postado em 27/05/2009 07:55
As crianças com câncer atendidas pela Abrace se mudaram. Deixaram a casa de apoio da entidade, agora em obras, e foram para uma residência alugada, ambas no Guará. O lugar que acolhe meninos e meninas de todo o país que fazem tratamento em Brasília precisa ser revitalizado. A construção de 40 anos não é mais apropriada para quem tem o sistema imunológico tão atingido pelo câncer. A reforma, orçada em R$ 200 mil, não pode demorar porque, enquanto isso, as crianças estão improvisadas em uma casa apertada. Por isso, a Abrace faz o que lhe resta fazer: clamar por solidariedade.
Desde que a Casa de Apoio abriu as portas, em 1994, passou por vários ajustes. Mas a situação chegou ao limite. É preciso uma faxina completa: trocar todo o piso, o telhado, o sistema elétrico. ;A casa é muito antiga;, reforça a presidente da entidade, Ilda Peliz. Antes, o lugar abrigava a residência oficial do administrador do Guará. Quando a Abrace conseguiu a concessão de uso, renovada a cada 10 anos, o espaço estava completamente abandonado. Teve de ser adaptado e novos cômodos foram construídos para receber as crianças, quase sempre acompanhadas das mães.
A rotatividade na casa é grande. Em média, são atendidas cerca de 400 crianças por ano. A Abrace vive de doações e de parcerias com empresas. A reforma iniciada na semana passada não é simplesmente para melhorar a aparência do local. ;Essas crianças têm a imunidade muito baixa. Aqui não pode ter mofo, não pode ter infiltração, como era o caso;, explica Ilda. Falta ainda fazer um projeto de drenagem da água fluvial. A chuva costuma inundar o estacionamento e o pátio. Além disso, algumas passagens entre um cômodo e outro precisam de cobertura, para que as crianças não peguem chuva.
Por enquanto, só há dinheiro suficiente para mexer nos banheiros. Mas, como não dava para esperar, a obra no restante da casa também começou. ;Temos de correr atrás. Não há outra alternativa, a não ser pedir que as pessoas nos ajudem;, afirma Ilza. ;Precisamos que a comunidade abrace a Abrace;, completa. A Casa de Apoio tem 41 leitos distribuídos em cinco dormitórios. Conta com o esforço de 25 funcionários e 20 voluntários. As crianças têm o apoio de uma equipe formada por assistentes sociais, psicólogos e dentistas.
A presidente da Abrace calcula que o ideal seria a obra durar, no máximo, três meses. Depois disso, está prevista a chegada de mais crianças e a casa improvisada, com apenas três quartos, não será suficiente para acolhê-las. A mudança causa transtornos, pois os consultórios e a lavanderia, por exemplo, continuam funcionando na Casa de Apoio em obras. Ilda pretende, em breve, com as doações, montar uma brinquedoteca e uma sala de vídeo no espaço reformado. Mas isso não é prioridade. A pressa é para que a obra iniciada termine o quanto antes.
Superação
Na última sexta-feira, quatro pacientes estavam na casa improvisada, cujo aluguel custa R$ 1,6 mil por mês. Uma delas, Janice Ramos, de 24 anos, virou exemplo de superação. Em 1999, a baiana de Barreiras conheceu a Abrace. Na época, tinha um tumor no joelho esquerdo. Precisou ter a perna amputada, hoje usa uma prótese, mas livrou-se do câncer. ;A Abrace representou a minha cura. Não tinha família aqui, não tinha condições de me virar, e ela me acolheu;, lembra a jovem. O testemunho de Janice emociona a presidente Ilda: ;Vi essa menina crescer. Vê-la curada é uma alegria muito grande;.
Elisângela da Silva Nascimento, 30 anos, e a filha Elizabeth, 14, são de Boa Vista, em Roraima. Maria de Jesus Rocha Farias, 54, e a neta Rafaela, 12, saíram de Balsas, no Maranhão. O que elas têm em comum? Também encontraram na Abrace o apoio de que precisavam para enfrentar um momento tão difícil. As meninas têm leucemia ; câncer nas células produtoras do sangue, um dos mais comuns na infância. ;Eu não tinha para onde ir e, hoje, sinto que a Abrace é como se fosse a minha família;, diz Elisângela, que chegou à Casa de Apoio há quase um ano. ;Aqui, elas ficam com outras crianças, se sentem melhor;, destaca Maria de Jesus, que acompanha o tratamento da neta há mais de dois anos.
SERVIÇO
As doações em dinheiro (qualquer quantia) podem ser feitas em nome da Casa de Apoio. Confira os dados:
Banco do Brasil
Conta corrente: 150.000-7
Agência: 1230-0
Outras informações pelo telefone (61) 3212-6070. A Abrace também aceita doações de materiais de construção, como tijolos, tinta, cimento e areia.
A reforma vai incluir%u2026 - Revitalização do telhado, com a eliminação das infiltrações - Troca de todo o piso da casa (cinco dormitórios e salas) - Pintura de todas as paredes e teto - Projeto de drenagem da água fluvial - Construção de coberturas entre os cômodos - Reforma dos banheiros