Pablo Rebello
postado em 19/06/2009 08:22
Sábado, 20 de fevereiro. Maria Assis Freire Rodrigues, 16 anos, leva um tiro no rosto e morre na QNP 24 da Ceilândia. Domingo, 19 de abril. O corpo de Diego Pinto Lima, 16 anos, é encontrado abandonado com 44 facadas na Quadra 311/511 do Recanto das Emas. Sábado, 30 de maio. Abílio Rabelo Sucupira, 40 anos, e Maria Lúcia Gomes, da mesma idade, morrem após serem atingidos diversas vezes por disparos de armas de fogo na Quadra 6 do Setor Leste do Gama. Acerto de contas, ciúmes, embriaguez, queima de arquivo. Os motivos variam. Mas dados da Polícia Civil do Distrito Federal revelam que o número de homicídios cometidos nos primeiros cinco meses de 2009 aumentaram em relação ao ano passado.
De janeiro a maio desse ano, foram 324 assassinatos em todas as regiões administrativas do DF. No mesmo período do ano passado, a polícia registrou 259 crimes dessa natureza. Uma diferença de 65 mortes. Os dados foram apresentados durante seminário que discutiu as causas, tendências e meios de reprimir homicídios. Realizado pela Polícia Civil, o encontro reuniu delegados e especialistas em crimes violentos no Departamento de Polícia Especializada (DPE) de segunda-feira até ontem.
A cidade que apresentou maior aumento no número de homicídios foi Ceilândia, com registro de 18 assassinatos a mais do que nos cinco primeiros meses do ano passado. Em segundo lugar, está o Recanto das Emas, com 12 mortes violentas a mais. Por outro lado, também houve reduções nos crimes desta natureza em algumas regiões administrativas do DF. E em outras, sequer houve registro criminal até o momento.
Águas Claras foi a cidade onde ocorreu a redução no número de mortes violentas. Segundo a polícia, de 11 homicídios registrados de janeiro a maio de 2008 para 6 no mesmo período desse ano. Já o Núcleo Bandeirante e o Lago Norte ainda não apresentaram nenhum registro de assassinatos no período levantado. (Veja estatísticas completas no quadro.)
Reflexos
Embora os números possam assustar à primeira vista, o diretor-geral da Polícia Civil do DF, delegado Cléber Monteiro, garante que o aumento das mortes violentas registradas não reflete necessariamente um crescimento da violência nos grandes centros urbanos. A razão disso é a dificuldade de se prever quando um assassinato pode ocorrer. %u201CNão temos como saber quem planeja matar alguém. Outro dia mesmo, um soldado matou o outro dentro da Granja do Torto, próximo da casa do presidente. Isso também entra para a estatística. Homicídios não são uma questão de segurança pública%u201D, ressaltou o delegado.
Mesmo que a previsão do crime seja complicada, a polícia possui meios para tentar evitar as fatalidades. %u201CTemos diversas campanhas de desarmamento e procuramos realizar operações em horários e locais onde existe uma maior probabilidade de ocorrência de homicídios. Como no fim da tarde de domingo, quando os bares apresentam um movimento maior de pessoas e os ânimos estão mais exaltados%u201D, detalhou.
O delegado espera que os assuntos discutidos durante o seminário também ajudem a definir outras práticas e políticas públicas capazes de diminuir os assassinatos nas mais diversas cidades do Distrito Federal. %u201CMas tudo isso precisa ser ponderado e estudado. É preciso de um pouco de tempo%u201D, concluiu.