Cidades

Motorista embriagado que matou pai e irmão da namorada se cala

Homem que dirigia sob efeito de álcool suficiente para causar coma se cala após batida que matou pai e irmão da namorada. Autuado por duplo homicídio, pode pegar até 60 anos de prisão

postado em 06/04/2009 08:02
José de Araújo Arruda, 33 anos, motorista da caminhonete L-200 Mitsubishi que provocou acidente com duas mortes no último sábado, pretende comentar o caso somente em juízo. Ele preferiu não prestar depoimento na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que apura as circunstâncias da colisão, e só disse uma frase à imprensa: ;Quero meu advogado;. José dirigia sob efeito de bebidas alcoólicas quando perdeu o controle do veículo em uma curva de acesso à W3 Sul. O carro subiu no canteiro, entrou na contramão e bateu em um ônibus. Os passageiros da L-200, Carlos Alberto Silva, 51 anos, e Carlos Alberto Silva Júnior, 30, pai e filho da namorada do condutor, não usavam cinto de segurança e morreram pouco depois de darem entrada no Hospital de Base. Os corpos foram sepultados ontem. O teste de bafômetro realizado com José após a batida registrou teor de 1,16mg de álcool por litro de ar expelido. Quantidade considerada altíssima pelo gerente de fiscalização do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF), Silvaim Fonseca. ;Tem gente que chega a entrar em coma alcoólico se ingere uma quantidade dessa;, afirmou. ;E cabe ressaltar que o teste foi realizado quase uma hora depois do acidente. Se esse mesmo motorista tivesse sido pego em uma abordagem, é capaz de que o bafômetro acusasse teor ainda maior;, acrescentou. Da última quinta até o fechamento dessa edição, o Detran autuou 32 condutores embriagados em ruas do DF. Desses, 12 precisaram ser conduzidos à Delegacia por apresentarem alcoolemia acima de 0,3 miligramas por litro de ar expelido. ;Chegamos a parar um motorista com 1,2mg de álcool no corpo e outro com 0,97mg nesse fim de semana;, destacou Fonseca. Do início do ano até o fim de março, o Detran e a Polícia Militar autuaram 1.013 motoristas embriagados, uma média de 11 por dia. Desde o início da lei seca, houve 2.499 autuações. Velocidade Para a delegada Martha Vargas, titular da 1ª DP, o fato de o motorista se encontrar embriagado no momento do acidente bastou para autuá-lo por duplo homicídio doloso. ;A partir do momento em que o condutor ingeriu álcool e decidiu dirigir, colocou a vida de outros em perigo e assumiu o risco de provocar acidentes;, argumentou. A pena para o crime varia de 12 a 30 anos de reclusão. Como José responderá por duas mortes, a pena pode chegar a 60 anos. Depoimentos colhidos no local do acidente indicam que a caminhonete estava em alta velocidade no momento da colisão. O motorista do ônibus, Paulo Rodrigues de Almeida, disse para a polícia que estava a 50km/h quando viu o veículo atravessar o canteiro. O fato de a pista estar molhada por conta das chuvas pode ter contribuído para a batida. Das 21h de quinta-feira até as 17h de sábado, o Instituto Nacional de Meteorologia registrou 82,4mm de chuvas, mais do que foi registrado em todo mês de março, quando choveu 81mm. O laudo que detalhará as causas do acidente deve sair em 15 dias. José trabalhava como diretor de uma construtora e namorava a filha de Carlos Alberto Silva havia dois meses. Ele pretendia pedir ao pai a mão da moça em casamento na noite do acidente. Segundo familiares da vítima, todos beberam durante o dia. Carlos Alberto era microempresário e morava no Guará II. O filho dele, Carlos Alberto Silva Júnior, vivia no Núcleo Bandeirante e estava desempregado. A tragédia que resultou na morte dos dois deixou a família chocada. A namorada de José, identificada apenas como Paola, chorava e repetia que ninguém teve culpa. Os corpos de pai e filho foram sepultados no fim da tarde no cemitério Campo da Esperança, no Plano Piloto. Cerca de 200 pessoas, entre amigos e parentes, acompanharam o funeral. O que diz a lei A Lei 11.705, de 19 de junho de 2008, altera dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro ;com a finalidade de estabelecer alcoolemia zero e de impor penalidades mais severas para o condutor que dirigir sob a influência do álcool;. O artigo 5º prevê penalidade para o motorista que for pego com ;qualquer concentração de álcool por litro de sangue;. Quem for reprovado no bafômetro leva multa de R$ 957 e pode perder o direito de dirigir por um ano. Se o teste acusar mais de 0,3 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões, a infração se torna crime e o condutor é levado para a delegacia.

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