Cidades

Ausência de obstetras ameaça Casa de Parto

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postado em 21/05/2009 08:21
Uma divergência entre médicos, enfermeiros e o governo ameaça fechar a Casa de Parto de São Sebastião, o único centro de assistência para mulheres grávidas da cidade e capaz de realizar até 60 partos por mês. O Conselho Regional de Medicina (CRM) e o Sindicato dos Médicos do DF (Sindimédico) alegam que enfermeiros, hoje responsáveis pelos nascimentos dos bebês, não estão aptos a realizar os procedimentos sozinhos e pedem a presença de ginecologistas no local. Na última terça, representantes dos órgãos determinaram a suspensão do atendimento, mas a Secretaria de Saúde diz que não foi notificada e que a unidade continua em funcionamento. Uma reunião entre médicos e o secretário de Saúde, Augusto Carvalho, está marcada para a próxima segunda-feira. O CRM se diz disposto a acionar o Ministério Público se não chegar a um acordo com o governo. A Casa de Parto funciona desde 2001 dentro da Unidade Mista de Saúde de São Sebastião, cidade com 70 mil habitantes e que não tem hospital público. A casa se encaixa no perfil de Centro de Parto Normal (CPN), criado pelo Ministério da Saúde em 1999, com o objetivo de humanizar o atendimento a gestantes (veja O que diz a lei). Os profissionais que trabalham no local só fazem partos normais e encaminham para o Hospital Regional do Paranoá (HRPa), o mais próximo, qualquer caso que apresente riscos para a mãe ou para o bebê. De janeiro deste ano até ontem, eles realizaram 73 nascimentos e garantem que nunca ocorreu morte na casa. Até fevereiro deste ano, os partos eram feitos por obstetras, mas os 11 médicos que estavam lotados na unidade foram transferidos para o HRPa. A assessoria da Secretaria de Saúde informa que o remanejamento ocorreu para atender a demanda do hospital, que ficou sobrecarregado com a reforma do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS), referência no atendimento de mulheres grávidas. Mesmo depois do fim da reforma do HRAS, o governo manteve os ginecologistas no HRPa e deixou apenas enfermeiras na Casa de Parto. ;Decidimos fazer a casa funcionar conforme a portaria do ministério, que não exige médicos;, justifica a subsecretária de Atenção à Saúde, Tânia Torres. As 10 enfermeiras têm especialização em obstetrícia, conforme determinado na portaria do ministério. Mesmo assim, os médicos não concordam que só elas sejam responsáveis pelos partos. ;O sindicato não está preocupado com o fato de enfermeiros fazerem partos, mas pediatras e clínicos também atendem na unidade. Na hora que o parto complicar, vão chamá-los para resolver o problema e eles podem acabar responsabilizados por uma morte;, afirma o presidente do Sindimédico, Marcos Gutenberg. Ele pede a volta dos 11 obstetras transferidos para o HRPa para a Casa de Parto. Médicos inseguros O vice-presidente do CRM, Iran Augusto Gonçalves, também diz querer proteger os demais médicos que trabalham no centro. ;Se acontecer alguma coisa, a Secretaria de Saúde será a responsável. Nós vamos proteger o médico;, diz. Cardoso reivindica uma equipe multiprofissional. Funcionários e pacientes da Casa de Parto defendem a unidade. ;As salas são espaçosas, têm banheiro, colocamos até música para as pacientes. Se as mulheres não tiverem pré-natal completo, nem internamos. E se, no decorrer do trabalho, a dilatação não aumentar ou notarmos dificuldades, transferimos para o hospital;, conta enfermeira Euzi Rodrigues, responsável técnica pelo centro.

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