Cidades

Grupo brasiliense de terceira idade mostra vigor incomum a muitos jovens

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postado em 31/05/2009 09:38
Diabetes, sedentarismo e pressão alta não preocupam o aposentado Gilberto de Souza, 77 anos. A corrida entrou na vida dele há mais de meio século e preparou seu organismo para chegar à terceira idade sem imprevistos. Gilberto não sofre das doenças comuns à faixa etária nem precisa de remédios. Corre cerca de 10km de segunda a sexta-feira e já participou de maratonas em todo o país. O aposentado acumula 21kg de medalhas conquistadas nas corridas, além de prateleiras cheias de troféus. Chegar a essa idade com saúde e disposição de atleta exigiu muita força de vontade de Gilberto, que não perde um dia de treino. Com a expectativa de vida cada vez mais otimista, muitos idosos têm se dedicado aos exercícios físicos depois de entrar nos ;enta;. A corrida de rua conquistou essa faixa etária por ser acessível, além de constituir uma ótima maneira de fazer amigos. Gilberto acorda cedo e está a postos na calçada às 6h30. O treino leva pouco mais de uma hora e inclui vários pontos da cidade. ;Saio do Cruzeiro, desço o Memorial JK até a Torre de TV, passo no Parque da Cidade e volto. Às vezes, passo pelo QG do Exército, Palácio do Buriti e subo no parque;, detalhou Gilberto. O aposentado pratica esportes desde criança. Ficou 22 anos no judô, aprendeu jiu-jitsu, boxe e karatê. Quando se mudou do Rio de Janeiro para Brasília, em 1959, adotou a caminhada para ir até o trabalho. ;Eu corria do Cruzeiro até a Granja do Torto quando trabalhava na Presidência. Que cansado o quê! Tomava um café e ia fazer meu serviço;, lembrou. Ele sempre entra na corrida para chegar até o fim ; apenas uma vez desistiu no meio do caminho. Nessa brincadeira, já se foram 12 São Silvestres, em São Paulo, e centenas de outras competições concluídas. ;Eu vou para qualquer lugar correndo, a gente vai na festa. Vou pelo mato porque hoje o trânsito é para motorista e carro. Não dá para ir na rua de jeito nenhum;, comentou. O aposentado nunca teve carro ou carteira de motorista, sempre preferiu caminhar para todos os lados. ;Para que ter carro? O Detran nunca vai me multar a pé!”, justificou. Correndo pela saúde ;Não diz limite, isto não te assiste Vem para a vida, pois você existe Olha no campo quanta natureza Bebe na fonte toda esta beleza Guarda no peito, é tua esta festa Vem para a vida, pois muito te resta; A marcha oficial do grupo SemiNovos revela a vitalidade dos 18 corredores integrantes. Os atletas já passaram dos 50 anos e correm 10km diários, além de praticarem musculação duas vezes por semana. Os SemiNovos se conheceram há seis anos, em um grupo de atividades físicas criado no Parque da Cidade. O treino começou com aulas de ioga e tai-chi-chuan, e logo ganhou as pistas. Às 7h30 em ponto, eles se encontram na administração do parque ; mesmo que chova ou faça frio. No início, eram caminhadas curtas e mais lentas para ganhar condicionamento físico. Em pouco mais de um ano, eles tiravam de letra a volta completa do parque e corridas promovidas em todo o país. Os SemiNovos acabam de voltar de Santiago, capital do Chile, e arrumam as malas para correr em Fortaleza e Maceió nas próximas semanas. A meta do grupo é conquistar uma medalha em casa estado brasileiro ; de janeiro para cá, já conseguiram prêmios em nove lugares. Em Minas Gerais, eles chegaram a subir o Pico da Bandeira, e nunca deixam de dar uma corridinha mesmo em viagens de lazer. ;A circulação começa a pinicar quando paro. Não fico mais de dois dias sem correr;, revelou a aposentada Raimunda Almeida, 56 anos. Eles contam com a orientação do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos (Gepafi) da Universidade de Brasília (UnB) para não exagerar na corrida. Usam medidores de frequência e sabem a hora de pegar leve na pista. ;A professora tira nossa pulsação e fazemos exames médicos semestrais;, ressaltou o aposentado José de Oliveira Neves, 75 anos. O corredores garantem que a saúde está sempre em dia. ;A gente passou pela menopausa sem tomar remédio. O médico disse que eu não preciso procurar um geriatra, mas um pediatra;, brincou a aposentada Marlene Francisco de Moura, 59 anos. Os exames revelam o bem-estar dos atletas: as taxas de glicose, colesterol e pressão alta se normalizaram. Para ter disposição logo cedo, os corredores têm um segredo. Antes de sair de casa, eles tomam um suco verde ; mistura de couve (ou brócolis), limão, maçã, gengibre e linhaça. A combinação parece estranha, mas garante energia para o exercício. Usar um bom tênis também é importante. José de Oliveira sofreu inflamação no tendão por conta de um tênis inadequado e passou um ano na fisioterapia. Aos domingos, os SemiNovos se encontram em frente ao Banco Central por volta das 8h e percorrem as asas Sul e Norte. São 28km, e quem quiser se aventurar pode aparecer e conhecer o grupo. ;Essa nós fazemos em ritmo leve, dá para conversar e colocar as fofocas em dia;, comentou Marlene. Leia matéria completa na edição deste domingo do Correio Braziliense

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