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Concerto na Torre de TV lembra o maestro Silvio Barbato

postado em 28/06/2009 21:30

Durante as duas passagens do maestro carioca Silvio Barbato pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, a música erudita ganhou outros palcos além dos teatros e conquistou novo público, principalmente entre os menos favorecidos e os mais jovens.

Contrariando todas as exigências de acústica, o glamour e as regras de etiqueta em concertos ; como silêncio, roupas elegantes e hora correta para aplaudir e para se levantar ;, a Orquestra, sob sua regência, saiu às ruas da cidade para inúmeras apresentações em escolas, shoppings e parques.

Por isso a Torre de TV foi o local escolhido para prestar uma homenagem ao maestro, que estava a bordo do voo 447, no Airbus 330-200 da Air France que caiu no Oceano Atlântico no início deste mês.

A despedida aconteceu ao som de Carlos Gomes, Mozart, Verdi, Rossini, Bizet, Ravel, Weber, Strauss e Renato Russo. Regidos por Joaquim França e Claudio Cohen, participaram da apresentação o Coro de Brasília, a banda Trampa e os solistas Lys Nardoto (soprano), Janette Dornellas (mezzo-soprano), Sara Sarres (soprano), Leonardo Neiva (barítono) e Jean Nardoto (tenor).

O concerto, que começou às 18h deste domingo (28/6) , foi uma iniciativa dos músicos da cidade e contou com a presença de aproximadamente 500 pessoas. Entre elas, a irmã mais nova do maestro, Silviane Barbato, 45 anos.


Professora do Departamento de Psicologia da UnB, ela era a única familiar presente, na cidade, para a homenagem. Aparentando força e serenidade, ela atendeu a todos com muito carinho e não escondeu a esperança de que o corpo do irmão esteja entre os 51 resgatados. A mãe de Barbato e a irmã mais velha não puderam comparecer a homenagem. Atualmente, as duas residem nos Estados Unidos.

"Por enquanto, ele não está entre os já identificados. Mas continuamos aguardando os trabalhos do Instituto Médico Legal", conta, apesar de ainda se lembrar do irmão dizer que " "quando morresse, iria sumir. É isso. Como já disse alguns amigos, ele virou uma estrela-do-mar", conclui.

Formado em música pela UnB, Barbato preparava, para este ano, um concerto em homenagem ao seu ex-professor e mestre Claudio Santoro, por seus 90 anos de nascimento e 20, de morte, além do aniversário de 30 anos de inauguração do Teatro Nacional e de sua Orquestra Sinfonica.

"Barbatou já planejava isso há um ano e meio. Seriam cinco concertos, no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, e quatro no Rio de Janeiro. Cada um deles enfocaria um aspecto da obra de Claudio", lamenta a esposa de Claudio Santoro, a coreógrafa e bailarina Gis;le Santoro, 70 anos, que também esteve presente a homenagem.

Quanto embarcou no voo AF 447, o destino de Silvio Barbato era a Ucrânica: a convite do Teatro de Kiev, ele apresentaria as óperas O cientista e Chagas (sobre o médico sanitarista Carlos Chagas), duas obras que receberam apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

Nos planos dele também estavam dois concertos pela Itália. Para o início de 2.010, Barbato ; que tinha mestrado na Itália ; preparava-se para defender tese de doutorado na Universidade de Chicago, sobre a ópera O Guarani, de Carlos Gomes.

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