postado em 07/04/2009 08:05
Aos pés dos anjos esculpidos pelo artista Alfredo Ceschiatti se formaram enormes poças d;água. A cada chuva forte é assim: a Catedral Metropolitana de Brasília fica repleta de goteiras. Ontem à tarde, os funcionários tiveram de improvisar baldes para conter as infiltrações e panos de chão para tentar minimizar os transtornos. Mas o vazamento que incomoda os turistas e fiéis é apenas um dos problemas da igreja, que está com vitrais quebrados e parte do concreto rachada.
Diante do péssimo estado de conservação do monumento, o GDF firmou convênio com a Petrobras, em novembro do ano passado, para reformar a Catedral. Mas os recursos ainda não foram liberados e o receio é que os reparos não fiquem prontos a tempo da festa de 50 anos da capital, em abril de 2010. A reforma está orçada em R$ 25 milhões, dos quais R$ 8 milhões virão dos cofres do GDF e os R$ 17 milhões restantes da Petrobras. O governo local informou que a primeira parcela dos investimentos será liberada no próximo dia 15. A Petrobras garante que até o início de maio a empresa vai liberar parte dos recursos e garantiu que o repasse está dentro do cronograma inicial. Mas, como o tempo estimado da obra é de mais de um ano, a festa para comemorar meio século da inauguração de Brasília deve ser feita com a Catedral fechada para visitação.
A Arquidiocese de Brasília já transferiu a celebração da Páscoa para a Igreja Dom Bosco, na Asa Sul. O cronograma da Páscoa foi fechado em novembro do ano passado e a Arquidiocese trabalhava com a perspectiva de que o monumento estivesse com as obras a todo vapor neste mês.
O pároco da Catedral e vigário-geral da Arquidiocese de Brasília, monsenhor Marcony Ferreira, aguarda o início das obras. ;Depois da assinatura do contrato, nos informaram que o dinheiro viria em até três meses, mas até hoje não nos deram uma data para início das obras. Infelizmente, não haverá condições para que a Catedral esteja totalmente pronta antes de 21 de abril de 2010;, lamenta o monsenhor. Ele conta que a ideia é começar as obras pela troca dos vitrais para que pelo menos a parte externa esteja restaurada antes da festa dos 50 anos da cidade.
Substituição
Os vitrais que decoram a Catedral e chamam a atenção dos turistas são uma obra da artista plástica franco-brasileira Marianne Peretti. Os vidros coloridos interagem com a arquitetura de Oscar Niemeyer, transformando a Catedral no principal cartão-postal da cidade. Mas são justamente esses vitrais os mais atingidos pelo abandono da igreja. Há várias peças quebradas, com a armação de ferro à mostra. Todos terão que ser substituídos, no que deve ser a fase mais trabalhosa e cara da reforma. ;É triste ver os vidros todos quebrados, são eles que deixam a igreja mais bonita;, conta a auxiliar de limpeza Lourdirene Rosa Sousa, 34 anos, que trabalha na Esplanada e gosta de passear pela Catedral sempre que pode.
Outro trabalho a demandar tempo é a revitalização do espelho d;água, que tem 3 mil metros quadrados. A reforma da Capela do Santíssimo também é uma fase delicada, já que exige escavações. Os anjos de Ceschiatti serão lavados e o cabo de aço que sustenta as esculturas, trocado. ;O Corpo de Bombeiros verificou que os cabos ainda não oferecem risco, mas vamos aproveitar a reforma para substituí-los por peças novas;, destaca o monsenhor Marcony. A secretaria da Catedral, onde ficam a administração do templo e a organização de casamentos, também será renovada.
A Fundação Ricardo Franco, uma fundação de apoio do Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro, venceu a licitação e comandará as obras. A entidade ficará responsável por contratar outras empresas especializadas em cada tipo de serviço.
Renovações A reforma da Catedral, orçada em R$ 25 milhões, prevê: - Troca dos vitrais - Impermeabilização do espelho d;água - Reforma da Capela do Santíssimo - Revitalização dos banheiros - Reforma da secretaria - Conserto das infiltrações - Checagem dos sistemas hidráulico e elétrico - Limpeza do mármore