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Dois Globetrotters visitam Ceilândia e se encantam com menino de 9 anos

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postado em 15/05/2009 07:56
Dois astros do basquete norte-americano deixaram crianças e adolescentes de queixo caído em uma quadra de esportes da Ceilândia na tarde de ontem. Anthony ;Buckets; Blakes e Orlando ;El Gato; Melendez fazem parte do Harlem Globetrotters, equipe que faz malabarismos com a bola, e aproveitaram uma visita à cidade para conhecer os futuros atletas da região. O escolhido para recepcionar os estrangeiros foi Kelvin dos Santos de Lima, 9 anos, um dos destaques locais do basquete de rua. Vestindo short e regata alguns números acima do tamanho ideal, como dita o estilo do esporte, Kelvin deixou os jogadores de boca aberta com o manejo da bola. O garoto aprendeu os truques na oficina oferecida de graça pela Central Única das Favelas do Distrito Federal (Cufa), no P Norte. A perspectiva não era boa para Kelvin. O garoto entrou em quadra para combater dois gigantes do basquete ; um com 2,02m de altura e outro com 1,84m. O que era para ser uma derrota de lavada virou um show de manobras e belas enterradas. Kelvin mostrou os truques criados por ele para driblar o adversário e aprendeu as técnicas dos especialistas em basquete de rua. Essa modalidade dá liberdade ao jogador e tolera movimentos e passes mais criativos. Sem desgrudar os olhos dos ídolos, Kevin se gabou da performance. ;Não foi difícil jogar com eles, foi muito massa;, afirmou. A diferença de idiomas não foi problema para o pequeno jogador. Mímicas e sorrisos derrubaram as barreiras entre o inglês e o português. A dupla internacional queria conhecer onde os jovens treinam. Todos os curiosos tiveram a chance de entrar na roda para tentar derrotar os Globetrotters. O desafio durava pouco: El Gato e Buckets rapidamente driblavam o adversário e enterravam a bola na cesta. O próximo candidato se aproximava e a história se repetia. O jogo, no entanto, era o menos importante para a plateia, encantada com os malabarismos importados. ;Futuro brilhante; El Gato e Buckets se impressionaram com a habilidade de Kelvin com a bola. Na rua onde mora o garoto, eles treinaram passes. ;Estamos acostumados a ver crianças jogando desde cedo, mas o jeito dele é fantástico. Ele tem um futuro brilhante;, ressaltou Buckets. O norte-americano cresceu no Arizona e lembra que não tinha boas quadras para treinar quando era criança. A solução era pegar rodas de bicicleta e pregá-las em uma estrutura para servir de cesta. El Gato recordou que andava quase 2km para chegar a uma quadra. ;Agora, gostamos que as crianças conheçam nosso trabalho;, disse Buckets. Kelvin mora com a mãe e os cinco irmãos em uma casa simples de Ceilândia. De acordo com a mãe do garoto, a dona de casa Rosineide Jesus dos Santos, 39 anos, Kelvin não deixa de bater bola um só dia. ;Ele faz as coisas com gosto, eu sempre apoio. Ele passou o dia todo falando que ia conhecer os jogadores, está muito feliz;, comentou. O menino treina com o coordenador da oficina da Cufa, Jonatas Pereira da Conceição, 25, ou Johnnie Ceilandense, como é conhecido. ;É incrível uma criança dessa idade ter esse domínio da bola;, disse. Ele lembra que os alunos não acreditaram quando souberam que os Globetrotters visitariam Ceilândia. ;Eles são ídolos do pessoal mais antigo, mas os meninos mais novos também conhecem. Todo mundo quer jogar contra os Harlem, quer ter esse presente;, completou Johnnie. Segundo os atletas, para ser um integrante do Harlem Globetrotters, é preciso jogar bem, manter o físico em dia e saber lidar com pessoas de todas as partes do mundo. ;Encorajamos os jovens que querem jogar a comer muitas frutas e vegetais, beber água e a continuar fisicamente ativos, cuidando dos músculos;, frisou Buckets. Pela primeira vez em Brasília, El Gato e Buckets não pouparam elogios. ;As pessoas são amigáveis e bonitas, a comida é muito boa. Já comemos frango com arroz e feijão preto. E o suco de laranja é fresco!”, comentou El Gato. Os Globetrotters costumam visitar hospitais, projetos sociais e bairros carentes durante as viagens a outros países. Também fazem questão de reservar um tempo para fotos e autógrafos depois das apresentações. ;Uma das nossas atividades é retribuir à comunidade. Visitamos crianças, tentamos fazer com que elas sorriam. Amamos interagir e conhecer pessoas novas;, emendou Buckets. Os Harlem Globetrotters vieram ao Brasil pela primeira vez em 1951, quando se apresentaram para 50 mil pessoas no Rio de Janeiro. Há 25 anos, eles não passavam por Brasília. A apresentação dos jogadores está marcada para o próximo dia 7, no Ginásio Nilson Nelson, às 15h e às 19h30. Eles também farão shows no Rio de Janeiro e em São Paulo. A equipe contabiliza 22.500 vitórias desde o primeiro time, na década de 1920, e 345 derrotas. » QUER JOGAR? A Central Única das Favelas do DF (Cufa) oferece oficinas gratuitas de basquete de rua. As aulas ocorrem de segunda a quinta-feira, nos turnos da manhã e da tarde. Crianças a partir dos 5 anos podem se inscrever e aprender o esporte no horário contrário ao da escola. O grupo treina na EQNP 13/17, Área Especial H, Setor P Norte, em Ceilândia. As inscrições podem ser feitas no local e não é preciso pagar pela matrícula. Informações: 3224-6557 ou cufadf@gmail.com.
Para saber mais Esporte como espetáculo A história dos Globetrotters começou em 1926 na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, com a criação do time Savoy Big Five. No ano seguinte, o grupo já viajava para participar de competições de basquete. Em 1930, o time mudou o nome para Harlem New York Globetrotters, em alusão à região novaiorquina de população predominantemente negra ; a equipe era formada por jogadores negros. O primeiro campeonato profissional disputado pelo time só ocorreu em 1939. Naquela época, os atletas costumavam brincar com a plateia durante os jogos, o que ainda marca as apresentações. Foram poucos anos em disputas oficiais ; o entretenimento predominou e os atletas passaram a mostrar seu talento com a bola em grandes exibições. Na década de 1950, a popularidade dos Globetrotters estava em alta e eles formaram quatro times para viajar pelo mundo, o que ocorre até hoje. Em 1982, o time ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. A equipe inspirou filmes, séries de TV e desenhos animados. O Brasil já teve um representante no Harlem New York Globetrotters. Jefferson Sobral, irmão da ex-jogadora da Seleção Brasileira de Basquete Marta, participou desse show do esporte em 2005. Depois da temporada norte-americana, Jefferson defendeu a camisa do Universo (Distrito Federal), do Cetaf (Espírito Santo) e atualmente está nos quadros do Joinville (Santa Catarina).

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