Cidades

Judas é malhado em vários pontos do DF

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postado em 12/04/2009 08:39
Sábado de Aleluia é dia de malhar Judas Iscariotes, o apóstolo que por 30 moedas entregou Jesus Cristo aos soldados romanos. Dois milênio depois, a brincadeira de espancar um boneco simbolizando um traidor virou tradição. No Distrito Federal, a figura de Judas é apenas um pretexto para a diversão da criançada e o protesto bem-humorado de adultos. Políticos ; os preferidos ; técnicos de futebol, aquele amigo chato e até a sogra viram alvos das pancadas, puxões e maldizeres em via pública. Nem a crise financeira escapou da malhação de ontem. Em lugares como a Vila Planalto, o ato dura 46 anos. Os irmãos Rayan, 6 anos, e Renato Garcia, 4, passaram a manhã de ontem ansiosos. Com pedaços de paus em mãos, eles não tiravam os olhos do boneco pendurado em um poste da CNB 7, em Taguatinga Sul. ;Joga, joga, joga!”, gritavam a dupla e os amigos para o gráfico Silvio Nascimento, 50 anos. Há 40 anos, o homem mobiliza a criançada e aproveita para mandar recados às personalidades de Brasília. ;Esse ano, o nosso Judas é o ex-governador Roriz. Resolvemos fazer o protesto após os rumores de que ele quer voltar ao governo;, explicou ele, que fazia a malhação na 306 Norte antes de se mudar para Taguatinga. Às 11h30, começou a malhação. Sobrou pancada para o homem de mentira, feito de espuma e vestido com botas e uma sugestiva camiseta azul. ;É muito bom, pena que acaba rápido;, lamentou Renato, ao lado dos pedaços do boneco. Silvio fez questão de ressaltar que a malhação é uma brincadeira e não tem vínculos com as escrituras da Bíblia. ;Fazemos para nos divertir. Até porque cada um de nós tem um pouco de Judas;, ressaltou. A brincadeira se repetiu em outras cidades do DF, como Cruzeiro, Núcleo Bandeirante e Gama. Na Vila Planalto, por volta das 8h, cerca de 30 crianças partiram para cima de um boneco engravatado e de olhos azuis, que representava a crise financeira mundial. A inspiração veio da frase do presidente Lula, que culpou homens brancos de olhos azuis pela situação. ;Essa crise mexeu com todos. Temos que rir para não chorar. As crianças adoram;, comentou Albaniza Ribeiro, 70, organizadora do evento.

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