Cidades

Grávidas de São Sebastião ficam órfãs da Casa de Parto

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postado em 03/04/2009 09:16
Desde o carnaval, praticamente não há bebês nativos de São Sebastião. A cidade de 70 mil habitantes não tem hospital, mas contava com uma Casa de Parto apta a realizar até 60 nascimentos por mês. Sob o argumento de falta de demanda, o governo transferiu médicos da obstetrícia para outros hospitais e a Casa de Parto ficou praticamente desativada. A unidade deve retomar as atividades nos próximos dias, mas apenas para partos normais, que serão acompanhados por enfermeiras. ;Se ocorrer algum problema, a gente transfere a paciente de ambulância para o Paranoá ou outro hospital;, explica a coordenadora da casa, a enfermeira Gerusa Amaral de Medeiros. A maternidade se tornou importante para as mães de São Sebastião por conta de projetos como o parto humanizado e pela convocação de mulheres da comunidade para ajudar a cuidar das gestantes. ;Minha irmã teve filho aqui há sete meses e gostou muito;, relata a dona de casa Rosilene Vieira dos Santos, 35 anos, grávida de oito meses do terceiro filho, um menino que virá fazer companhia às duas irmãs. ;Elas tem 4 e 3 anos. Eu morava aqui em São Sebastião quando elas nasceram, mas não pude fazer o parto na época. Uma vez não tinha equipe e na outra o parto era complicado;, lembra ela, que fez todo o pré-natal na Unidade Mista de Saúde da cidade e ainda não sabe onde vai fazer o parto. ;Aqui já me disseram que não vai ser. Acho ruim, mas não tenho o que fazer;, resigna-se. ;O ruim de ir para longe é não poder contar tanto com o apoio da família. Em outra cidade tem que pagar passagem e é difícil, vou ficar mais sozinha;, prevê. Segundo a Secretaria de Saúde, as gestantes da cidade estão sendo transferidas, normalmente, para o Hospital do Paranoá. ;Não conheço lá, não sei como vai ser;, lamenta Rosilene. Segundo a assessoria de comunicação da secretaria, os 12 médicos lotados na unidade foram transferidos para outras maternidades por ausência de demanda. A obstetrícia tinha capacidade para 60 nascimentos por mês, mas, desde 2002, segundo o governo, o número de partos era inferior. A explicação não convence gestantes como Patrícia Ribeiro da Silva, 26, grávida de seis meses de um menino. ;Sempre tem muita gente e todos reclamam de falta de atendimento;, garante. ;Estou fazendo o pré-natal aqui, mas terei de ir ao Plano ter um filho. Acho ruim;, disse ela. Francilene da Silva Rocha, 28, reclama inclusive do pré-natal que realizou na unidade. ;Foi do meu segundo filho. Não pude tê-lo aqui e o pré-natal foi falho. Quando fiz o parto havia vários exames que deveria ter feito e não me disseram;, reclama.

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