Cidades

Polícia apura 'sequestro' de bebê achado em vala

Encontrada por um morador do Setor Arapoanga, criança chorava de frio e tinha os olhos encobertos por terra, pois fora deixada de bruços

postado em 10/06/2009 08:32
A polícia abriu inquérito e vai apurar a versão da mãe de um bebê de cinco meses que afirmou que ele teria sido raptado e abandonado depois numa vala onde passará a rede de águas pluviais em Planaltina. A adolescente de 15 anos foi localizada, ontem, após o caso chegar ao conhecimento das autoridades policiais por intermédio dos vizinhos. Ela disse ter sido abordada por três homens quando saía da casa da mãe, no Setor Arapoanga, na noite de segunda-feira. Além do bebê, os bandidos também levaram o aparelho celular e outros pertences dela. Apesar de na certidão de nascimento do recém-nascido não constar o nome dos pais ; a polícia explica pelo fato do casal ser menor de idade ;, a criança abandonada chama-se Cauan. Ele estava dentro de um buraco de dois metros de profundidade entre a manilha e a parede de terra formada pela escavação. Talvez por causa do frio, chorava muito. O choro foi fundamental para chamar a atenção do padeiro José Adriano Carneiro, 21 anos, que voltava do trabalho naquele momento. Passava das 23h, contou o morador da Quadra 8, quando ele se inclinou sobre a vala para ver o que havia lá embaixo. Num primeiro momento, Carneiro pensou que se tratava de um cachorro. Mas viu que estava errado quando notou os bracinhos de Cauan mexendo lá embaixo, no meio do breu. ;Ele estava enrolado num pano branco, com a boca e os olhos encobertos por terra, porque foi colocado de bruços;, detalha o padeiro, que é pai de uma filha de nove meses. ;Logo, pensei nela;, relatou. Pai de primeira viagem, José Adriano pediu ajuda à dona de uma casa situada perto do local onde Cauan se encontrava, na Quadra 7M do Arapoanga. ;Eu o ajudei a limpar a terra da criança enquanto ele (José Adriano) chamava a polícia;, contou Francisca Ribeiro da Silva, 64, que reside três ruas abaixo da vala. Ontem, enquanto a equipe do Correio conversava com ela, um morador se aproximou e disse ter visto a mãe passar com o bebê momentos antes de ele ser abandonado. ;Ela passou com ele no colo várias vezes aqui. Olhava para a esquina e voltava. Eu percebi que ela estava chorando. Ainda pensei em oferecer comida para a criança;, disse Walber Ribeiro da Silva, 20, estudante e morador da Quadra 8. Investigações Os moradores ficaram revoltados com a possibilidade hipótese de abandono, levantada pelos investigadores, ser confirmada. ;Isso é uma malvadeza;, bradou Vanusa Biluco Cunha, 38. Cauan foi levado para o Hospital Regional de Planaltina. De lá, transferiram-no para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde passou por sessão de tomografia. O exame não constatou nenhuma lesão grave na cabeça do bebê ; apenas um pequeno hematoma na mesma região do corpo. Assim, ele retornou para o HRP ontem mesmo. Lá, permanece em observação. O caso é investigado pela 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina). O delegado-chefe, Sávio Barreto, disse que trabalha com as duas hipóteses: sequestro, conforme afirmou a adolescente, e abandono de incapaz. No depoimento que prestou na delegacia, a mãe do bebê ;sua identidade foi preservada em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ; contou que três desconhecidos estavam dentro de um carro preto cujo modelo ela não sabe definir. ;Ela disse que pode ser um Gol ou Pálio;, informou Sávio. Da casa onde estava, situada no Conjunto 1 da Quadra 7M, eles a teriam levado com a criança para a DF-345, que passa atrás do Arapoanga. O trio resolveu retornar, segundo ela, depois que um deles recebeu uma ligação pelo celular. ;Ela contou que eles a liberaram e seguiram com a criança;, relatou o policial. A polícia tenta descobrir qual a intenção do trio de criminosos ter abandonado o bebê três ruas acima de onde mora a avó materna da criança. Se for comprovada a culpa da adolescente, ela poderá ser punida de acordo com a legislação, que prevê sanções a menores de idade, como internamento com fins socioeducativos em um centro de atendimento juvenil. O menino, segundo Sávio, será entregue aos avós assim que for liberado do hospital.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação