postado em 14/04/2009 18:33
Em depoimento prestado durante o julgamento, o ex-médico Marcelo Caron alegou que é inocente. Caron é julgado hoje pela morte da advogada Janet Virgínia Novais Falleiro, mas o ex-médico é acusado pela morte de outras três mulheres em decorrência de erros durante cirurgias plásticas, em Goiás e no Distrito Federal. O julgamento continua e não há previsão para o termino.
No interrogatório Caron afirmou que fez estágio em cirurgia plástica no Hospital Mário Gatti e que o estágio tem o mesmo valor que uma residência médica, o que o fez acreditar que tinha plena capacidade para atuar como cirurgião plástico. Caron disse ainda que a culpa pela morte de Janet é do médico José Eduardo Mekedessi, que chefiava a equipe que socorreu a advogada. Mas Mekedessi afirmou que Janet chegou em um estado muito grave.
Ainda durante o interrogatório, Caron foi questionado pelo MP sobre os 29 casos de lesões corporais pelos quais foi acusado, oportunidade em que ele afirmou que já foi absolvido de 25 deles. Ele garantiu, também, ter conhecimento de outros médicos em Goiânia que cometeram muitos ;e até mais; erros do que os que lhe foram atribuídos.
Concunhada de Caron, Janet morreu em 14 de janeiro de 2001, no Hospital e Maternidade Vida, no Setor Marista, região Sul de Goiânia, cinco dias depois de se submeter a uma lipoescultura com ele. O procedimento teria causado complicações que lhe causaram a morte por septicemia aguda.
Mortes também no DF
A Justiça de Goiás decidiu levar Marcelo Caron a júri popular com base também em uma investigação comandada pelo promotor Diaulas Ribeiro, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MDFT). Diaulas comprovou que Caron usou diploma falsificado de especialização em cirurgia plástica para conseguir registro profissional no Conselho Regional de Medicina de Goiás (CRM-GO). O certificado tem o timbre do Hospital Municipal Mário Gatti, em São Paulo.
O MPDFT investigou Caron após ele ter sido acusado de matar duas mulheres no DF. Elas também eram pacientes dele. Adcélia Martins de Souza morreu em 29 de janeiro de 2002, e Grasiela Murta de Oliveira, em 15 de fevereiro do mesmo ano. No DF, Caron foi denunciado por dolo eventual (quando se assume o risco de matar) e ficou preso dois dias, na 3ªDelegacia de Polícia (Cruzeiro), mas o Tribunal de Justiça do DF lhe concedeu habeas corpus. Os advogados alegaram que ele tinha habilitação e era especialista em cirurgia plástica o que, depois, o MPDFT provou ser falso.
Por causa da fraude, o promotor Diaulas Ribeiro entrou com ação para responsabilizar Caron. Se for condenado por esse crime, ele poderá pegar até 12 anos de cadeia. Em função dessa denúncia e das mortes em série, Caron foi o primeiro médico a ter o registro profissional suspenso pela Justiça Federal. Ele não fez residência médica e, portanto, não poderia realizar cirurgias, no entendimento do MPDFT.
Indenizações
Caron foi condenado, em 2003, a pagar indenização de R$ 88 mil a Marlene Maria Alves, uma das 17 pacientes que ficaram com graves seqüelas após se submeter a cirurgia com o médico. A pena foi aplicada pelo juiz Gerson Santana Cintra, da 11ªVara Cível de Goiânia(GO). Foi a primeira condenação de Caron em processos de indenização.
Pelos danos materiais, ele foi condenado a pagar R$ 8mil. Por danos morais, R$80 mil. Marlene Alves teve seqüelas após ser operada por Caron, em 24 de julho de 2000, em Goiânia. Em setembro de 2008, o ex-médico teve a prisão decretada pelo juiz Jesseir Coelho Alcântara, da 13ªVara Criminal de Goiânia, por ele não ter comparecido ao tribunal. Mas o ex-médico acabou solto.
Marcelo Caron acabou condenado novamente em 2006. Em outro processo, o juiz da 1ª Vara Cível de Taguatinga mandou o ex-médico pagar uma pensão mensal individual de R$ 388,83 aos três filhos de Adcélia Martins de Souza, morta após uma cirurgia plástica feita por ele em janeiro 2002. Adcélia Martins deu entrada no Hospital Anchieta para uma cirurgia de lipoaspiração e implante de prótese de silicone nos seios, e morreu após o procedimento. Os filhos da vítima entraram com ação também contra o hospital, mas o juiz excluiu a responsabilidade da instituição.