Cidades

É cada vez maior a quantidade de lojas especializadas e brasilienses que criam peixes em casa

postado em 21/06/2009 08:23
Se pudesse, Carlos Lima iria morar dentro de um aquário. Tanto que a mulher dele acredita que, em vidas passadas, ele já foi um peixe. Aos 34 anos, o administrador vira criança quando fala do hobby que cultiva desde os 8. Foram pelo menos nove aquários montados e desmontados, sempre dando espaço a um maior. O próximo ficará pronto em dois meses. Terá 620l de água e mais de 350 peixes. "Acho que vai dar pra mergulhar", brinca. Como Carlos, fanáticos por aquários e peixes existem por todos os cantos de Brasília. Ainda não há uma associação que os represente, mas comunidades virtuais e lojas especializadas estão cada vez mais movimentadas. Os aquaristas, como são chamados, defendem que nascem com a paixão. Mas muitos só despertam depois de verem o aquário do vizinho ou de comprarem o primeiro peixe para os filhos, geralmente um betta. (1) Se a paixão vingar, compram livros, fazem cursos e gastam milhares de reais. Mas experimente fazer juízo de valor e dizer ao Carlos, por exemplo, que o investimento é alto. Ele devolve na hora com uma lista de vantagens do aquarismo. "Quem tem aquário não precisa de televisão. Quando estou estressado, fico olhando para ele uns 30 minutos e relaxo", conta. Ele já gastou R$ 2,5 mil com o novo aquário. "Trabalho? Não dá, não. Hoje em dia tem até alimentador automático", completa. A tecnologia e o serviço oferecido aos aquaristas só evoluem. Se não quiser colocar a mão na água, não põe. Pode contratar quem cuide da manutenção. Em Brasília, são pelo menos sete lojas especializadas. "Não queremos é que uma experiência prazerosa se transforme em trauma", diz o biólogo Hélio Maeda, 30 anos, de uma família tradicional no ramo. Não existem muitas regras entre os aquaristas. Cada um tem a sua experiência. Mas o certo é que não adianta comprar um aquário, jogar os peixes dentro e pronto. Se não tiver um mínimo de conhecimento, a água ficará verde e os peixes morrerão. "Pelo menos o cuidado diário de olhar para o aquário a pessoa vai ter que ter", comenta Rafael Zaia, 28 anos, vendedor de uma loja na Asa Norte.
Mar em casa Os peixes não pediram pra sair dos rios e lagos. Mas em aquários bem cuidados, podem viver até o triplo do que viveriam na natureza. Na ânsia de deixar o ambiente o mais natural possível, cresce o conceito do "aquário plantado", ou seja, com rochas e plantas naturais e não peças de plástico. Em ascensão também estão os aquários marinhos. Mas com uma ressalva: com corais e peixes vindos do exterior, a água do mar deixa o preço mais salgado. O servidor público Miguel Leon, 50 anos, tem um pedaço do mar em casa. "Olha que estamos a mais de mil quilômetros dele", lembra o dono de um aquário com 1,5 mil litros de água, montado em um quarto construído só para recebê-lo. Abriga cavalos-marinhos, caranguejos e espécies como o peixe-palhaço %u2014 do filme de animação Procurando Nemo. (2) Todo o sistema de filtragem, instalado em uma casa de máquinas, foi bolado por Miguel. O aquário ganhou no fim do ano passado o prêmio de mais bonito em um site norte-americano especializado. 1 - O nome do betta faz referência a uma tribo de índios, onde os guerreiros eram chamados de Bettahs. Os machos são violentos e, por isso, não podem conviver com outros. Eles medem, no máximo, 10cm e o aquário não exige bomba ou filtro. O preço médio da unidade é R$ 7. Com o aquário, é possível comprá-lo a R$ 10. 2 - Procurando Nemo (2003) foi uma febre entre crianças e adultos. No Brasil, ficou em terceiro lugar entre os filmes mais vistos naquele ano. Quase cinco milhões de pessoas foram ao cinema conferir a história de um peixe-palhaço que é levado do coral onde vive por um mergulhador e passa a viver num aquário.

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