Jornal Correio Braziliense

Cidades

Polícia não tem pistas de fazendeiro desaparecido

Homem de 56 anos não é visto desde 10 de março. Segundo familiares, ele vinha recebendo insistentes ligações anônimas de uma mulher

Desde 10 de março, parentes de um fazendeiro conhecido na cidade de Formosa (GO) sofrem com a falta de notícias dele. José Eduardo Ferreira, 56 anos, saiu na manhã daquela terça-feira para visitar duas lojas de produtos agropecuários em Cabeceiras de Goiás, que fica a aproximadamente 70km dali. Ele retornaria para a fazenda onde mora no mesmo dia. Mas não pisou nem perto de lá, segundo o relato de familiares. O drama teve início quando policiais da Central de Flagrantes de Formosa encontraram o carro da vítima abandonado nas proximidades do Setor Vale do Amanhecer (GO). O Fiat Uno NKB 7172-GO de Eduardo estava com as portas abertas e não havia ninguém dentro. Testemunhas que residem naquele bairro de Formosa afirmam à polícia ter visto dois veículos próximos ao carro do fazendeiro, um deles branco e do modelo VW Fox. Os carros, no entanto, não foram localizados. As informações das testemunhas fizeram com que a Polícia Civil de Formosa chegasse a dois suspeitos de participar do sequestro do fazendeiro e ex-secretário de Agricultura do município de Cabeceiras de Goiás no ano de 2003. João Batista Brandão Amerces, 36 anos, conhecido como João do Vale, em alusão ao bairro onde mora, o Vale do Amanhecer, e América Cristina Gontijo de Sousa, 29, foram presos um dia depois de a Justiça de Formosa decretar a prisão temporária deles, em 24 de março. Os dois estão detidos desde o dia 25 daquele mês no cárcere da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia. O caso seguiu para a Deic porque o departamento é especializado nesse tipo de crime. O delegado responsável pelo caso disse ter provas que incriminam os dois. Mas, por enquanto, nenhum deles confessou o crime. Eles são acusados de sequestro. ;Temos depoimentos de testemunhas que declaram ter visto os dois abordando a vítima;, sustenta o delegado-adjunto da Deic, Douglas Pedrosa. Em 3 de abril, a Justiça de Goiânia acatou o pedido da polícia e expediu a prisão preventiva, que prorrogou a permanência dos presos na cadeia por mais 30 dias. Ligações Apesar da discrição dos familiares, a notícia do desaparecimento de José Eduardo se espalhou rapidamente pela cidade de Formosa. O assunto é comentado em bares, restaurantes, colégios e postos de gasolina. O falatório, no entanto, não serviu para desvendar o sumiço do fazendeiro. Até agora, não se sabe do destino da vítima. ;A gente fica sem esperança de que ele esteja vivo porque faz quase dois meses que ele sumiu e nada de notícias;, lamenta o filho mais velho, José Eduardo Ferreira Júnior, 28. O delegado Douglas Pedrosa trata o caso como um possível homicídio, pois até agora não houve pedido de resgate, o que caracterizaria sequestro. ;Falta apenas encontrar o corpo;, disse o policial. José Eduardo Ferreira Júnior ressaltou algumas ligações anônimas que o pai vinha recebendo de uma mulher desconhecida dias antes de desaparecer. ;Ela insistia em ver meu pai. Teve um dia que ligou 17 vezes para o número dele;, ressalta Júnior. No boletim de ocorrência, o filho caçula, Fernando Henrique Ferreira, 25, disse que soube que o pai esteve no dia do desaparecimento em um bar de Cabeceiras de Goiás bebendo com amigos. Lá, ele teria recebido a ligação dessa mulher e combinou de se encontrar com ela em Formosa. ;A gente não tem mais sossego desde que ele sumiu;, desabafou Júnior.