Cidades

Homens representam 95% do total de motoristas flagrados alcoolizados ao volante

Adriana Bernardes
postado em 20/06/2009 08:25
No aniversário de um ano da lei que proíbe o motorista de dirigir alcoolizado, as estatísticas confirmam a queda de mortes e de acidentes fatais nas vias do Distrito Federal. Em um ano de vigência, 77 mortes foram evitadas, na comparação com o ano anterior. A média é de seis vidas salvas todos os meses. O número de acidentes fatais também foi menor. Fechou o período com redução de 16,8%. E uma constatação: a maioria esmagadora dos infratores são homens. Eles representam 95% dos autuados. As mulheres, apenas 5%. A princípio parece óbvio, uma vez que o número de homens habilitados no DF é quase o dobro do de mulheres. Das 1.213.632 carteiras de motoristas emitidas pelo Departamento de Trânsito (Detran), 785.489 são para homens e 428.040, para mulheres. Mas o gerente de Fiscalização do Detran, Silvaim Fonseca, garante que a mulher é menos autuada porque está mais consciente. ;Diariamente, para cada 20 flagrantes, 19 são homens. A mulher incorporou mais o espírito da lei seca e evita dirigir alcoolizada;, diz. A advogada Mariana Oliveira, 25 anos, comprova a teoria. Sempre que é preciso, ela desempenha o papel de amiga da vez. 'Acho que a mulher se organiza melhor na hora de beber', diz. 'Mas deve-se levar em consideração que as mulheres dirigem menos que os homens', ressalva a colega de profissão Andressa dos Santos, 30. É difícil encontrar alguém que questione a efetividade da lei. Mesmo o advogado Fabrício da Mota Alves, 33, o primeiro a entrar com uma representação na Justiça contra a norma, se rendeu. ;Continuo achando que a lei prejulga o motorista, mas, tendo em vista os resultados, hoje eu não entraria com aquele mandado de segurança;, admite. Os frequentadores dos bares reconhecem que continuam a beber, mas mudaram hábitos. 'Sempre que possível, vou de carona', afirma o também advogado Bruno Degrazia. Aliás, essa turma da lei estava ontem em uma happy-hour e garantiu que, quando sai, cada um só toma dois chopps. Depois disso, é água e duas horas de bate-papo para o álcool, digamos, evaporar. Sangue Com base em exames de sangue feitos pelo Instituto de Medicina Legal (IML) em 190 pessoas que perderam a vida em 2007, o Detran traçou um perfil das vítimas e descobriu quantas estavam alcoolizadas. Mais da metade dos mortos (58%) tinha álcool no sangue. O teste foi feito nas vítimas com mais de 15 anos, que morreram no local do acidente e foram necropsiadas até 24 horas após a morte (o que garante a segurança no resultado). A quantidade de álcool atestada ficou entre 15,1 e 22,5 decigramas por litro de sangue, e não 0,2 e 2,87 como publicou o Correio em 18 de junho. O setor de estatística do Detran detalhou os dados de condutores e pedestres mortos. Descobriu que dos 87 motoristas, 62% estavam alcoolizados. Entre os pedestres (49), o percentual ficou em 57,1%. A análise sobre o dia da semana e hora em que essas pessoas morreram confirma o que os agentes de trânsito veem no dia-a-dia. A maior parte dos acidentes fatais ocorre à noite e de madrugada (veja quadro). Já neste primeiro ano de lei seca, o balanço revela que houve queda de 21,4% nos acidentes aos fins de semana. De segunda a sexta-feira, a redução foi de 12,8%. O diretor-geral do Detran, Cezar Caldas, atribui a redução da violência no trânsito à fiscalização e à mudança de comportamento do motorista em função das alterações impostas pela lei. ;Em um ano de lei seca, aperfeiçoamos nossa blitz, que ficou mais eficiente. Atuamos nos grandes corredores e também em pontos estratégicos em que há concentração de bares, boates e clubes.; O número de vidas poupadas ao fim de um ano de vigência da Lei Federal nº 11.705/08, 77 teve ligeira queda, quando comparado com os dados de 11 meses: de junho a maio, houve 81 mortes a menos. A variação, segundo o Detran, se deve ao maior número de acidentes ocorridos no último mês, além de consolidação dos dados de meses anteriores. Um sinal de alerta para autoridades de trânsito e motoristas. (arquivo em formato pdf)

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