Cidades

Hospitais públicos devem ter até o fim do ano sistema para aumentar segurança

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postado em 14/05/2009 08:14
As câmeras de segurança e o atual sistema de vigilância da rede pública de saúde do Distrito Federal não são suficientes para evitar novos casos como o registrado na última terça-feira, quando um falso médico foi flagrado no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Apesar dos investimentos recentes, ainda há falhas que deixam as unidades de saúde vulneráveis a situações como essa. A melhor saída para o problema é a implantação do ponto eletrônico de funcionários e a informatização do acesso aos hospitais. O governo promete terminar a instalação do sistema até dezembro. A Secretaria de Saúde também tem um projeto para ampliar a segurança na rede, que será licitado até o mês que vem. São três os grandes objetivos do governo: eliminar qualquer possibilidade de roubo de bebês em hospitais públicos, controlar o trânsito de pessoas nas unidades e evitar o furto de objetos, equipamentos e de remédios de alto custo. O projeto prevê um investimento anual de R$ 13 milhões. Com esses recursos, será implantado um moderno sistema de controle. Os recém-nascidos e as mães, por exemplo, terão que usar pulseiras magnetizadas. ;Se o bebê sair do hospital sem estar ao lado da mãe, haverá um alerta sonoro para impedir;, explica o secretário-adjunto de Saúde, Fernando Antunes. Os medicamentos de alto custo e alguns objetos e equipamentos também contarão com sistema antifurto semelhante ao usado em lojas. Se não for desmagnetizada, a caixa de remédios vai apitar. Segundo o secretário-adjunto, o projeto básico já está pronto. ;A licitação será lançada até o início de junho e a empresa vencedora terá 45 dias para implantá-lo;, afirma Antunes. O sistema de câmeras também será ampliado. Hoje, nem todos os hospitais são monitorados 24 horas por dia. Onde há sistema de câmeras, a segurança é mais eficaz. O Correio visitou sete hospitais ontem para conferir como é feita a vigilância das unidades. Em todos, há funcionários de empresas terceirizadas controlando as entradas tanto do pronto-socorro quanto dos setores de internação. É quase impossível entrar sem crachá funcional ou sem apresentar o documento de identidade aos vigilantes. No caso do falso médico, ele só conseguiu acesso porque portava um crachá verdadeiro, que ele disse ter encontrado na rua. Egberto Alves dos Santos, 44 anos e com quatro passagens pela polícia, colou sua foto 3X4 na identidade funcional para se passar por ginecologista do HRC. Não há evidências de que ele tenha molestado alguma paciente. Crachá Nos dois hospitais públicos mais movimentados do DF, existe a possibilidade de episódios como o da última terça-feira se repetirem. E o risco não está na entrada de estranhos mas, sim, na de servidores. Tanto no Hospital Regional do Gama (HRG) como no de Taguatinga (HRT), a segurança não previne o ingresso de falsos médicos que portem crachás alterados. Os problemas são semelhantes: sistema ineficaz para o controle da entrada de funcionários, excesso de entradas, servidores que não respeitam os acessos restritos ou que se recusam a usar crachás. Alguns hospitais, como o Regional de Ceilândia (HRC), ainda não contam com sistema de câmeras para monitorar pessoas suspeitas. No HRG, local onde uma mulher se passando por enfermeira sequestrou um bebê, em junho de 2008, existem 26 entradas (não somente portas que dão acesso à rua, mas também a diversos setores da instituição). Três delas são destinadas a funcionários. O diretor administrativo, Cícero Sobrinho, explica que boa parte dos 3 mil servidores da unidade não respeita as restrições. ;Isso dificulta o trabalhos dos vigilantes, volta e meia temos problemas. O Hospital do Gama é o mais vulnerável da rede pública;. Sobrinho contou ainda que há funcionários não gostam de usar crachás e querem impor a entrada. Após o roubo da criança, o HRG instalou 36 novas câmeras e agora pretende reduzir o número de entradas para 12. O HRT apresenta um esquema de segurança mais bem estruturado. As entradas foram reduzidas de sete para quatro desde julho do ano passado, há 21 câmeras, 32 postos de vigilância e rigidez na entrada de visitantes. No entanto, os funcionários só precisam apresentar o crachá de papel. A diretora administrativa da unidade, Raziran Temporim, admite a vulnerabilidade diante de um impostor. ;Se a pessoa quiser agir de má-fé e conseguir um crachá fica difícil controlar;, comentou. Para ela, o problema só seria resolvido com uma catraca com identificação eletrônica dos servidores. Revista No Hospital Regional de Planaltina, começou a ser implantado sistema de código de barras nos crachás dos funcionários. As medidas tomadas pelo hospital depois das últimas ocorrências foram fechar algumas entradas desnecessárias e aplicar maior rigor na identificação dos visitantes. Quando chegam ao local, as pessoas têm os pertences revistados. Em Sobradinho, a direção pediu 20 vigilantes para reforçar a segurança. ;Na maternidade tomamos um cuidado maior na identificação. Olhamos a pulseira duas vezes;, explica a diretora administrativa Adriana Patrícia Barbosa. Os casos recentes de impostores em hospitais públicos do DF têm amedrotado os usuários da rede. Ontem, no HRC, pacientes comentavam o receio em receber o atendimento. ;Em hospital público, agora, eu só me consulto com mulheres. Esse é o único jeito de a gente se sentir segura;, comentou a dona de casa Dirce Maria Cunha, 49 anos. O chefe da segurança do HRC admite as lacunas no esquema de vigilância. ;São seis entradas, deveriam ser duas. Ainda não temos câmeras nem uma catraca para o controle de entrada dos profissionais;, justificou Geovan da Luz, 54, que lidera uma equipe de 23 vigias.

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