Cidades

HUB oferece 100 vagas em curso de meditação a pacientes com câncer de mama

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postado em 13/05/2009 15:59
As mulheres que recebem o diagnóstico de câncer de mama têm um duro caminho pela frente. Cirurgia, muitas vezes radio e quimioterapia, além da necessidade de sustentar a autoestima mesmo tendo perdido seio e cabelos. Para ajudá-las a lidar melhor com o medo e a dor, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) promove um curso de meditação às pacientes que enfrentam esta enfermidade. [VIDEO1] Uma vez por semana, 200 alunas passam cerca de três horas recebendo orientações do professor da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Eduardo Tosta. Depois de algumas instruções teóricas, elas fecham os olhos. Inspiram e expiram pausadamente, e, na medida em que o ar vai preenchendo os pulmões, se esquecem da insegurança e das preocupações cotidianas. "É como se eu tivesse tomado um remédio para ficar tranquila", diz Helena Chaves da Graça, 55 anos. A paciente, que fez cirurgia para a retirada de tumor em janeiro deste ano, diz que desde que começou o curso, há três semanas, passou a lidar melhor com o problema. "Quando a gente está ansioso, vê tudo grande. A dor, o cansaço, tudo é maior. Quando a gente se acalma, vê as coisas na medida exata que elas são", relata. Já a servidora pública Maria da Graça Simões, 57 anos, conta que percebeu uma redução do estresse e o fim da insônia. "Antes eu custava a dormir. Agora, deito e apago", diz. Maria da Graça fez uma mastectomia (retirada da mama) há 19 anos. Ficou oito anos sem um dos seios até poder fazer sua reconstituição. Depois de tantos anos, participa do grupo por acreditar que as pessoas que foram ou são portadoras de câncer sofreram, na verdade, um processo de somatização, ou seja, quando situações emocionais ou psíquicas se transformam em sintomas físicos. A opinião de Maria da Graça é validada pelos idealizadores do curso, o professor Tosta e o médico e doutorando Juarez Castellar. A meditação prânica (prana, em sânscrito, significa 'energia vital') baseia-se nos princípios da medicina ayurvédica indiana, que considera as doenças como desequilíbrios, sejam eles físicos, mentais/emocionais ou espirituais. Professor Carlos Eduardo Tosta demonstra exercício para canalizar energiaBenefícios A redução da ansiedade e do estresse são apenas alguns dos benefícios atribuídos à meditação. Segundo Tosta e Castellar, a prática, se feita com regularidade, é um poderoso instrumento de autotransformação, conduz a uma vida mais equilibrada e, consequentemente, mais saudável. Ao meditar, segundo os dois especialistas, as pessoas se tornam mais pacientes, mais resistentes à dor, e aumentam a capacidade de amar, a compreensão do sentido da vida e a longevidade. Até a cura de doenças é possível, defendeu Tosta. Ele explica que as emoções positivas ativam o sistema imunológico, o que possibilita combater e se livrar das enfermidades. "Ao meditar, aprendemos como não envenenar nosso organismo com emoções negativas, que deprimem o nosso sistema de defesa. Um dos ensinamentos do curso, inclusive, é como as emoções negativas podem ser transmutadas em positivas. A idéia central é que os pacientes passem da revolta (não aceitação) ou da vitimização (aceitação passiva) à superação (aceitação ativa). Vagas Atualmente, existem quatro turmas em andamento no curso de meditação para pacientes com câncer de mama. A boa notícia, para quem se interessou pelo projeto, é que estão abertas as inscrições para o preenchimento de 100 vagas. A nova turma está prevista para iniciar as atividades no dia 4 de agosto, mas os organizadores alertam que quanto antes fizer a inscrição, melhor. São 15 encontros, com cerca de três horas, uma vez por semana. A aula é dividida em duas etapas, com cerca de uma hora e meia cada. Na primeira, as alunas recebem instruções do que é meditação prânica e sobre a influência das emoções no organismo. Já a segunda contempla a parte prática do curso. As inscrições podem ser feitas às terças e quintas-feiras, no período da tarde, no auditório 1 do Hospital Universitário de Brasília. Os interessados devem procurar o médico Juarez Castellar. Para mais informações, basta ligar no telefone 3307-2273 e falar com a Shirley, no Laboratório de Imunologia Celular da Faculdade de Medicina da UnB. Reconhecimento científico O curso de meditação para pacientes com câncer de mama é um projeto de doutorado, desenvolvido pelo psiquiatra Juarez Castellar e orientado pelo professor Carlos Eduardo Tosta. Além de proporcionar maior bem estar às pacientes e minimizar os impactos da doença, o trabalho tem como objetivo validar a técnica de forma científica. No decorrer dos encontros serão observados diversos parâmetros (psico, neuro e endócrino) do paciente, para mensurar a influência da prática no sistema nervoso. "Ainda há muita resistência por parte da classe médica no Brasil. Mas em países como os Estados Unidos e Canadá, a meditação é utilizada como tratamento complementar desde 1979", defende Costellar. Para a dona de casa Annemaria Benedetti, 57 anos, o projeto está aprovado. "Nos dias de hoje, é muito difícil encontrar um médico que olha para você como indivíduo", diz a participante que viu no curso uma oportunidade para alcançar o equilíbrio emocional.

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