postado em 28/04/2009 18:02
Solange Almeida Batista, 29, é uma das 200 mulheres que receberão, na próxima quinta-feira (30/4), o certificado da capacitação do Projeto Mulheres da Paz. Moradora da Estrutural há 13 anos, Solange conhece bem o bairro, grande parte das famílias que moram lá e dos problemas que a cidade enfrenta, pré-requisitos para a seleção para o programa.
O projeto faz parte do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, e já existe em outras cidades brasileiras nas quais o índice de violência, marginalização e vulnerabilidade social é grande, como Rio de Janeiro e Recife. No Distrito Federal tem parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (SEDEST).
De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Eliane Pedrosa, o projeto tem por objetivo fazer uma ponte entre a sociedade e a assistência social, através dessas mulheres. "A intenção é que elas cooperem para integrar a comunidade nos programas, conversando com as famílias, dando auxílio. Se tratando de líderes dos locais que vivem, é muito mais fácil chegar através delas nas pessoas, para conhecer os problemas e buscar as soluções", afirmou.
Para que possam auxiliar diretamente a comunidade, as 200 mulheres escolhidas das cidades de Itapoã (55), Estrutural (90) e Arapoanga (55) recebem, desde o dia 17 de abril, um treinamento com técnicos da Sedest e outros professores de áreas diversas. Durante a capacitação, elas aprenderam sobre acesso à Justiça, Direitos Humanos, Estatudo da Criança e do Adolescente, mediação de conflitos, Lei Maria da Penha, apoio psicossocial, coletivo e informática.
"Essas mulheres passaram por um amplo processo de seleção. Precisávamos de mulheres que já tivessem um perfil de líderes nas comunidades, que conhecessem o perfil e após as aulas, pudessem fazer essa mediação que queremos", disse Eliane.
Após a entrega dos certificados, as Mulheres da Paz receberão um kit para o novo trabalho, camiseta de identificação, boné, crachá, bolsa, folders e cartilhas. A carga horária de trabalho é de 12 horas semanais, com uma bolsa de R$ 190 mensal. Elas terão acompanhamento de psicólogas e equipes multidisciplinares e têm de enviar relatórios semanais sobre as famílias que visitaram e as situações para que a assistência social possa orientar.
A atuação das Mulheres da Paz começa no dia 1º de maio, quando elas divulgarão nas comunidades as ações que terão, orientando na prevenção e redução das violências, criando condições de resgate dos jovens expostos à violência doméstica e urbana, identificando, encaminhando e acompanhando os jovens e o núcleo familiar.
Solange, garante que não esperava tanto do programa quando se inscreveu, mas que a expectativa para ajudar sua comunidade é grande. "Quero muito ajudar os outros a ter a visão que conhecemos na capacitação. Com o treinamento, eu que já conheco praticamente todo mundo, vou saber abordar as pessoas, ajudando a comunidade. A Estrutural precisa muito de ajuda, e o que eu puder fazer, farei." A idéia do Ministério da Justiça, juntamente com o GDF e a Sedest, é implantar o projeto em outras cidades no ano que vem.