postado em 10/05/2009 08:36
A reposição de aulas na rede pública de ensino começou ontem em todo o Distrito Federal com adesão parcial dos estudantes. Professores repassaram o conteúdo perdido na última greve, mas muitas carteiras ficaram vazias. As escolas poderão usar sábados e feriados até 17 de julho para compensar os 12 dias letivos perdidos durante a paralisação dos professores, em abril deste ano.
No Centro de Ensino 2 do Guará, apenas cerca de 30% dos 1,5 mil alunos compareceram à primeira aula de reposição. As amigas Andressa Louise Lima, 14 anos, e Ana Carine do Nascimento, 15 anos, não gostaram de acordar cedo no sábado, mas foram à escola recuperar o conteúdo perdido no período de paralisação. Elas levantaram às 6h e estavam sentadas na carteira por volta das 7h. ;A gente vai ter que vir em todos os sábados porque são aulas das matérias mais difíceis. Mas acho que pouca gente vem;, acredita Andressa. Até o início das férias de julho, as meninas devem recuperar o conteúdo de português, química, história e filosofia, disciplinas que ficaram prejudicadas na greve. A mudança no calendário letivo alterou os planos de Ana Carine. ;Eu queria começar a trabalhar no fim de semana, mas agora vou ter que esperar;, comentou.
O diretor do colégio, Tarcísio Araújo, destacou que a participação dos estudantes está melhor que em tentativas de reposição anteriores. A escola teve metade do corpo docente em greve e planejou um cronograma com aulas em todos os sábados até o fim do semestre para compensar. ;Não vamos colocar provas aos sábados, focamos mais nas aulas. Adiamos as provas bimestrais, mas até julho fechamos tudo;, explicou o diretor.
Parte dos professores da rede pública ficou em greve por 16 dias, entre 13 e 28 de abril. Descontados os fins de semana e feriados e somados dois dias de assembleia, os estudantes perderam 12 dias letivos. No fim de abril, docentes e GDF firmaram acordo de reajuste dos salários e a paralisação chegou ao fim. Os professores receberão 5% de aumento no salário de maio (pago em junho). O retroativo de março e abril será pago em seis parcelas a partir de junho. O governo local prometeu que, até março de 2010, os salários serão reajustados em 15,31%.
Segundo a diretora Mônia Lemes, o Centro de Ensino Médio 1 do Núcleo Bandeirante teve pouco menos de metade dos alunos presentes neste sábado. Um dos problemas enfrentados pelos estudantes é a locomoção: boa parte deles mora no Recanto das Emas e Riacho Fundo e não pode pagar passagens extras de ônibus.
Os professores darão aulas nos três turnos (manhã, tarde e noite) dos próximos sábados para repassar o conteúdo aos adolescentes. O aluno que não estiver presente levará falta como em um dia letivo comum, o que pode contribuir para uma reprovação se o estudante já tiver muitas ausências acumuladas. ;Para reprovar, tem que ultrapassar os 25% de faltas. É um bimestre todo de falta;, explicou a diretora. Mônia lembra que não haverá provas aos sábados. ;Não vamos colocar para não punir o aluno que veio à escola durante a greve toda e não pode vir agora;, disse.
Calendário
As aulas da rede pública serão repostas em todas as escolas do DF até 17 de julho, de acordo com recomendação da comissão criada pelo governo para organizar o calendário. Os colégios poderão usar todos os sábados de maio e junho, além de 4 e 11 de julho. O feriado de Corpus Christi (11 de junho) e o recesso de 12 de junho (anteriormente previsto como dia de avaliação interna) também estão incluídos. Podem ser consideradas atividades de reposição tanto as aulas tradicionais quanto aplicação de provas, conselho de classe participativo e eventos com caráter de aprendizagem. Os professores que aderiram à greve tiveram o ponto cortado durante a paralisação, mas serão pagos pelas aulas de reposição. O valor entrará nos salários de junho (pago em julho) e de julho (pago em agosto).
O secretário de Educação, José Luiz Valente, visitou algumas escolas na manhã de ontem e considerou muito bom o movimento de estudantes. ;É importante que quanto mais cedo o aluno recompor esse período sem aulas e se emparelhar ao que estava sendo proposto nas aulas melhor;, afirmou. Os alunos que contam com o transporte escolar gratuito para ir ao colégio terão o serviço normalmente nos dias de reposição. A secretaria pretende buscar uma solução para os estudantes que usam o cartão Fácil nos ônibus convencionais ; eles tiveram a passagem integral descontada do cartão, sem o desconto para estudantes.