No dia 10 de Junho serão comemorados 10 anos da publicação do Decreto Presidencial que criou a Floresta Nacional de Brasília ; Flona. Mesmo após tanto tempo, o Instituto Chico Mendes de conservação da biodiversidade ; Icmbio, autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente que administra a Flona, ainda não recebeu do Governo do Distrito Federal o registro dos 9.346 hectares, divididos em quatro áreas próximas a Taguatinga e Brazlândia, que formam a área da floresta.
As comemorações da primeira década da Flona coincidem com as da Semana do Meio Ambiente. Nesta sexta-feira (05/06), foi inaugurada pela manhã a eco-trilha Quero-Quero. À noite, a partir das 19h, será feito passeio seguido de luau na floresta. No sábado, será feito um passeio noturno de bicicleta, por dez quilômetros de trilhas. A programação continua na segunda-feira (08/06) com passeio de trenzinho para crianças e exposição de fauna e flora. Na quarta-feira (10/06) será cortado o bolo de aniversário da Flona.
Fonte de água
A preservação das áreas da Flona é vital para o abastecimento de água no Distrito Federal. Lá, brotam várias nascentes que abastecem a Barragem do Rio Descoberto, principal fonte de captação de água da Caesb (70% da água tratada do DF vem de lá). Pensando nisso, um grupo de ONGs ambientalistas entrou com processo judicial em 2001, para que o Decreto Presidencial que criou a Flona saísse do papel. Após dois anos de tramitação, em 2003, uma tutela antecipada foi expedida para que o Ibama, responsável pela administração da Flona na época, e a Terracap, providenciassem a demarcação das áreas que formam a floresta. A determinação judicial foi cumprida em parte, já que a transferência da terra até hoje não foi concretizada. A direção da Terracap foi procurada, porém não houve resposta até a publicação desta matéria.
Ocupação da terra
A Floresta Nacional de Brasília é uma unidade de conservação de uso sustentável, sua administração segue as regras do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza ; Snuc. Ele permite que populações tradicionais, que vivem nas áreas transformadas em Flona, permaneçam no local. Porém, a sua atividade econômica deve estar de acordo com a preservação da fauna e da flora. O uso econômico da terra deve ser feito de forma sustentável, sem degradar mananciais hídricos nem espécies em perigo de extinção.
No caso da Flona Brasília, em três das suas quatro aéreas existe ocupação de terra por chacareiros. Aproximadamente mil famílias vivem impedidas de produzir por falta de um plano de manejo para a aquela unidade de conservação. Lázaro José de Paula, 51 anos, morador do assentamento 26 de setembro, criado 1996, conta que a criação da Flona trouxe muitas dificuldades para as 300 famílias transferidas para o local, pelo então governador Cristovam Buarque. ;Nós viemos para cá para tirar o sustento da terra. Tudo ia bem até a criação da Flona. A partir daí, o Ibama proibiu qualquer tipo de atividade por aqui;,lamenta a agricultor, que está com parte da casa coberta com lona, a espera de autorização do Icmbio para colocar as telhas.
O problema de Lázaro é pequeno, se comparado com os moradores das três quadras do assentamento, que vivem sem energia elétrica.;O assentamento tem seis quadras, mas apenas três tem luz. Quem fica no escuro passa apertado. As crianças não podem assistir sequer televisão. Isto é um absurdo;, critica Lázaro.
O assentamento 26 de setembro fica às margens da rodovia DF-001, que liga Taguatinga a Brazlândia. Local visado pela especulação imobiliária que, a exemplo de Vicente Pires, quer parcelar as chácaras em lotes residenciais.