postado em 19/05/2009 08:48
A emergência do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) tem 100 leitos. Mas na tarde de ontem, havia 230 pessoas internadas. É mais do que o dobro da capacidade do setor. Sem espaço suficiente nos boxes, os pacientes são colocados em macas. Enfileiradas, elas restringem o espaço de circulação de profissionais e de acompanhantes dos doentes. Ocupam as duas laterais de um longo corredor. E se espalham por outro, que fica ao lado.
Referência no atendimento de alta complexidade na capital do país e para dezenas de cidades de Goiás, Minas Gerais e Bahia, a superlotação da emergência é um problema de difícil solução. Mas que será amenizado com uma ampla reforma. O HBDF está entre as prioridades do governo num pacote de 50 obras que deverão ser inauguradas quando Brasília completar 50 anos. O anúncio desse plano de intervenções está previsto para amanhã.
O início da reforma da emergência ainda não foi marcado. Depende da liberação de parte dos recursos pelo governo federal. Depois disso, será lançada a licitação. Mas as obras vão começar até o fim do ano, segundo o secretário-adjunto de Saúde, Fernando Antunes, e devem ser concluídas num prazo de 12 meses a 18 meses. O projeto está pronto. ;Vamos ampliar o número de salas de atendimento. Além de aumentar a capacidade de atendimento, vamos oferecer melhores condições para os pacientes;, garantiu. O governo vai investir R$ 18 milhões nas mudanças do pronto-socorro.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a área total da emergência será aumentada em 40%. Quando a reforma for concluída, vai amenizar o problema da falta de espaço. Atualmente, o setor tem 9 mil metros quadrados. Além da ampliação do número de salas para atendimento, haverá a readequação de espaços existentes. Por exemplo, a central de ar-condicionado e a subestação elétrica funcionarão em outro lugar. Alguns pontos já começaram a ser esvaziados para a o início da reforma, como o setor de material sujo e a farmácia. Num dos corredores, o teto de gesso desabou. ;Será uma alteração profunda;, disse o secretário-adjunto.
Para ser reformado, o pronto-socorro do Hospital de Base será fechado. Por isso, o governo prepara outros hospitais da rede para receber os pacientes. Segundo Fernando Antunes, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) atenderá parte da demanda. E as cinco Unidades de Pronto Atendimento (Upas) que serão construídas em São Sebastião, Ceilândia, Recanto das Emas, Taguatinga e Samambaia absorverão outros pessoas. ;As Upas são locais para onde poderão ir alguns dos pacientes que sofreram acidentes de trânsito e acidentes domésticos, por exemplo;, destacou.
Quase concluído
Já a reforma do bloco da internação de 12 andares, iniciada em 18 de junho de 2007, será entregue até setembro próximo. A previsão é que sejam gastos no total cerca de R$ 40 milhões. Segundo estimativas da Secretaria de Saúde, 90% das obras estão prontas. Resta concluir os reparos do segundo, terceiro e quarto andares. No segundo andar, faltam a pintura, o piso e a fiação.
O quarto andar está praticamente concluído. Na tarde de ontem, funcionários limpavam os vidros. Até os painéis nos quais se ligam o oxigênio e ar-comprimido foram instalados. O terceiro pavimento está na fase de reboco das paredes e o piso ainda não foi assentado.
Os demais andares estão prontos e já ocupados por pacientes. É o caso do 5º pavimento, onde funciona a cirurgia vascular, a ortopedia e o setor de bucomaxilo. As paredes pintadas num tom de creme e as portas em azul deixam o ambiente mais agradável. As paredes sem rachaduras, o teto sem fiação exposta dão impressão de que o prédio é novo, mudança que não passa despercebida pelos pacientes.
Internado desde 25 de abril no Hospital de Base, o jardineiro Reginaldo Rocha, 31 anos, se recupera dos ferimentos de um acidente de moto. Para ele, a comparação com outros hospitais da rede é inevitável. ;Aqui, é bem diferente. É tudo limpinho, mais higiênico. Também está tudo novo. E o atendimento é ótimo;, resumiu Reginaldo. Na queda, ele teve duas fraturas: uma exposta na perna esquerda e outra no braço esquerdo. Ainda não tem previsão de alta.
OS NÚMEROS
23 meses
já dura a reforma dos 12 andares do bloco de internação do Hospital
de Base do Distrito Federal.
90%
da obra está concluída.
R$ 40 milhões é a previsão
de gastos com a reforma do bloco de internação.
4 meses
é o tempo que falta para entregar o prédio pronto.
R$ 18 milhões
custará a reforma e ampliação da emergência do HBDF.
Obras devem começar até o fim do ano.
100 pessoas
é capacidade do pronto-socorro.
230 pacientes
estavam no local ontem.
Fonte: Secretaria de Saúde
Recursos garantidos
O Hospital de Base não é a única prioridade do governo. No último fim de semana, o GDF elegeu 50 obras como as mais importantes e gastará nelas cerca de R$ 500 milhões ; entre recursos próprios, do governo federal e de financiamentos com organismos internacionais. ;Isso significa que, para essas obras, não poderão faltar recursos;, resumiu o vice-governador, Paulo Octávio.
A lista completa dos empreendimentos prioritários só será divulgada amanhã. Algumas obras já começaram. Outras estão em fase final e algumas serão iniciadas. O vice-governador antecipou que o governo pretende, por exemplo, entregar parte do projeto Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). ;Pretendemos concluir o VLT ao longo da W3 Sul;, disse Paulo Octávio. Há também a urbanização do Parque Burle Marx, na Asa Norte, a construção da Linha Verde englobando a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e da sede do Clube do Choro.
De acordo com Paulo Octávio, todas as cidades serão beneficiadas. ;As obras atingem vários segmentos: saúde, educação, transporte, segurança pública e outros. Desse modo, todos os cidadãos vão receber alguma melhoria;, explicou.