postado em 22/06/2009 08:37
A geração digital, acostumada a passar horas na frente do computador navegando na internet, voltará a sentir prazer em folhear papel e retirar, de lá, conhecimentos. A partir de hoje, alunos da rede pública de ensino usarão jornais em sala de aula como auxílio no aprendizado de português, matemática, história, geografia, artes e educação física. O Correio Braziliense firmou um acordo com a Secretaria de Educação para que o periódico seja entregue a 199 escolas urbanas e rurais do Distrito Federal. Até o fim do ano, cerca de 145 mil estudantes do ensino fundamental serão incentivados a ler todos os dias.
A iniciativa faz parte do programa Leio e escrevo meu futuro, que tem o objetivo de promover o hábito da leitura e a prática da escrita em crianças e adolescentes das escolas do governo. Os jornais serão entregues para 145 mil alunos da 6ª à 9ª série do ensino fundamental. O contrato foi assinado na última sexta-feira pelo secretário de Educação, José Luiz Valente, e pelo diretor-presidente do Correio Braziliense, Álvaro Teixeira da Costa. O diretor-gerente do Correio, Evaristo de Oliveira, também participou da solenidade. %u201CÉ uma honra fazer parte deste esforço do GDF de melhoria da qualidade de ensino da capital. Não há dúvida de que a educação é a base de qualquer país e de que Brasília estará na frente de todo mundo na qualificação de seus estudantes, como já está%u201D, afirmou Costa.
Os jornais começam a chegar às salas de aula hoje. Todos os dias, 7.562 exemplares serão distribuídos nas escolas. O número que cada instituição receberá vai variar de acordo com a quantidade de alunos matriculados. %u201CNão estamos apenas mandando os jornais. Os professores têm de saber que ele é uma ferramenta a mais para enriquecer as aulas e formar senso crítico nos alunos%u201D, ressaltou a secretária adjunta de Educação, Eunice Oliveira.
Durante os dias da semana, os jornais irão para os colégios. No fim de semana, nos feriados e nas férias de julho, serão enviados para a casa de alunos e professores. Os estudantes receberão 80% dos exemplares e os professores, os outros 20%. Os nomes já foram escolhidos, por sorteio. %u201CEles serão orientados e incentivados a manusear o jornal com a família. E vamos pedir que recortem as matérias que mais chamarem a atenção%u201D, explicou o gerente de ensino fundamental da secretaria, Fábio Pereira Souza. Inicialmente, o contrato vale até o fim de 2009, mas a Secretaria de Educação pretende renová-lo.
# Disciplinas
Na última sexta-feira, as escolas receberam um ofício com sugestões da Secretaria de Educação para utilizar os jornais. No documento, o órgão orienta que os professores separem as reportagens de acordo com as disciplinas. Os de matemática, por exemplo, podem usar os Classificados e o caderno de Economia. Quem ensina história e geografia, deve recorrer à editoria de Mundo. Professores de educação física podem ler o caderno de Esportes com a turma. %u201CÉ um campo tão aberto que eu confesso que não tenho condições de avaliar toda a potencialidade que temos. Acho que vamos descobrir muita coisa ao longo do tempo com a criatividade dos nossos professores%u201D, reconheceu o secretário de Educação, José Luiz Valente.
Além de usar os jornais em sala de aula, os alunos serão provocados a escreverem sobre os temas que lerem. Em agosto, o Correio lançará um concurso de redação em que mil pessoas, entre professores e estudantes, serão premiadas. A disputa terminará em dezembro e os vencedores vão ganhar viagens, cursos de idiomas, notebooks, aparelhos celulares, bicicletas, entre outros. As redações premiadas também serão publicadas no jornal. Ao longo do ano, as escolas podem publicar os trabalhos no blog do programa (www.leioeescrevomeufuturo.com.br).
Impacto
7.562 jornais serão entregues todos os dias à rede de ensino público do DF
145 mil estudantes participarão, até o fim do ano, do programa Leio e escrevo meu futuro
Três perguntas para
# JOSÉ LUIZ VALENTE, SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO DF
Como os jornais devem ser usados nas escolas?
A primeira característica importante do projeto é que ele é multidisciplinar. Não é um projeto para a língua portuguesa somente. Ele serve para todas as disciplinas, bastando que os professores identifiquem nas matérias ali existentes pontos que envolvam sua área de atuação. Qualquer parte do jornal serve para língua portuguesa, por exemplo. O professor de matemática pode trabalhar com o caderno de Economia. O segundo ponto é poder criar no aluno essa perspectiva de visão de mundo, da realidade do cotidiano sob um prisma de um órgão formador de opinião. Se o jornal for bem utilizado, o aluno vai ter outra visão da realidade e, cá entre nós, o professor também.
Se o senhor fosse professor, o que faria com o jornal em sala de aula?
Eu olharia o caderno de Cidades e tentaria identificar nas notícias o que tem a ver com a cidade do aluno e o que dali é possível demandar. Seguramente, esse é o primeiro ponto, por causa da proximidade. Estou tratando de uma coisa que está muito próxima de mim. E depois de pegar o cotidiano de todo o DF, podemos analisar o do Brasil e do mundo.
Como garantir que os jornais serão bem utilizados? Porque não basta que eles cheguem à escola
O concurso de redação é um grande motivador. Até porque dele resultará uma série de premiações, tanto para os alunos quanto para os professores. Além disso, esse contexto é um fator inédito no país. Isso seguramente faz a diferença. Até poderemos cometer alguns erros, mas certamente a experiência que vamos adquirir com um projeto deste porte é espetacular.