Cidades

GDF dá início à distribuição de camisinhas femininas nos postos da rede pública

postado em 20/06/2009 08:39
A partir deste mês, a mulher brasiliense tem acesso gratuito ao mais moderno método feminino de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez. O Governo do Distrito Federal vai distribuir 150 mil camisinhas femininas feitas de borracha - material que oferece mais prazer e conforto do que o poliuretano, utilizado na produção dos primeiros preservativos destinados a esse público, na década de 1990. A distribuição já começou nos postos de saúde e nos centros especializados da rede pública, mas a Secretaria de Saúde vai fazer uma campanha de divulgação e orientação desse método, que oferece o máximo da autonomia sexual à mulher. Com a camisinha feminina em mãos, ela não precisa esperar a iniciativa do parceiro ou da parceira para ter uma relação sexual segura. 'Se o homem reclama que não quer usar a camisinha masculina, ela pode usar a dela; ou, se a mulher deseja sair de casa já protegida, pode colocar antes de ir a uma festa, por exemplo. Ela não depende de ninguém para se proteger e pode planejar isso', explica Rejane Albuquerque, responsável pela logística de preservativo da Gerência de DST/Aids, da Secretaria de Saúde do DF. No DF, a distribuição da camisinha feminina tem os mesmos princípios de uma norma técnica do Ministério da Saúde, editada em janeiro deste ano, que desburocratiza o acesso ao preservativo masculino. As interessadas não precisam fazer cadastro ou qualquer seleção para receber o insumo. Basta pedir o preservativo no posto de saúde. Serão entregues, de graça, três unidades para que a mulher se familiarize e teste o novo modelo de camisinha. Caso ela aprove, podem ser entregues mais 12 a cada mês. Apesar do número estipulado, a cota não é fixa e pode ser ampliada, dependendo da situação. Se a mulher precisar de qualquer tipo de esclarecimento quanto ao uso, poderá solicitar, gratuitamente, uma orientação com um profissional. Serão também entregues folders explicativos sobre o tema. Uma das grandes barreiras quanto à adesão ao preservativo é falta de conhecimento do método e do próprio corpo feminino. 'Tocar no próprio corpo é um tabu cultural carregado pelas mulheres. Há ainda o receio de colocar um preservativo com um formato fora do comum, o medo de se machucar ou parecer feio para o parceiro. Mas as pesquisas mostram que o estranhamento inicial é compensado pelo prazer e sensação de conforto, tanto para o homem quanto para a mulher', explica Regina Figueiredo, socióloga, mestre em antropologia e pesquisadora da Secretaria de Saúde de São Paulo. Ela está auxiliando o governo local na preparação dos profissionais e agentes de saúde. A capital paulistana foi pioneira na promoção do acesso gratuito ao preservativo, em 2007, e hoje é considerada referência em gestão. Segundo Regina, a retomada da campanha do uso da camisinha feminina veio para combater a preocupante estatística da quantidade de mulheres infectadas pelo vírus HIV no Brasil . Hoje, para cada dois homens infectados, há uma representante feminina. Na década de 1980, aponta a pesquisadora, a proporção era de 25 homens para uma mulher. 'A mulher tem sua própria arma e deve ser utilizada como elemento complementar. A camisinha feminina não deve concorrer com a camisinha masculina', salienta a especialista. Material novo O preservativo feminino tem abertura em formato oval, reforçada, que impede a entrada total no canal vaginal. OBrasil não produz esse tipo de camisinha. Por isso, o preço nas farmácias varia entre R$ 15 e R$ 18. Para o governo local, a compra unitária saiu por R$ 9,50. As 150 mil unidades serão distribuídas até o fim do ano, mas a gerência aguarda o repasse de 300 mil camisinhas do Ministério da Saúde. A projeção da necessidade local é de 60 mil unidades e mais 900 mil camisinhas masculinas por mês. A auxiliar de serviços gerais Maria Francisca da Silva, 45 anos, é uma das adeptas do método e utiliza os preservativos distribuídos pelo GDF. Na primeira vez que viu a camisinha, ela estranhou a aparência, mas mesmo assim não se intimidou: usou com o parceiro e descobriu uma nova forma de sentir prazer. 'Me sinto limpa, segura, e não tenho medo de pegar nenhuma doença sexual, porque a camisinha protege até o lado de fora', afirma. 'É melhor usar do que correr o risco de fazer sexo inseguro, porque muitos homens ainda não querem usar a camisinha masculina', alerta Darci Maria de Oliveira, 51 anos, também auxiliar de serviços gerais. Ratificando a informação do Ministério da Saúde de que o preservativo feminino tem um potencial de 10% do consumo de preservativo masculino entre o público brasileiro, o servidor público Robson Correia, 45 anos, também aprova o seu uso. Por uma orientação médica, ele foi aconselhado a usar a camisinha feminina com a mulher. A sugestão foi bem recebida em casa. 'O uso da camisinha foi uma opção contra o fim da nossa atividade sexual. No primeiro momento, tivemos uma certa dificuldade e depois veio a comodidade', comenta ele.

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