Cidades

Briga de gangues leva insegurança ao Setor P Sul de Ceilândia

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postado em 10/06/2009 23:17
Quarta-feira, 10h30. Os irmãos Fernando Morais Durante, 19 anos, e Rafael Rogério Nunes, 21, conversavam em frente da casa onde moram, na EQNP 22/26 da Ceilândia, quando dois homens armados apareceram na rua e atiraram contra a dupla. Fernando levou três tiros: um nas costas, outro no ombro e um na coxa. Rafael levou só um tiro de raspão no rosto. Encaminhados para o Hospital Regional da Ceilândia (HRC), não correm risco de morte. A tentativa de homicídio em plena luz do dia se soma a diversas ocorrências de violência que, de acordo com a Polícia Civil, são resultado de uma guerra entre gangues de quadras rivais do P Sul. Levantamento do Correio aponta que pelo menos 10 homicídios ocorreram na região desde o início do conflito, há aproximadamente um ano. Só nos últimos 15 dias, duas pessoas foram assassinadas no P Sul. As desavenças envolvem jovens das QNPs 16, 20, 22 e 26 e têm como motivo o tráfico de drogas e roubos. "Os ataques não são aleatórios. Eles sempre vão a determinado lugar com um alvo certo em mente", destacou o delegado Saulo Ribeiro Lopes, da 23ª DP (P Sul). "Temos direcionado nosso trabalho para desarticular e prender os integrantes desses bandos. E posso afirmar que o cerco está se fechando sobre eles", acrescentou. Vagner de Almeida Silva tem quatro mandados de prisão expedidos em seu nomeA polícia está atrás de Vagner de Almeida Silva, 22 anos, identificado como líder do grupo da QNP 26 e que atende pelo apelido de Lata. O rapaz já responde a 11 inquéritos policiais, inclusive por oito homicídios, e tem quatro mandados de prisão expedidos em seu nome. Ele também é acusado de ser o autor dos disparos que mataram Judiel Marques de Matos, 28 anos, na quinta-feira da semana passada. Na ocasião, a polícia conseguiu prender o comparsa de Vagner, Ruimar Gonçalves Pedrosa, 52 anos, que teria participado da execução. Os policiais ainda procuram por Deivid Alexandre Peixoto, 25 anos, comparsa de Vagner e um dos principais fomentadores do conflito na região. Ele tem passagens por diversos crimes, inclusive homicídios. O delegado destacou que o rapaz já teve a prisão preventiva decretada. "Acredito que em breve teremos provas suficientes para prender os dois. Pedimos apenas que qualquer pessoa que tenha informações sobre o paradeiro deles entre em contato conosco por meio do 197", afirmou o delegado. Deivid Alexandre Peixoto é um dos principais fomentadores do conflito na regiãoO crime desta quarta-feira (10/11) está diretamente ligada à guerra de gangues, segundo a polícia. Na semana passada, após a morte de Judiel, os agentes receberam informações de que Vagner estaria escondido na casa de Fernando, que seria amigo do acusado. Apesar de não terem encontrado o foragido, os policiais apreenderam na casa do jovem um colete à prova de balas e munições de calibre 12. Fernando acabou autuado por porte ilegal de munição. Ele também era o principal alvo do ataque efetuado ontem. Segundo testemunhas do crime, não houve qualquer aviso antes dos disparos. Algumas pessoas estavam na rua, que conta com diversos comércios, e fugiram em busca de proteção. Os dois atiradores chegaram ao local a pé. "Levei um susto. Nunca tinha visto nada igual antes. Entrei para casa assim que vi o que estava acontecendo. Não sei quantos tiros foram disparados, mas com certeza foram mais de seis", detalhou uma das testemunhas. As balas não acertaram apenas os dois irmãos. Elas se espalharam pela vizinhança. Fizeram buracos em paredes e chegaram a danificar um Uno estacionado nas proximidades da casa das vítimas. Após o crime, os dois atiradores entraram em um carro estacionado em uma rua adjacente e fugiram. A dupla estava foragida até o fechamento dessa edição. A população se sente refém da violência provocada pela guerra de gangues. Os homicídios que assombram o P Sul são comentados nas esquinas, bares e comércios da região. "Não temos paz por aqui. Tem dias que fico até com medo de sair de casa", contou uma senhora que preferiu não se identificar. Os moradores acuados reclamam das ações dos bandidos, em especial de Vagner de Almeida Silva, personagem conhecido na vizinhança. "A polícia já chegou a pegar ele. O problema é que as testemunhas, por medo, não o reconheceram na delegacia e ele acabou voltando para as ruas", contou o comerciante, que teme a ação das gangues. "Não importa a hora nem o local para esses bandidos atacarem. Precisei colocar grades no meu comércio para me resguardar um pouco de tudo isso", desabafou um comerciante.

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