Cidades

Brasília City Tour, serviço turístico especial de ônibus, já faz sucesso entre visitantes

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postado em 23/05/2009 08:35
O servidor público Rodrigo Farraguni, 26 anos, mora em São Paulo e veio para Brasília visitar a namorada, transferida para o Distrito Federal há três meses. Ele aproveitou as férias para matar a saudade imposta pelo namoro a distância, mas, enquanto a garota trabalha, aproveita para conhecer a cidade. Sem companhia ou carona para ir até os principais monumentos projetados por Oscar Niemeyer, Rodrigo optou por um serviço recém-inaugurado: o Brasília City Tour, um passeio que apresenta a capital federal ao visitante em pouco mais de uma hora. Em circulação há 15 dias, o ônibus já transportou cerca de 900 pessoas. O city tour começou a rodar oficialmente em 9 de maio. Um fim de semana antes, no feriado do Dia do Trabalhador, os ônibus fizeram viagens experimentais e o serviço teve recorde de público. Carregou 600 pessoas nos dias 1, 2 e 3 deste mês. Naqueles dias, a tarifa era promocional e custava R$ 5. Agora, o preço é R$ 15, mas o turista pode passar o dia no ônibus. Ele pode, por exemplo, fazer o passeio panorâmico e depois voltar aos pontos de que mais gostou para tirar fotos ou fazer a visitação interna. O bilhete lhe dá o direito de subir e descer quantas vezes quiser. O passeio começa na Torre de TV. De lá, o ônibus desce rumo à Esplanada dos Ministérios. Passa pelo Complexo Cultural da República, pela Catedral, pelos ministérios e pelo Palácio do Itamaraty até chegar ao Congresso Nacional. De lá, segue para a Ponte JK e vai até o Palácio do Jaburu e o Palácio da Alvorada. De volta à Esplanada, passa pelo Palácio do Planalto, pelo Palácio de Justiça e pelo Teatro Nacional. Antes de retornar à Torre, sobe para o Memorial JK, de onde o turista pode avistar o Centro de Convenções, o Complexo Poliesportivo e o Palácio do Buriti. O percurso tem 30km e é feito em uma hora e 20 minutos. A cada intervalo de 90 minutos, um ônibus sai da Torre de TV. Os passeios acontecem de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Enquanto passa em frente a cada monumento, o turista escuta a história da cidade por um sistema de som ligado ao GPS. Assim, fica sabendo o ano de inauguração, o arquiteto que projetou, a proposta do monumento e quais são os aspectos que mais se destacam em cada um deles. O texto é falado em três línguas: português, espanhol e inglês. O ônibus tem dois andares. No de baixo, os passageiros ficam no ar-condicionado. O andar de cima é aberto e proporciona uma belíssima visão da cidade. Modelo internacional O idealizador do city tour é o empresário Clayton Vidal, dono de uma empresa de turismo em Brasília. Depois de conhecer várias cidades do mundo que oferecem o serviço (leia Para Saber Mais), ele teve a ideia de trazê-lo para a capital. Procurou o GDF, apresentou o projeto e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo abraçou a iniciativa. ;Nosso objetivo é atender este pessoal que vem para congressos em Brasília e fica preso, sem ter o que fazer nos horários de folga. Também tem o caso de pessoas que vêm visitar parentes que estão trabalhando e não têm tempo de passear com os convidados;, contou Clayton, que investiu R$ 1,5 milhão na compra de dois ônibus e em treinamento de pessoal. Em duas semanas de funcionamento, o city tour conquistou os turistas. Rodrigo, o rapaz de São Paulo que veio visitar a namorada, repetiu o passeio duas vezes. Na última quinta-feira, entrou no ônibus no fim do dia e fez o roteiro panorâmico, mas não teve tempo de descer nos monumentos. Ontem, voltou à Torre de TV às 10h. Quis entrar na Catedral, no Museu da República e no Memorial JK. ;Não dá para ficar só no hotel. E, se fosse de táxi, não conheceria tudo isso. Táxi em Brasília é muito caro;, disse. Satisfeito com o resultado, Clayton já pensa em expandir o negócio. Ele quer lançar o by night, um trajeto turístico noturno que vai incluir os monumentos do city tour, o Pier 21 e o Pontão do Lago Sul. O casal João Padilha, 27 anos, e Eliane Ferrari, 29, veio de Cuiabá (MT) tirar o visto para viajar aos Estados Unidos. Mas esticaram a viagem em dois para passear pela capital do país. Eliane já tinha vindo uma vez, mas não fez o passeio cívico. João não conhecia Brasília. ;Esta é uma oportunidade única. O ônibus vai devagar, dá para tirar foto, filmar. Em Brasília, tudo é muito grande e longe, é difícil andar a pé;, comentou João. O catarinense Ivan Ricardo Zimmermann, 23 anos, fez um estágio de uma semana na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todos os dias, trabalhou uma hora a mais para sair mais cedo ontem. E aproveitou a última tarde para conhecer a cidade. ;Como não conhecia nada aqui, preferi pegar o ônibus e fazer uma visita guiada.; A licença da empresa que atualmente explora o serviço é provisória. Até o fim do mês, a Agência Brasiliense de Turismo (Brasiliatur) vai lançar um edital de regulamentação do city tour. O serviço continuará sendo privado e não haverá concorrência pública. Qualquer empresa pode se habilitar para prestá-lo e o objetivo é expandir o city tour. Para se candidatar, é preciso ter, no mínimo, dois ônibus, que devem ser licenciados pelo Departamento de Trânsito (Detran). O governo promete fiscalizar os roteiros. Nos moldes europeus O city tour de Brasília foi inspirado nos ônibus que circulam pelas grandes cidades do mundo. O serviço é muito procurado por turistas na Europa. Os veículos percorrem principais pontos turísticos da cidade e os passageiros podem subir e descer durante o trajeto quantas vezes quiserem. O de Madri chama-se Madrid Vision. São dois roteiros, batizados de Madrid Histórico e Madrid Moderno, que apresentam a capital espanhola em poucas horas para os visitantes. Cada percurso dura 75 minutos e os bilhetes, que valem para todo o dia, custam 17 euros (o equivalente a R$ 51). Já as passagens para passeios durante dois dias são vendidas a 19 euros (R$ 57). Os ônibus passam em intervalos de oito minutos no verão e de 15 minutos no inverno. O serviço também funciona em Londres. Chama-se The Big Bus Experience (algo como ;a experiência do grande ônibus;, em português). São duas rotas, vermelha e azul, e a empresa também oferece três opções de passeios guiados a pé. Adultos pagam 25 libras (R$ 100) e crianças 10 libras (R$ 40). No Brasil, os ônibus panorâmicos já circulam em Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Manaus. Os passeios nesses locais custam, em média, R$ 20. O serviço também funciona em Santiago, no Chile, e foi inaugurado em Buenos Aires, Argentina, na semana passada.

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