postado em 11/05/2009 20:10
A busca para largar o vício do cigarro enfrenta três grandes obstáculos: o tempo de fuma, depressão e ansiedade. É o que revela uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília, que acompanhou 63 pessoas que frequentaram grupos terapêuticos. A psicóloga Karla Cristina Martins, autora do estudo, afirma que o simples olhar do especialista, na hora em que a pessoa conta seu sofrimento, pode ajudar.
Mais da metade, 36 fumantes, ficaram seis meses sem fumar depois da terapia em grupo. Em 2008, 4.149 fumantes no Distrito Federal procuraram um dos 27 centros que oferecem esse serviço, segundo dados da Secretaria de Saúde.
A pesquisa mostra que os fumantes mais antigos encontram mais dificuldades em abandonar o vício. Entre os participantes do grupo pesquisado, 60% dos que fumam há mais de 40 anos voltaram para o cigarro depois de um ano. Já entre os que têm entre 10 e 24 anos de tabagismo, 37% não conseguiram parar de fumar.
;Quanto mais tempo, mais a dependência química e psicológica vai ser reforçada. A síndrome de abstinência nesses pacientes é mais intensa, por isso, é mais difícil de ser enfrentada;, analisa Karla.
Depressão e ansiedade
A pesquisa revela ainda que a depressão é o segundo maior vilão das pessoas que querem parar de fumar. Quem sofre com o problema tem menos chance de largar o cigarro, porque a nicotina alivia a dor emocional. A substância estimula a serotonina, neurotransmissor que fica com níveis desregulados em quadros depressivos.
O tabagismo, nesses casos, funciona como um suporte para pessoas que já estão emocionalmente debilitadas. ;O desafio é construir suportes para que eles enfrentem a vida e não precisem do cigarro. Não se deve trocar um apoio por outro, mas fortalecer as pernas;, explica a psicóloga
O terceiro fator, e o mais relevante para o insucesso do tratamento, é a ansiedade. ;Quem tem sinais de ansiedade tende a buscar automaticamente o cigarro, pois a nicotina acalma o sofrimento físico e emocional, advindo, inclusive da Síndrome de Abstinência. Trata-se, realmente, de um ciclo vicioso;, afirma a psicóloga.
Ajuda
Para os participantes da pesquisa, o maior benefício da atividade é a troca de experiências. ;Eles se identificam com a situação do outro. Sabem que podem se abrir sem serem criticados, vêem que têm dificuldades, mas que são enfrentáveis;, diz Karla.
;Nunca tinha tentado parar porque achava que não conseguiria sozinha. Eu precisava de apoio;, diz a dona de casa Rosilea Carvalho dos Santos, 40 anos, que comemorava 20 dias sem cigarro no último encontro do grupo formado em abril no Hospital Regional da Asa Norte. Dos 36 participantes que pararam de fumar, 29 sentiram melhora no paladar e no apetite, 28 no olfato e 20 em relacionamentos.