postado em 14/04/2009 17:08
A menina de 12 anos raptada pelo padrasto em fevereiro já está em casa, com a mãe e a irmã, depois de percorrer mais de oito cidades. Francieudes Gomes Alves, 36, continua foragido. A garota e o padrasto saíram do albergue em que moravam, em Águas Claras, na terça-feira de carnaval (24/02). Francieudes disse à mulher que ia até o Cruzeiro procurar emprego e uma casa para alugar e para a enteada falou que iam até São Paulo buscar a transferência da escola que ela estudava.
Os dois percorreram um longo caminho. No mesmo dia que saíram de casa, foram para Anápolis (GO), e durante os quase dois meses que ficaram fora, passaram por Uberaba, Uberlândia, São Paulo e várias cidades do interior cearense. A maior parte do caminho foi feito de carona e alguns trechos de ônibus. Eles dormiam na rua e em Minas Gerais ficaram hospedados na casa de um caminhoneiro que lhes deu carona. A garota quando foi encontrada estava há dias sem banho, em condições de higiene precárias.
Durante o primeiro mês, Francieudes não manteve contato com a mãe da garota, e só no final de março, quando a garota reclamava e chorava por falta da mãe, ele ligou para o albergue e a deixou conversar. De acordo com a delegada da 21ª Delegacia de Polícia de Taguatinga Sul, Mônica Loureiro, essa primeira ligação e outras que seguiram foram essenciais para que a polícia pudesse rastrear o local que eles estavam e com o auxílio da polícia cearense, procurá-los.
;Ele ligou e insistiu para que a mãe e a outra filha dela fossem para o Ceará, e quando ligava, nós ratreavamos. Mas ele se mudava muito rápido, e quando a polícia do Ceará chegava nos lugares ele já havia saído;, afirmou. Segundo a delegada, Francieudes foi para o nordeste porque tinha família lá e passou inclusive alguns dias na casa da mãe.
A menor contou que o padrasto a tratava bem, não brigava e sempre dizia que ela ia ver a mãe. ;Eu sentia muito medo, mas ele não me tratava mal. Em São Paulo ele me disse que iamos para o Ceará e que minha mãe e minha irmã iam encontrar a gente lá. Ele só dizia que se eu tentasse algo ou fugisse nunca mais ia ver minha mãe;, contou a garota.
De acordo com ela, para ganhar dinheiro o padrasto aplicou vários golpes. Comprou celulares e um ar condicionado e não pagou, e sempre nas cidades que passavam, alugava um comércio, se passava por gesseiro, conseguia clientes, mas após receber parte do pagamento fugia sem realizar o serviço.
Os dias longe da filha acabaram após a polícia procurar a mãe de Francieudes. A senhora mentiu à polícia que não via o filho há muito tempo, mas avisou a ele que estava sendo procurado e ele resolveu devolver a menina. Entregou a ela R$ 40 e o telefone do albergue em Brasília. A garota viajou por mais de um dia sozinha, em mais de três conduções diferentes, até chegar em Juazeiro da Bahia e ligar para a mãe.
;Ela ligou para o albergue na semana passada, disse que estava na rodoviária de Juazeiro, sozinha. Entramos em contato com a polícia de lá e ela foi encaminhada para um abrigo;, explicou a delegada. Policiais da 21ª DP que estavam no nordeste para resolver outro caso trouxeram a menina, que na última sexta-feira (10/4) já estava com a mãe.
Os laudos do Instituto Médico Legal não acusaram nenhum tipo de abuso sexual ou atentado ao pudor, mas a delegada acredita que a intensão do padrasto era manter algum relacionamento com a jovem, mas primeiro tentava ganhar sua confiança. ;Não temos como provar que ele fez algo, e a menina diz que não. Mas acreditamos que ele queria sim manter algum tipo de relação com ela.; Francieudes está foragido e responderá por sequestro e cárcere privado.
A mãe da menina está gravida de quatro meses do padrasto das meninas, mas garante que não quer vê-lo mais. ;Agora vou tomar mais cuidado com as pessoas que conhecer. Pensava o tempo todo que ele estava tratando mal minha filha, batendo. Graças a Deus ela voltou bem. O desespero de uma mãe longe da filha eu não desejo para ninguém.;