contou à polícia que o soldado da Rotam também ajudou a amarrar os braços e as pernas de Carlito, amordaçá-lo e colocá-lo no porta-malas. A movimentação também contou com uma testemunha, um policial federal. Ele deve ajudar a descrever o momento do sequestro, além de detalhar a participação do PM no crime. O agente teria visto a cena e apontado uma arma ao grupo. O soldado, porém, teria informado a ele que a vítima seria suspeita de roubo de carro. Diante disso, o policial federal, ainda não identificado pela DRS, optou por ir embora. Orlando participaria ainda do sequestro de outro alvo do comerciante. Um homem de 56 anos, morador de Vicente Pires, seria levado em 20 de março, uma sexta-feira. Sérgio e Orlando combinaram um esquema para raptá-lo, mas um contratempo no quartel segurou o soldado. A vítima seria levada para o mais novo cativeiro montado por Sérgio, uma chácara alugada em Girassol, distrito de Cocalzinho (GO), a cerca de 120km de Brasília. Em princípio, o soldado será indiciado por sequestro. Mas, caso seja comprovada participação na execução de Carlito, poderá responder também por homicídio. Colaborou Renato Alves

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